Em SP, ela afirma que é "sortuda"
De um lado para o outro, Theo (5) e Giulia Helena (2) correm pela casa e brincam com tudo que encontram pela frente, principalmente o piano, repleto de desenhos do primogênito de Rachel Ripani (41). A atriz, que é casada há seis anos com o publicitário Giuliano Girondi (42), observa a cena com um sorriso enorme e incentiva as peripécias dos filhos. “Quem conhece a nossa história e os desafios que passamos entende o motivo de eu estar sempre sorrindo, quando vejo os dois brincando assim. A Lelê nasceu de sete meses e passou 24 dias internada, dava banho nela dentro de uma saladeira, de tão pequena e frágil”, relembra Rachel, que é diretora residente do aclamado musical Les Misérables, espetáculo baseado na obra homônima do escritor francês Victor Hugo (1802– 1885). Com sucesso pessoal e profissional, ela revela que nunca achou que viveria um momento tão pleno. “Lutei por tudo que conquistei e todas as áreas da minha vida estão encaminhadas. Sou uma sortuda das boas, é quase difícil de acreditar!”, comemora.
Sua rotina como mãe e diretora é agitada até demais, como costuma dizer, e ela divide as tarefas com o marido, principalmente quando se trata dos filhos. Nos três dias de folga que tem na semana, Rachel se dedica integralmente aos herdeiros, além de administrar a parte burocrática da casa, como contas, escola e as refeições da família. Nos dias restantes, é Giuliano quem comanda a bagunça. “É tudo questão de paciência. A gente pensa que é Deus, mas não pode ser assim o tempo todo. Precisamos namorar, trabalhar, cuidar de nós mesmos. Giuliano e eu aprendemos juntos a ser pais e casal e tem funcionado bem”, garante.
No teatro, Rachel também aproveita sua experiência como mãe para comandar um elenco de mais de 50 pessoas — mas são os ensinamentos do seu ‘pai artístico’, o ator Paulo Autran (1922– 2007), que têm falado mais alto. Ela diz que a ligação entre eles era tanta que até comemoravam aniversário no mesmo dia, em 7 de setembro, e costumavam fazer a festa juntos. “Foi o Paulo que me deu a maior chance da minha vida e aprendi o caminho da direção de teatro com o exemplo dele. Além de atuar, ele também dirigia, produzia e traduzia, e eu faço isso hoje, tanto que comecei na Time For Fun como tradutora do Rei Leão, em 2013. Depois, eles viram minha capacidade e me chamaram para dirigir o Wicked e, agora, o Les Misérables. Tudo o que aprendi com o Paulo eu tento passar para os meus atores, pois o teatro brasileiro merece essa formação”, conta ela, que costuma fazer leituras diárias com o elenco, leva palestrantes da área e ainda faz sessões de filmes sobre os temas abordados nos palcos.
Assim como incentiva o aprendizado dos colegas de trabalho, a diretora tenta, ao máximo, fazer isso com os filhos e se preocupa bastante com a questão de gênero ao educá-los. “Encorajar as crianças a brincarem com o que quiserem é um ato de amor. A Lelê adora brincar de carrinho, o Theo faz aulas de dança e eu até o mudei de escola quando alguns coleguinhas implicaram com o fato de ele praticar balé. Você não sabe se a menina vai ser uma grande engenheira e se o menino vai ser um grande bailarino ou ator, então, é melhor apoiar sempre!”, enfatiza. Na hora de se divertir no parquinho, a duplinha é unânime na escolha do brinquedo: o skate motorizado, e se aventuram com os pais pelas áreas comuns do prédio em que moram, em São Paulo, há dois anos. Cansada de tanta festa, Rachel diz que sua ‘fábrica natural’ não voltará a funcionar. “Tive duas gestações com muitas complicações, especialmente a da Giulia, e não estou preparada para passar por todo aquele sofrimento novamente. Talvez, mais pra frente, eu e o Giuliano até possamos pensar em adoção, mas é apenas uma possibilidade. Por enquanto, quero curtir os meus filhos intensamente, viajar, educar, criar e brincar com eles”, diz, convicta. Os projetos, agora, são todos voltados para a vida profissional. “Tenho saudade de fazer novela, mas estou suprindo essa ausência atuando em seriados. Além disso, quero continuar produzindo conteúdo original brasileiro para o teatro musical.”, conclui.