Revelação em 'Mar do Sertão', Quitéria Kelly reforça que a novela foi um marco em sua vida e na teledramaturgia brasileira
Quitéria Kelly (41) integra o elenco de 'Mar do Sertão', novela das 18h da Rede Globo, no papel da libanesa Latifa, uma exímia comerciante.
“É uma mulher quarentona, alegre, com estima e vaidosa. Acredito que esses são os traços dela que mais se aproximam dos meus”, define a atriz.
Na trama, a personagem é casada com Zahyn, com quem teve a filha Labibe, prometida a um sheik e também uma das melhores amigas de Candoca.
Para viver Latifa, Quitéria teve que aprender a trabalhar com a sedução, a comédia e, sobretudo, com a cultura libanesa, tão presente no Nordeste, onde a obra se passa.
“Passei por uma preparação direcionada à cultura libanesa como dança do ventre, algumas palavras e expressões na língua árabe e comportamento social de uma mulher que vive essa cultura”, detalha em entrevista à CARAS Digital.
Natural de João Pessoa (PB) e criada em Natal (RN) desde os nove anos de idade, Quitéria valoriza que o meio artístico promova um maior espaço para profissionais de diferentes partes do país.
“Desmistificar o Nordeste, criar uma nova narrativa para a região, questionar os estereótipos, tudo isso me interessa muito e foi uma das razões pelas quais topei entrar na novela, porque a proposta era exatamente essa, mostrar um nordeste que não fosse o caricato, mostrar artistas nordestinos em seu elenco como vilões, mocinhas, galãs e uma infinidade de papeis complexos que a TV proporciona. Apresentar ao grande público uma outra cara para essa região tão rica culturalmente”, afirma.
Para ela, 'Mar do Sertão' é um marco na teledramaturgia brasileira. “O Brasil conheceu um elenco nordestino maravilhoso, que deu conta do recado e está apto para qualquer desafio”, complementa.
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Quitéria revelou à CARAS que sempre quis ser atriz e falou sobre sua atual experiência na televisão.
“A TV não era um foco na minha carreira, venho do teatro e sou apaixonada pelos palcos, pela estrada, gosto do contato direto com o público e às vezes na TV, esse contato é muito distante. Mas gosto de descobrir coisas novas. O fluxo frenético das gravações, o corpo e a cabeça que precisam responder rápido, precisam estar totalmente entregues. É um grande aprendizado”, diz.
Como ela mesma disse, iniciou a carreira no teatro. Filha de mãe solo, foi criada com dificuldade financeira junto de seus irmãos.
“Minha mãe tinha todos os motivos do mundo para querer que eu me dedicasse a uma profissão com mais estabilidade financeira, mas sempre me apoiou desde o primeiro dia de curso de teatro, quando eu era ainda uma menina de 16 anos. Eu também era consciente da responsabilidade de ter que ajudar financeiramente em casa e, por isso, fazia pequenos trabalhos como animação de festas, mestre de cerimônia em eventos literários ou de música, saraus poéticos, entre outras coisas. Tudo para ter alguma grana sem ter que abandonar o teatro”, relembra.
A atriz também atua por trás dos palcos, como diretora da peça 'A Invenção do Nordeste', vencedora do prêmio Cesgranrio de Melhor Espetáculo em 2019.
O espetáculo conta a história de um diretor que é contratado por uma grande produtora para realizar a missão de selecionar um ator que possa interpretar com maestria um personagem nordestino.
Depois de vários testes e entrevistas, dois vão para a final e o diretor tem sete semanas para deixá-los prontos para o último teste.
Durante este período, eles refletem sobre sua identidade, cultura, história pessoal e descobrem que representar o Nordeste e ser da região não é tarefa simples.
Em abril deste ano, após o capítulo final de 'Mar do Sertão' ser exibido, ela iniciará uma série de apresentações da peça pelo Brasil, até outubro.
“Depois dessa turnê pretendo montar um espetáculo solo voltado para o universo feminino nas artes. Vai ser um ano bem produtivo”, comentou.