“Há pessoas que ficam se lamentando pelo passado, por seus 30 anos. Não sinto a menor falta dessa época" diz o ator, que se prepara para integrar Malhação
As experiências colecionadas ao longo dos mais de 40 anos de carreira e 60 de vida são, sem dúvida, as grandes responsáveis pela leveza e segurança com que Odilon Wagner escreve sua história. Dono de extenso currículo — com trabalhos na TV, no teatro e no cinema — o paranaense assegura que o tempo é seu aliado. “Há pessoas que ficam se lamentando pelo passado, por seus 30 anos. Não sinto a menor falta dessa época. Depois dos 40, 50, me tornei mais feliz, mais inteiro, mais dono de mim”, frisa o ator, casado há 39 anos com a terapeuta Valéria Wagner (65), com quem tem o produtor cultural Rodrigo Figueiredo (40), seu braço direito nos negócios. “Na juventude, temos medo de errar, queremos deixar tudo como obra-prima. Hoje, não tenho essa preocupação. Aprendi que posso tentar quantas vezes quiser”, emenda ele, em seu refúgio em meio a agitada São Paulo, cercado por muito verde e pássaros. A maturidade, no entanto, não é sinônimo de desaceleração. Versátil, Odilon se divide entre o papel de ator, diretor, autor e ainda presta serviço de assessoria de comunicação nas áreas corporativa e política. “Gosto de fazer tudo, mas confesso que, às vezes, gostaria de tirar mais férias”, diz ele, que se prepara para integrar elenco da global Malhação. “Já fiz outra temporada e foi uma das experiências mais gostosas que já tive na TV. A convivência entre as diferentes gerações é riquíssima”, conta. Enquanto isso, nos palcos, a peça Como Ter Sexo a Vida Toda Com a Mesma Pessoa, adaptada e dirigida por ele e estrelada por Tania Bondezan (58), segue em turnê nacional e já soma dois anos de sucesso.
– Como nasceu o desejo de seguir o caminho das artes?
– Nunca tinha pensado em ser ator. Estava com 16 anos e prestes a fazer vestibular de Arquitetura, pois achei que aquilo seria o mais parecido comigo. Nisso, um amigo meu me chamou para fazer um teste teatral e passei para fazer o papel principal. Pergunta se voltei para fazer o vestibular? (risos).
– Atua em vários segmentos das artes. O que mais o encanta?
– Minha formação é de ator, mas as coisas aconteceram de forma natural. Sempre escrevi, mas engavetava, pois achava que tudo era ruim, era bobagem. Com a chegada da maturidade perdi o rigor. Pensei: ‘Dane-se, vou escrever’. A assessoria também surgiu assim, naturalmente. Amigos me pediam para ajudar, a coisa cresceu. Ajudo pessoas a assumirem seus papéis profissionais com meus conhecimentos de ator. Não deixa de ser um trabalho de direção.
– Seu último trabalho como autor foi A Última Sessão. Tem um carinho especial pela peça?
– Saímos de cartaz em maio, mas já queremos voltar em janeiro. Foi delicioso trabalhar apenas com atores veteranos, como Laura Cardoso e Etty Fraser. O objetivo da peça era refletir sobre a maturidade. O elenco era experiente e a equipe de assistentes era toda de jovens. Quis integrar as gerações.
– Com rotina profissional tão agitada, quando você relaxa?
– É meu temperamento, sempre fui ligado à tomada e não consigo ficar parado. Mas é um desejo meu diminuir um pouco o ritmo e cuidar mais de mim.
– Seu jardim é lindo. Gosta desse contato com a natureza?
– Adoro! Temos até um sítio em Minas. Também adoro fotografar pássaros. É meu hobbie. Quem sabe um dia eu faço um livro com as espécies que já fotografei.
– Rodrigo trabalha diretamente com você. Como é a relação?
– É tranquila. Para ele é mais difícil. Afinal, o pai é sempre mais exigente, mas nos damos bem e procuramos não misturar a vida pessoal com o trabalho.
– Qual é o segredo da união ?
– Acredito que, em qualquer tipo de relação, é preciso ter respeito, além de cuidar e preservar. As pessoas desistem muito rápido e, às vezes, a gente deixa de ter relações bacanas. Isso vale também para a profissão.