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DNA da arte guia todos os passos de Mauro Sousa

O herdeiro do cartunista Mauricio de Sousa se empenha para manter o legado da Turma da Mônica

Tamara Gaspar Publicado em 18/05/2017, às 08h20

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Mauricio de Sousa com o filho, Mauro - ROGERIO PALLATTA
Mauricio de Sousa com o filho, Mauro - ROGERIO PALLATTA

As facetas de Mauro Sousa (30) são muitas: ator, cantor, músico, roteirista, diretor e executivo. Mas se há algo de que realmente se orgulha, é de ser filho de Mauricio de Sousa (81). “Meu pai construiu um império. É um gênio e um mestre no que faz, mas nunca perdeu a humildade. Essa foi a maior lição que aprendi”, diz ele em seu lar paulistano e diante de uma visita ilustre, o próprio pai.

Filho do cartunista com Alice Takeda, Mauro faz das artes sua paixão. “Meus pais sempre incentivaram meus irmãos e eu no mundo das artes. Aos 10 anos, comecei a tocar piano e meu sonho era ser um popstar. Depois, fui fazer teatro para melhorar minha performance como pianista e acabei me apaixonando pelas artes cênicas”, recorda ele, em cartaz com o musical Rent. O piano, porém, nunca foi esquecido. “Toca Tico-tico no Fubá”, pede o criador da Turma da Mônica. Enquanto o filho prontamente o atende, Mauricio relembra um sonho antigo. “Eu pensei que seria pianista, mas carregar um lápis era mais fácil do que carregar o piano”, brinca, exibindo impressionante vitalidade. “Venho de uma família de longevos. Minha avó Dita, que inspirou a avó do Chico Bento, viveu até os 103 anos!”, conta.+

Mas se engana quem pensa que os palcos e a música são as únicas responsabilidades de Mauro. Diretor da Mauricio de Sousa ao Vivo — braço da empresa que transforma as histórias em quadrinhos em experiências, como parques e musicais —, ele assume com carinho a missão de ser um dos sucessores do desenhista. “Meu pai traballha bastante a sucessão com os filhos e encaro tudo com profissionalismo. Quero dar continuidade a este presente”, destaca. “A música e o teatro são paixões e completam minha rotina, mas não é fácil viver de arte no Brasil e eu sou muito metódico para caminhar pela instabilidade. Puxei o lado japonês da minha mãe, Alice”, diz Mauro.

A dedicação aos negócios acaba interferindo na vida pessoal: “Anda meio parada! Digo que estou em um relacionamento sério com o trabalho”, afirma, solteiro. Para Mauricio, pai de 10 filhos, ver os herdeiros perpetuarem seu legado, claro, é motivo de alegria. “Sinto orgulho. Eu me dei a todos eles. Eles, em contrapartida, me ensinaram muito. Cada um deles é um universo em expansão, irradiando energia e inteligência e cobrando energia e carinho. Um exercício de equilíbrio celestial”, reflete o cartunista, que conquistou diferentes gerações. O segredo? Estar sempre antenado. “Meu pai é viciado em redes sociais. É uma fonte para ele falar a língua das crianças”, revela Mauro. 

Mauricio se inspirou nos filhos para criar seus personagens, e a Mauro coube Nimbus, um menino fã de meteorologia. “Quando criança, não assistia a desenhos, mas a canais de meteorologia para saber se ia chover. Até hoje tenho um pouco de medo de chuva”, confessa ele, que mora em uma cobertura no 27º andar. “Uma vez deu uma tempestade aqui e eu achei melhor descer para o térreo!”, conta, entre risos.