Ex-ator do 'Zorra Total', na Globo, e atualmente co-apresentador do 'Agora é Tarde', na Band, Marcelo compara o tipo de humor feito nas duas atrações e faz suas apostas na nova geração do stand up comedy no Brasil
Marcelo Mansfield pode ser considerado o padrinho dos mais notáveis comediantes de stand up do Brasil, que incluem Danilo Gentili, Rafinha Bastos, Oscar Filho e Marcela Leal.
Como padrinho dos novos humoristas do stand up brasileiro, Marcelo afirma que o auge dessa nova "safra" já passou e somente os mais talentosos passaram pela peneira. "Já chegou no topo e depois deu uma peneirada boa. Ficou quem é bom, aquelas pessoas que se renovaram. O primeiro texto é fácil, o segundo é que precisa ser superado e é que diz quem vai continuar. Mas tem pessoas muito boas vindo nessa segunda geração, como o Paulo Vieira, que veio do Tocantins e é ovacionado quando termina a apresentação. O Daniel Duncan é um gênio, amigo do Gentili, e acho que fica. E a Criss Paiva tem um texto impecável", aposta o experiente comediante.
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O humor do programa Zorra Total também foi defendido por Marcelo, que interpretou o personagem Seu Banana (nos palcos, é conhecido como Seu Merda) na atração em 2007. "O Zorra foi um período maravilhoso na minha carreira. A gente brinca, mas não sabe o que é gravar uma piada simples. Chegava para gravar com Seu Banana numa oficina, e já me deparava com mecânicos todos sujos de graxa. Apesar de ser mal falado, o programa é muito bem produzido. Vale lembrar que o Fabio Porchat, hoje fazendo um sucesso tremendo no Porta dos Fundos, já foi roteirista do Zorra".
Mas Mansfield ressalta que hoje, no Agora é Tarde, consegue fazer um humor mais sofisticado na TV, e descarta que haja um limite para as piadas. "As piadas que fazemos no Agora é Tarde dificilmente seriam entendidas no Zorra. Nessa semana mostramos uma cena de um churrasco num quintal falando que era o Brazilian Day, em Nova York. Na volta, falamos que era na Time Square de 8, o quadradinho de 8 americano. Já esse negócio de limite é tudo bobagem. A questão é onde podemos chegar com a piada para agradar o público", afirma.
O programa da Band, por sua vez, já realizou um quadro com o título "Concurso Zorra Total", com o objetivo de descobrir personagens caricaturados e bordões para o programa global.Claro, tudo não passou de piada.
Em cartaz com o espetáculo de humor Nocaute há cinco anos, Mansfield planeja os próximos passos no teatro, indo além do formato que o consagrou nos palcos.
"No próximo ano, vou estrear o espetáculo 'Chega de Shakespeare'. É uma alta comédia, mais complexa que um simples espetáculo de stand up comedy. Será um monólogo, com efeitos especiais e diversas trocas de roupa", contou Marcelo.
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O humorista também diz estar trabalhando da adaptação do texto de Sorry, Wrong Number (Desculpa, Engano, em tradução livre). O roteiro será baseado no programa de rádio de Lucille Fletcher, onde uma mulher intercepta uma ligação cruzada e ouve dois homens planejando o assassinato de uma outra mulher. "É um suspense americano, para ser apresentado num teatro menor. Sempre tenho que dar uma renovada. Sinto que estou envelhecendo de idade e cara. Mas o Raul Cortez disse uma vez que os melhores papeis surgem depois dos 60. Estou chegando perto", brinca Mansfield, que está prestes a completar 57 anos
Questionado sobre a validade dos textos de stand up, Marcelo contou que mantém a base de seus textos, mas que agrega piadas ao longo dos anos, e destacou a importância de outros comediantes na leitura e observação das piadas. "Sou formal e respeito a base do texto, mas sempre procuro pelo frescor no palco. Também consulto o Danilo ou o Rafinha quando fico na dúvida em relação ao texto. Geralmente eles me ajudam muito, fazem observações que deixam mais fluído", completou.