Com seu clã, o diretor relaxa após um intenso ano de trabalho
Uma enorme figueira, com cerca de 300 anos, raízes grossas e tronco imponente foi o principal atrativo para que Jayme Monjardim (59) comprasse os cerca de 160 alqueires da Fazenda Villa Matarazzo, no interior de São Paulo, quando dirigia a novela A História de Ana Raio e Zé Trovão, da extinta TV Manchete, em 1991. “Antigamente, existia uma fazenda de café, mas quando cheguei, não havia nada, só uma casa abandonada e ela. Quando fiquei de frente com a árvore, me apaixonei e nunca mais saí”, conta o diretor, ganhador de três Prêmios Contigo!, com a amada, a cantora Tânia Mara (32), e a filha Maysa (4).
O local — com quatro grandes áreas, onde foram erguidas diversas casinhas e onde também há lago, cachoeira e terras nas quais são criados cerca de 150 cavalos da raça crioulo —, serviu de palco, há dez anos, para o primeiro beijo do casal. “Nos conhecemos quando ele dirigia América, na Festa do Peão de Barretos. Em um fim de tarde, tomando mate perto da lareira, aconteceu”, recorda ela.
Recuperado após o diagnóstico de câncer de próstata, em maio, e de férias após a novela global Sete Vidas, o diretor reviu prioridades e está dedicando mais da sua atenção a si. “Após passar por isso, temos de dar valor ao que realmente importa. Estou me alimentando melhor, cuidando mais de mim”, fala ele, pai ainda do ator Jayme Matarazzo (29), Maria Fernanda (28) e André Matarazzo (17), de uniões anteriores.
Com que frequência vêm para a fazenda?
Jayme – Sempre que possível. Moramos no Rio, mas consideramos aqui o nosso espaço. Minha vida é fazer TV e estar no campo. A vida urbana não me agrada muito, vivo no Rio pelo trabalho. Mas, em termos de qualidade de vida, o universo é este. Pisar na terra, ficar descalço, estar com os cavalos.
Tânia – Aqui é o nosso canto de paz, onde nos desconectamos de tudo. Maysa ama vir para cá, chega e já sai andando descalça. Quando ela nasceu, vínhamos todo fim de semana e o Jayme já a colocava em cima dos cavalos. Ela sempre teve esse contato com a natureza.
Jayme, quando surgiu a sua paixão pelos cavalos?
Desde pequeno. Meu pai tinha fazenda em Bragança Paulista, era produtor de café, industrial, e criava cavalos. Minha vida era estar perto deles. A fazenda, chamada Boa Esperança, ainda existe, e é o lugar dos meus sonhos. Um dia, espero poder comprá-la.
Vocês estão de férias agora?
Jayme – Sim, vou descansar um pouco. Esse ano foi difícil, pois me recuperei de um câncer.
Tânia – Eu, não. Estou trabalhando na música Seria Tão Fácil, do meu disco Só Vejo Você.
Como foi quando vocês descobriram a doença?
Jayme – A notícia nunca é agradável, mas tem de ser enfrentada com a cabeça erguida. Resolvi o problema, operei e deu tudo certo, não tive sequelas e estou totalmente recuperado. É uma nova vida.
Tânia – Foi um pesadelo para nós dois. É uma doença estranha, você nunca espera por isso. É um desgaste emocional e físico grande. É preciso fazer vários exames, biópsia... Mas, dez dias após a cirurgia, ele já estava trabalhando. Jayme não consegue ficar parado, mas isso foi até importante para a recuperação porque ele estava superenvolvido com a novela.
Jayme, em algum momento você teve medo de morrer?
Sempre acreditei que, quando estamos chegando próximo do fim, recebemos um aviso. Acontecem coisas diferentes no dia a dia, é uma sensação. Mas medo, não.
Como fica a cabeça após passar por este tipo de problema?
Jayme – Tudo na vida é experiência. O tempo é o grande senhor de todas as coisas. Tudo que passamos nos faz evoluir, olhar para a vida de maneira diferente. Estou mais maduro, tranquilo e bem resolvido.
Tânia – Sempre cobrei que ele se cuidasse mais. Fazer atividade física, parar para almoçar com calma. Jayme é agitado! Nesses dez anos de relação, sempre peguei no pé. (risos)
Ter fé é primordial?
Jayme – Sou católico, mas, mesmo para quem não é, fé é importante. Acho raro existir alguém que não crê em nada.
Tânia – Fé é um exercício, tem de ser praticado em todos os momentos e não só nas dificuldades. Agora, estamos vivendo melhor e aproveitando cada minuto.
Ter tido filho mais velho fez você rever suas prioridades?
No início, eu trabalhava muito, tudo era focado no trabalho. André foi a minha primeira investida em querer ser um bom pai. A Maysa foi a investida final. (risos) Família é o mais importante para mim.
Acha que foi menos pai para seus outros filhos, então?
Acho que não fui tão pai quanto agora. E, com os próximos, serei mais! Quero ter, no total, sete filhos. Congelei meu sêmen depois da cirurgia. Eu e Tânia estamos muito animados!