Em entrevista a CARAS Digital, atriz contou como foi a preparação para viver uma estudiosa de física quântica
Há quem diga que ainda não tenha compreendido a história contada pela novela global das 18h, Espelho da Vida, mesmo com a trama entrando para a reta final. Curioso, transgressor e chocante, o assunto abordado pelo folhetim rende muitos debates, mas é complexo e causa certo estranhamento, principalmente, aos mais céticos. Motivo que pode explicar ainda a audiência abaixo do esperado. Porém, ao que tudo indica, o mistério em torno das viagens no tempo dos personagens está prestes a ser desvendado com a chegada de uma nova personagem, interpretada pela atriz Carla Diaz.
A descolada Gigi representa uma atriz, que foi escalada para o filme Amor Infinito, dirigido por Alain (João Vicente de Castro), na cidade fictícia de Rosa Branca.
No longa do cineasta, ela fará o papel de Dora (Alinne Moraes, no passado), personagem que era feito por Mariane (Kéfera Buchmann), que, após a saída de Cris Valência do filme, passou a interpretar a protagonista Julia Castelo (Victoria Estrada, no passado).
Até aqui, nada de curioso. Mas, engana-se quem pensa que Carla está apenas cobrindo um buraco na trama. Sua personagem pode ser a ponte que irá conectar e envolver ainda mais o telespectador à novela e, quem sabe, alavancar alguns pontos no Ibope nestes meses finais.
Se depender da paulista de 28 anos, o público pode esperar muitas surpresas, assim como aconteceu em seu último papel na telinha, com a loira Carine, em A Força do Querer. Ela também chegou ao final da trama, para viver a rival de Bibi (Juliana Paes), mas fez o maior sucesso entre o público, ganhando até o apelido de 'furacão'.
“A Gigi também vai causar em Espelho da Vida, por causa de um segredo que ela carrega!”, adiantou a atriz, em entrevista exclusiva à CARAS Digital.
Carla e seu cachorro Chaplin. Imagem: Arquivo Pessoal
De Carine para Gigi
Esta é a segunda vez que Carla aparece em Espelho da Vida. No início da trama, ela trouxe de volta às telinhas a personagem Carine, de A Força do Querer. A jovem contracenou com Mauro César (Rômulo Arantes Neto), que fazia um rapaz semelhante ao Rubinho (Emílio Dantas), em uma novela fictícia. No capítulo, o casal era assistido por meio da TV pelos demais personagens.
“Na primeira fase, os diretores Cláudio Boeckel e Pedro Vasconcelos, junto com a autora Elizabeth Jhin, quiseram homenagear a novela de Glória Perez, e a minha personagem Carine foi a escolhida para isto. Ou seja, voltei a interpretar este papel tão importante para mim e numa outra novela, algo bem inusitado na TV, pois foram raríssimas as vezes em que um personagem de uma apareceu em outra”, conta a atriz.
Em novo convite de Elizabeth, Carla voltou para novela das 18h, desta vez, como uma atriz que contracenou e namorou Mauro César, o que promete trazer muitas confusões com Mariane. Isso porque a personagem de Kéfera vive um triângulo amoroso entre ele e o advogado Marcelo (Nikolas Antunes).
Carla, como Carine, no início de Espelho da Vida. Imagem: Reprodução/TV Globo
Ciúmes em Mariane
“É a mesma personagem do início, mas, agora, Gigi interpretará ‘Dora’ no filme de Alain. A chegada dela vai mexer muito com o Mauro e com a Mariane”, revela Carla.
De acordo com a atriz, Gigi e o galã tiveram um namoro sério. “Uma história mal resolvida que ainda mexe com ambos. Com certeza vai dar o que falar”, comenta ela, que prefere não revelar se os dois ficarão juntos novamente. “Aaaaaah, só sei que o segredo da Gigi pode mudar muita coisa!”.
Outra novidade que o público irá notar é o figurino. As roupas justas e ousadas de Carine deram lugar a um look despojado e leve. “Acaba sendo diferente do início da novela, pois antes ela estava interpretando a ‘Carine’ e, agora, todos verão a Gigi como ela é de verdade”.
O antigo cabelão foi cortado e recebeu nova coloração. “A mudança para um loiro mais escuro foi fundamental para compor a personagem. Ela é uma mulher mais natural, que não teria a vaidade de ir clarear o cabelo no salão”, conta Carla.
Gigi também é bem diferente de tudo o que a jovem já interpretou, mas, ao mesmo tempo, muito parecida com a sua própria personalidade. “Ela é uma atriz que ama o que faz e não é apegada ao ego ou o estrelismo que a profissão muitas vezes causa. Uma personagem do bem, e grata pelo que a vida lhe dá”.
Carla, quando mudou o visual para viver Gigi. Imagem: Reprodução/Instagram
Estudiosa de física quântica
Uma curiosidade que tem chamado a atenção do público é o fato de que Gigi, além de atriz, também é uma estudiosa de física quântica. "É um estudo do nosso corpo, das nossas células e moléculas, que geram proteínas a partir dos nossos sentimentos. Ou seja, somos e atraímos de fato aquilo que pensamos. Eu acredito muito nisso", explica Carla.
Para se preparar para a personagem, a atriz está tendo aulas à distância com um profissional especializado no assunto e está praticando Tai chi chuan (arte marcial chinesa), já que seu papel mergulha neste universo. “Tudo tem uma ligação e tudo isto gera um grande segredo que a minha personagem traz desta vez”.
Carla está amando as novas experiências. “Minha profissão é tão incrível que me ensina a todo instante e com todo personagem que pego. Descubro mundos completamente diferentes do meu e isto é enriquecedor, não só para a personagem que construo, mas também para a minha vida”, ressalta a paulista, que começou na TV aos dois anos de idade e tem no currículo papeis de sucesso, como Maria, em Chiquititas (SBT), e Khadija, em O Clone (TV Globo).
Perguntada sobre o que o público pode esperar de uma estudiosa de física quântica, Carla mantêm o suspense. “Ainda estamos no meio da trama, muita coisa vai acontecer, algumas eu já sei, como o segredo que ela carrega, porém, tem muita história ainda pela frente e como novelas são obras abertas, tudo pode acontecer”.
Carla em aulas de Tai chi chuan. Imagem: Arquivo Pessoal
Por que a física quântica?
Muitos estão se perguntado o que a física quântica tem a ver com a história retratada em Espelho da Vida. A verdade é que esta é a ciência que mais pode explicar questões relacionadas à espiritualidade, como as viagens no tempo feitas pela protagonista Cris, as quais se baseiam toda a trama.
Segundo o professor Wallace Lima, autor de nove livros e que está dando aulas para Carla, a física quântica é a física das possibilidades, que estuda o comportamento dos átomos (partículas que formam a matéria). “Esta área mostra que vivemos em um universo onde tudo é energia, vibração, e carrega uma informação com uma frequência específica, assim como uma onda de rádio. Por isso, a física quântica vai fundamentar cientificamente a espiritualidade”, afirma o professor.
Carla e o professor de física quântica, Wallace Lima. Imagem: Arquivo Pessoal
Universos paralelos são reais
Se para alguns, como o personagem Alain, a ideia de Cris viver paralelamente em outra dimensão, no passado, possa parecer loucura, para a ciência quântica já é uma teoria bem aprofundada.
Estudos do físico dinamarquês Niels Borh, prêmio Nobel em 1992, mostraram que a realidade é constituída por duas dimensões, uma física e visível e outra não física e invisível, denominada realidade ondulatória. Esta última funciona como um universo paralelo, que não pode ser captado pelos sentidos humanos, nem há limites de tempo e espaço. As coisas podem surgir e desaparecer instantaneamente.
Pode parecer estranho assistir algo semelhante na TV, mas depois de muitos anos de trabalhos, esse mundo da realidade quântica ou ondulatória já foi demonstrado, inclusive, por meio da matemática e por experimentos em laboratório por renomados estudiosos da área.
“Na física quântica, os eventos acontecem instantaneamente, além do tempo e do espaço. Os universos paralelos já são cientificamente comprovados e podem ter tempos diferentes, como o passado, o presente e o futuro. A teoria quântica não seria viável se não existisse esta possibilidade”, explica o professor.
Mas é verdade que as pessoas podem ir e voltar nestes universos paralelos?
Ainda não existem experimentos de viagens no tempo feitos com seres humanos. No entanto, com partículas, para o futuro, já é uma realidade simples e comum. “Isto se faz com experimentos em laboratórios e já foi comprovado. Esta distorção do tempo (como é chamada), é bastante utilizada na tecnologia da comunicação, inclusive, para corrigir a emissão de sinal do GPS”, ressalta Wallace.
Já a viagem para o passado, ainda é algo extremamente complexo. Na novela, ela ocorre por meio de uma penteadeira, na qual a personagem principal a atravessa para chegar à outra dimensão.
É verdade que pode até parecer bobagem, mas de acordo com Wallace, já existe uma teoria, associada à relatividade geral, que estuda os chamados Worm Holes, ou buracos de minhoca, em português. Estes funcionam como canais que ligam aos universos paralelos, assim como a penteadeira da ficção.
“Através destes buracos, em situações especiais, poderia haver essa viagem no tempo para o passado. Mas é algo que só existe enquanto teoria. Na prática, ainda não se conseguiu fazer isto”, explicou o professor, que complementou: “É uma teoria científica consistente, defendida inclusive por Stephen Hawking, mas a comprovação disto é muito complexa. Muitas coisas que Albert Einstein descobriu no século passado só vieram a ser comprovadas depois”.
Vale salientar que já foi constatado que os elétrons (partículas presentes no interior dos átomos) conseguem romper a barreira do tempo e do espaço, por meio do que os cientistas chamam de salto quântico, fato que já é usado nas tecnologias mais avançadas.
“Não tem mais sentido separar a ciência da espiritualidade. São dois aspectos complementares da realidade”, afirma o professor, que considera muito relevante a novela abordar o assunto. “Sempre que um autor traz esta questão, mexe com as crenças e os dogmas das pessoas. Está provocando e estimulando a todos a expandirem a consciência. Estamos num momento de trazer para a humanidade uma nova perspectiva sobre a vida”.
Penteadeira usada pelas personagens para voltar ao passado na novela. Imagem: Reprodução/TV Globo
Complexo, curioso e chocante
Até o momento, Espelho da Vida trouxe poucas explicações científicas acerca dos acontecimentos paranormais que pairam as personagens.
A expectativa é que com a entrada de Gigi, novas informações, embasadas na física quântica, possam ajudar os telespectadores a compreenderem os fenômenos e quebrar barreiras impostas pelos mais céticos e intolerantes.
Enquanto isto não ocorre, a CARAS Digital foi em busca de algumas repostas para elucidar o assunto, que é complexo, mas, ao mesmo tempo, curioso e chocante. Confira abaixo a entrevista completa com o professor Wallace:
CARAS Digital: A física quântica explica a questão do bem e do mal praticado em vidas passadas, bem retratado pelos personagens Isabel (Alinne Moraes) e Eugênio (Felipe Camargo)?
Isto a teoria quântica não fala, porque a volta ao passado ainda não foi comprovada enquanto experiência científica. Ela é uma hipótese. Esta questão tem mais a ver com os processos evolutivos. Quando você fala em reencarnação, está imaginando que cada vida no nível físico é uma espécie de sala de aula. As lições que você não aprendeu vão se traduzir em sofrimento. À medida que você vai adquirindo conhecimento e o transforma em autoconhecimento, pode começar a utilizar as leis naturais para se desvencilhar do sofrimento.
Mas os processos evolutivos retratados na novela podem ser comprovados cientificamente?
É cientifico também, porque a transformação existe. Quando você muda o padrão mental e emocional você afeta diretamente a memória celular. Por exemplo, em Harvard foram feitos trabalhos de psicologia positiva, durante oito semanas, com pessoas que nunca tinham meditado. Ao final, eles conseguiram inibir mais de 1400 genes que geravam estresse e problemas de saúde e ativar mais de 1600 novos genes associados ao bem estar.
A teoria da evolução consegue comprovar que certos traumas podem vir de vidas passadas, como vem acontecendo com o personagem Danilo (Rafael Cardoso)?
Existem trabalhos de regressão que apontam para essas possibilidades. Stanislav Grof, pai da psicologia transpessoal, narra um caso de uma mulher acometida por sinusite crônica que tomou remédio por 12 anos. Ao fazer o trabalho de regressão, ela se viu numa vida passada, quando morava em uma aldeia, onde lidava com ervas, por isso foi taxada de bruxa e queimada viva, prática comum na Idade Média. Ou seja, é uma possibilidade que teoricamente existe. Ainda não há experimentos em laboratório de viagem de pessoas para o passado.
Na novela, os protagonistas já se encontraram em vários tempos no passado. Há estudos sobre isto?
Sim. Tradições espirituais do ocidente, como o Budismo e o Hinduísmo, trabalham claramente com a ideia de várias reencarnações. O cientista Ian Stevenson, um dos maiores pesquisadores de vidas passadas, tem milhares de documentações, pesquisas e situações sobre o tema. Ele foi o cientista que mais catalogou casos extraordinários de crianças que nascem com manchas, por exemplo.
Como a ciência pode explicar a espiritualidade?
A ciência moderna esta se aproximando muito de uma visão espiritual. Na Idade Média, houve essa divisão e a ciência evoluiu pra uma visão mais materialista do mundo. Mas houve uma ruptura com a descoberta da física quântica. Então, na verdade, há uma interface muito grande entre ciência e espiritualidade, que é exatamente o novo paradigma que emerge. Hoje, é possível explicar cientificamente muita coisa, que antes tinha abordagem meramente religiosa. Muitos fenômenos que são chamados de paranormais, na verdade, são normais.
Por exemplo?
Já existem inúmeros experimentos, de antecipações de catástrofes na mente das pessoas. Antes do atentado das torres gêmeas, nos Estados Unidos, algumas já sentiam que iria acontecer. Há também trabalhos de meditação capazes de modificar a realidade. Isto foi comprovado em 1996, em Washington, onde a criminalidade foi reduzida em 24% apenas por meio da meditação.
Por que é tão importante a novela retratar este tema?
Acho que é sempre importante trazer percepções de realidade que saem fora do visual. No oriente, por exemplo, para os Tibetanos, a morte é algo natural, assim como a compreensão de que a vida continua, como se você estivesse semeando seu jardim para depois colher o que plantou. Quando alguém morre, eles celebram e enviam boas vibrações. A novela traz uma provocação para os céticos de que a vida é uma sequencia de aprimoramentos. Se você cometeu erros no passado e as suas ações geraram sofrimento para si e para os outros, então você vai ter a oportunidade de mudar o padrão, evoluir e criar uma vida melhor para si e que também impacte na humanidade. É saudável para o cérebro trabalhar visões diferentes e melhor ainda quando podemos estimular nas pessoas o debate de ideias distintas com respeito.
Já existem estudos científicos que comprovam a reencarnação?
Sim. Do ponto de vista quântico, a realidade que está acontecendo é a que você precisa viver para evoluir. Quando reclama, está na vibração daquilo que não quer. Então, quanto mais você vibra na não aceitação é como se dissesse que não entendeu a lição e o universo acaba enviando-a novamente. Por isto que as pessoas estão envolvidas ciclicamente no mesmo problema. Mas ao invés de tirarem o aprendizado da experiência, buscarem a transformação interior, tomam remédios.
Como uma mudança pessoal é capaz de impactar no mundo exterior?
Você transforma o mundo com a sua transformação. Eletromagneticamente, tinha um campo em torno de você e com a transformação sua vibração mudou, você vai ter mais cuidado consigo e isto vai refletir no cuidado com o outro. É energia. Se cada um está fazendo a sua parte, buscando evoluir, naturalmente vamos impactar o mundo.
Acha que há preconceito em relação ao tema?
Temos uma formação religiosa de muita intolerância. Há uma distorção muito grande devido à falta de conhecimento. As pessoas ainda acham que tem um Deus que está punindo e recompensando elas e isto cientificamente não tem sentido. É apenas uma alegoria que foi criada e as pessoas vivem com essa percepção equivocada. Na verdade, somos nós que estamos nos punindo ou recompensando, a partir do nosso nível de consciência. Nós atraímos para a nossa vida aquilo que estamos compreendendo enquanto realidade.