Em sessão para convidados, o trio Fafy Siqueira, Chris Couto e Adriana Lessa dão vida a 'Os Monólogos da Vagina no Teatro Brigadeiro, em São Paulo
Não há tabu no mundo que resista a uma crítica realizada com bom humor. Prova de que o método funciona foi a reestreia do divertido e elucidativo Os Monólogos da Vagina, que aconteceu na noite desta terça-feira, 3, no Teatro Brigadeiro, São Paulo. Doze anos após sua primeira montagem no Brasil, a peça dá voz através da interpretação do trio Fafy Siqueira (57), Chris Couto (52) e Adriana Lessa (41) à depoimentos verídicos de mais de 200 mulheres em torno do mundo que revelaram seus traumas e resoluções na relação com seu órgão sexual e todas as questões que envolvem a sexualidade.
“Voltar a fazer essa peça é um exercício muito grande porque é tudo diferente. Ela é importante porque representa justamente essa defesa da mulher. Os monólogos abrangem todas as fases da vida de uma mulher, desde aquela que sofre atentados, a que está na menopausa, ou a criança que menstrua e a mãe não fala. A maioria das crianças da minha geração cresceu sem essas informações, então por isso essa peça me comove tanto”, declarou a veterana Fafy Siqueira, que retorna ao espetáculo após uma temporada de quase três anos acompanhada por outro elenco, e que hoje divide as histórias Chris e Adriana.
A peça reúne cerca de 15 monólogos baseados em casos reais que foram extraídos de uma longa pesquisa realizada pela norte-americana Eve Ensler com mulheres de todo o mundo. O espetáculo divide suas quase duas horas de apresentação entre números absolutamente cômicos e educativos, além de lançar luz a temas polêmicos que envolvem o conhecimento, a fragilidade e força em torno da sexualidade feminina.
No fim das contas, a intenção tanto da autora das pesquisas quanto de Miguel Falabella (55), responsável pela adaptação do texto para os palcos brasileiros, era somente uma: espalhar experiências e conhecimento sobre os assuntos tão caros ao universo feminino.
“Conhecer o testemunho de outras mulheres sobre assuntos tão próximos a nós é muito importante. É engraçado porque a gente vê espasmos na plateia acontecendo durante a peça e percebe que muitas daquelas pessoas tiveram histórias parecidas. Como artistas, o importante é que sejamos agentes multiplicadores do conteúdo do espetáculo para que se possa refletir sobre as coisas que acontecem com as mulheres todos os dias, como a violência doméstica, estupro, e outras situações”, refletiu a estreante Adriana Lessa ao fim da apresentação.
E como o melhor artifício para passar uma mensagem complexa é o bom humor, Os Monólogos da Vagina fazem muita piada sobre a condição feminina e arrancam gargalhadas da plateia a cada apresentação. Para a estreante Chris Couto, o diferencial da peça reside no fato dela conseguir informar as pessoas de forma divertida e leve.
“Ninguém fala sobre a vagina, todo mundo fica constrangido em falar. A peça dá uma liberdade de falar de coisas que são suas, próprias, e que geralmente são muito secretas. O humor ajuda a quebrar aquela barreira, então você entra de outra maneira na história dessas mulheres: seja com uma gargalhada, ou mesmo com um risinho meio nervoso. Tem muita mãe que traz suas filhas à peça para começarem a abordar determinados assuntos”, declarou Chris Couto.
Entre os ilustres convidados para a reestreia de Os Monólogos da Vagina no Teatro Brigadeiro, marcaram presença o ator Tiago Abravanel (24), atualmente em cartaz com o musical Tim Maia - Vale Tudo também em São Paulo, e a sexóloga Laura Muller (40), que apresenta um quadro de perguntas sobre sexo no programa Altas Horas, da rede Globo.