Longe de rótulos, ela fala de espiritualidade e atrai multidões
Dona de um forte e influente discurso, quando se trata de sua carreira, Priscilla Alcântara (23) aprendeu a não se deixar levar pelas críticas. Cantora e compositora, mesmo após se tornar conhecida pelo vasto repertório gospel e, vez ou outra, transitar pelo pop, ela prefere não se rotular a um único estilo. “Não consigo ver a música compartimentada. Minha mensagem foi feita para todo mundo”, define. Filha de Paula (46) e Beto (52), ambos músicos e líderes evangélicos, sua história com a música começou cedo, aos 6 anos, mas foi somente aos 17 que Priscilla se entregou, de fato, ao sonho de ser cantora. Antes disso, ela foi apresentadora de TV e atuou por cerca de 10 anos em programações infantis do SBT, entre elas, o Bom Dia e Cia, ao lado de Yudi Tamashiro (27). “Meus pais sempre estiveram envolvidos com a igreja, então, desde muito nova fui inserida neste universo”, explica ela, que atualmente frequenta a sede da igreja neopentecostal Bola de Neve, em SP. “Estar na TV foi bom por conta do público que me trouxe. E não falo só em números. São pessoas diversas, com todo tipo de crença, gente que pensa diferente de mim”, emenda.
Com a boa base em casa, ela nunca sentiu necessidade de estudar canto ou algum instrumento musical específico — seu talento é algo natural. “Via minha mãe estudando e, às vezes, a acompanhava. Sempre cantávamos louvores. Fiz aulas de canto por um curto período, mas vejo meu dom como natural. Aos poucos, fui aprimorando”, conta Priscilla, que em suas letras fala do amor a Deus e espiritualidade através de boas metáforas. “Meu processo é permanecer sensível a tudo que acontece ao meu redor. A vida real me inspira. Gosto de escrever de uma forma lúcida, de um jeito que faça sentido para as pessoas e que seja compatível com a realidade delas”, detalha a cantora, que recentemente lançou O Final da História de Linda Bagunça. “É como um projeto de transição entre Gente, de 2018, e meu próximo álbum, que lançarei em 2020”, adianta ela.
Longe do estereótipo de cantora gospel, com o visual despojado, corte de cabelo moderno e até mesmo tatuagens, Priscilla até transita no meio artístico, mas não se sente famosa e muito menos vulnerável a certas situações. Se tornar uma figura conhecida não abalou sua fé e nem privou sua liberdade. “Vou a vários shows por puro entretenimento, não só laboratório. Minhas maiores referências são Beyoncé e Michael Jackson. Quem rege minha liberdade é o meu amor a Deus e ao próximo. Não tenho dificuldade em transitar em ambientes seculares porque sei que minhas raízes, minha identidade e fé são muito profundas”, pontua.
Com 5 milhões e meio de seguidores nas redes sociais, derrubando barreiras e atraindo cada vez mais admiradores, ela acredita que seu estilo aproxima ainda mais seu público. “Meu grande intuito é não somente mostrar para o secular que a arte cristã consegue se comunicar com o mundo externo além da religião, como também provar para os artistas cristãos que eles podem ter influência”, diz Priscilla, sem esconder acreditar que ainda existem tabus a serem quebrados. “Porque minha arte não pode ser apresentada em grandes festivais? Você não vê ninguém perguntando pra Beyoncé ou Ivete Sangalo qual a religião delas antes de colocá-las num line-up... Todos temos voz para ser influência. Talvez, ainda que de forma inconsciente, exista um certo preconceito de ambos os lados”, reflete.