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Júlia Rabello reflete sobre feminismo e etarismo no Brasil: ‘As pessoas têm tanto medo’

Em entrevista à Revista CARAS, a atriz e humorista Júlia Rabello joga luz sobre o feminismo e o etarismo no Brasil, assuntos que são caros para a sociedade

Thaíse Ramos e Fernanda Chaves
por Thaíse Ramos e Fernanda Chaves

Publicado em 27/10/2024, às 21h09

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Júlia Rabello discute assuntos importantes no podcast Incomodada Ficava a Sua Avó - Reprodução/Instagram
Júlia Rabello discute assuntos importantes no podcast Incomodada Ficava a Sua Avó - Reprodução/Instagram

Júlia Rabello (43), que ficou nacionalmente conhecida após integrar o elenco do Porta dos Fundos há mais de 10 anos, tem estimulado a reflexão, tanto na peça Agora É Que São Elas, como no podcast Incomodada Ficava a Sua Avó, onde toca em assuntos que são caros para a sociedade. Em entrevista à Revista CARAS, a atriz e humorista joga luz sobre o feminismo e o etarismo no Brasil: "As pessoas têm tanto medo".

Para a artista, que chegou a estudar para um concurso público — durou duas semanas —, mas aceitou sua vocação, é mais difícil para a mulher fazer humor. “Fazer humor é uma ferramenta de comunicação poderosa, mas o poder é muito cerceado para a mulher, então é uma luta. Fui percebendo isso quando o humor foi se apresentando na minha vida”, conta Júlia, acrescentando que no podcast costuma falar sobre o feminino, um assunto essencial para ela.

“Ao longo desses dez anos que estou trabalhando intensamente com humor venho me educando e tentando entender o papel da mulher nessa estrutura toda que favorece muito o masculino. Isso me fez querer entender o que é o feminismo, porque as pessoas têm tanto medo dessa palavra. E fui entendendo que o feminismo não é um ódio contra os homens, é sobre uma busca de direitos iguais”, salienta.

“Existe um desequilíbrio nos papéis que a gente tem na sociedade. O objetivo do podcast é tentar falar sobre isso de uma maneira leve, mas com todo respeito que merece. É para ser uma porta de entrada para as pessoas que quiserem entender mais. Tem um caminho aí pela frente e é muito bonito, porque acho que quando você entende qual é a alma do negócio, entende que é tudo ser humano, mas do jeito que a gente se organizou e do jeito que as estruturas são tem gente que está passando por coisas que não são justas. Não são só as mulheres, tem que entrar no recorte de raça, de identidade sexual”, completa a artista.

O etarismo também é outra pauta importante para Júlia. “Talvez o ser humano tenha muito medo de envelhecer, só que a gente também precisa comunicar as coisas bonitas do amadurecimento”, pontua a atriz. “Por mais que a gente olhe para a juventude e enxergue a potência e o desejo de viver, no amadurecimento a gente perde essa energia, mas ganha em outras coisas. Você vai perdendo o viço que a juventude espontaneamente te traz e que a gente reconhece como beleza, mas você vai ficando bonito por dentro”, completa.

Mas para a artista, é uma questão de construção. “Se você não trabalha o seu amadurecimento, você perde a capacidade de florescer por dentro. Não que você não floresça, automaticamente a vida vai te dando experiência. Ainda assim, você precisa de um suporte para ficar bonito por dentro no amadurecimento e a sociedade, às vezes, vai contra, porque quando você diz que o envelhecimento é ruim, ‘é coisa de velho’ ou quando você trata isso com repugnância, é ruim para todo mundo, porque é para onde estamos caminhando”, fala.

“Se você não amadurece, não envelhece, você morreu no meio do caminho e da morte a gente não pode dizer nada, porque a gente não sabe o que tem. Envelhecer tem tanta coisa legal. Tem os preços físicos e você precisa fazer exercício, se cuidar, mas a gente tem um certo medo. Temos que falar sobre isso para perder esse medo e enxergar a beleza”, emenda Júlia.

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