Sem medo de mudanças, Bárbara Borges recupera equilíbrio emocional e fala de fase mais madura: 'Sou uma mulher que luta as batalhas da vida'
Dona de personalidade forte e sensibilidade aguçada, Bárbara Borges (43) é daquelas pessoas que não gostam de viver em ‘águas mornas’. Seja no trabalho ou nas relações pessoais, a atriz tem como marca de suas narrativas a intensidade. “Sou muito forte! Uma guerreira corajosa que cai e levanta quantas vezes forem necessárias. Não tenho medo de mudanças, sou uma mulher que luta as batalhas da vida com o coração, chora e tem momentos de fragilidade também!”, dispara a atriz, que nos últimos dois anos tem provado sua resiliência dia a dia: mergulhou em período de autoconhecimento, separou-se de Pedro Delfino (41), com quem tem Martin (8) e Theo (6), reavaliou sua relação com o álcool e, de quebra, ousou no visual, primeiro raspando as madeixas e, agora, assumindo os cachos. “Talvez, ser de verdade pode parecer ser fraca, mas a força está na superação. E sou uma mulher assim, verdadeira e forte”, completa ela, durante tour pela exuberante natureza do Vale do Café, no Rio de Janeiro.
Livre, leve e solta, Bárbara tem curtido a fase solteira. “Sou uma ótima companhia para mim mesma! Tenho apreciado os momentos leves e de diversão com minhas amigas e estou focada, organizando projetos com minha equipe, estou feliz!”, afirma a carioca, cujo último trabalho na telinha foi em Jesus, da RecordTV. “Estou com saudade de atuar! O veículo não é o mais importante, pode ser TV aberta, streaming, teatro, cinema... O importante mesmo é atuar, trabalhar! Recentemente fui convidada para um filme, um longa-metragem, deve ser rodado em 2023”, adianta ela, animada com seu futuro profissional.
– Você mudou como pessoa desde que iniciou a sua carreira?
– Muito e ainda bem! Para mim, viver é passar a vida me redescobrindo e, assim, evoluindo. A vida é impermanente e sempre tive uma personalidade movida a mudanças. Aliás, com o tempo, compreendi que as mudanças visuais, como as mudanças de cabelo, foram reflexos de movimentos internos que estava vivendo.
– Trocaria a Bárbara de hoje pela de 20 anos atrás?
– A Bárbara de 20 anos atrás é uma parte da Bárbara de hoje! Não dá para trocar uma pela outra! Hoje, com 43 anos, reverencio as Bárbaras de todas as idades, que viveram em cada fase do processo de amadurecimento e que me conduziram até aqui! Sou todas elas, uma versão mais madura e lúcida.
– No ano passado você falou abertamente sobre o álcool...
– Falei sobre episódios de exageros que vivi na minha relação com o álcool e sobre a decisão de parar de beber. Não fiz menção alguma da minha experiência ao alcoolismo! A menção foi toda ligada ao difícil momento emocional, pessoal e familiar que estava vivendo e ao meu processo de despertar espiritual de autoconhecimento! A distorção foi criada com recortes da minha fala em matérias maldosas quando usei essa experiência publicamente para ajudar pessoas. Esses recortes foram reverberados pelo sensacionalismo e replicados.
– Tira uma lição disso tudo?
– A descoberta da minha força transformadora de superação e do meu amor-próprio! Minha relação com o álcool mudou porque, acima de tudo, mudei mentalmente, emocionalmente. E, mesmo com todo o sensacionalismo que vivi, sinto meu coração em paz, pois tive a intenção de ajudar, inspirar a reflexão sobre abandonar os exageros e hábitos destrutivos.
– Diante de tantas mudanças, já teve crises de idade?
– Quando fiz 40 anos, senti, pela primeira vez, o peso da vida, mas não foi uma crise de idade que se estendeu, mas um momento em que bateram alguns questionamentos e medos. Cheguei a pensar que não tinha mais personagem para mim, pois não tinha mais como fazer papéis jovens e também que não pensavam em mim para fazer personagens mães.
– Se cobra muito quando o assunto é a imagem?
– Eu sou atriz e meu corpo é veículo para diferentes papéis. Quando o assunto é personagem, sempre tive o comprometimento de estar dentro de cada perfil, mas na vida pessoal nunca me cobrei muito, nunca quis criar uma imagem irreal. Sempre me cuidei com bom senso e sem neuroses.
– E foi cobrada pelos outros?
– Sim, eu estou na televisão desde meus 16 anos, fui muito cobrada e, é claro, muitas vezes cedia às cobranças. Já escutei frases como, ‘você podia se arrumar mais’, ‘você já teve um corpão, mas está cheinha, né?’. A imagem de um padrão de beleza sempre foi supervalorizada, mesmo que seja fake! Mesmo que seja cheia de filtros e ilusão! É uma grande piração!
– Como se sai como mãe?
– Ser mãe me abriu portas para ressignificar a minha infância e a minha vida de um modo geral. Construo a relação com meus filhos com muito amor e diálogo. Sou a mãe que posso ser para eles com todo meu amor, minhas qualidades, meus defeitos e limitações. Eles me ensinam muito e inspiram o meu melhor a cada dia! E eu sou muito brincalhona, amo brincar com eles!
– Você disse que a maternidade te ressignificou. O que mudou?
– A maternidade me ensina todos os dias que o amor é expansão. E também me faz repensar, aprender e desaprender muita coisa!
– Com a maturidade, ficou mais exigente nas relações?
– Não fiquei mais exigente, mas estou muito mais consciente! Eu tinha uma tendência a fantasiar e me iludir com as pessoas pelas quais eu me apaixonava. Eu também tinha a “síndrome da salvadora”, sempre dando mil chances e acreditando que a pessoa iria mudar! Parei de esperar e querer ver a mudança do outro e comecei a mudar a mim mesma! Essa foi a grande virada de chave da minha vida e consciência emocional!
FOTOS: Igor Helal