Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Wanessa Camargo reflete sobre desafios após viver o BBB 24
A resposta à onda de críticas que Wanessa Camargo (41) recebeu após uma participação explosiva que dividiu opiniões no BBB 24 veio em forma de música: “Senhores perfeitos, eu peço licença para poder errar”. Essa pequena estrofe já dá tom de sua mais recente música, Caça Likes. Famosa desde a adolescência e dona de uma extensa carreira na música pop, a cantora foi, com certeza, uma das celebridades mais conhecidas e estreladas a embarcar no reality show global, mas precisou lidar com a opinião pública quando, no jogo, bateu de frente com o então favorito do público — e posteriormente campeão —, Davi (21). Ele, inclusive, esteve envolvido na desclassificação da estrela do programa. “Minha saída foi um choque. Estava apavorada”, admite Wanessa, em papo exclusivo com CARAS, momentos antes de posar para sua primeira capa desde que deixou o confinamento. As fotos foram realizadas no Tivoli Mofarrej, no coração da cidade de São Paulo.
O tempo passou, a poeira abaixou e a cantora está focada em recomeços. “Saí do programa com a certeza de que sou corajosa e posso enfrentar muita coisa”, garante. Ela voltou aos palcos com show realizado em São Paulo e pretende anunciar novas datas por todo o Brasil, além de planejar um novo trabalho. Na vida pessoal, ela assume que retomou o relacionamento com Dado Dolabella (43) depois de um breve término pós-reality: “A gente resolveu dar uma nova chance para a nossa história”.
– O que te motivou a aceitar o convite de entrar no BBB?
– Entrei pelo desafio. Sou curiosa, gosto de me desconstruir e me reinventar. Sempre fui fã do programa. Acho que é uma oportunidade de ampliar o seu público. Claro, sabia que existiam riscos, mas nunca tive medo.
– Como lidou com a imagem que o público criou de você?
– O BBB tem três formas de ser assistido: por meio do pay-per-view, da edição na TV ou pelas notícias que saem. Quanto mais editado o conteúdo, mais perigoso. Não dá para controlar essa narrativa. Você já embarca sabendo que isso vai sair do seu controle. A gente entra em parafuso no programa, nossa experiência é muito diferente da de quem assiste. É tudo muito intenso lá dentro. A saudade de fora é gigantesca, coisas pequenas ficam enormes. Na vida, todos temos distrações, vivemos no celular, falando com várias pessoas ao mesmo tempo. Lá, é a convivência raiz, o olho no olho, lidando com pessoas que você nem conhece. Precisa ter nervos de aço e nem sempre a gente consegue ter. Mas, quando você sai, você vai percebendo coisas boas de você.
– Como foi enfrentar a saída repentina e ser bombardeada com tantas informações?
– Minha saída foi um choque. Teve um lado de alívio de rever meus filhos, José Marcus e João Francisco. Nunca tinha ficado mais do que 15 dias sem vê-los, muito menos sem notícia deles. Estava apavorada! Claro, existiram questões que precisei cuidar aqui fora porque eles também tiveram acesso à informação. Você precisa lidar com esse julgamento de diversos públicos e torcidas diferentes. O BBB é feito disso. Primeiro, precisei me resguardar. Foi bom e difícil ao mesmo tempo. Uma montanha-russa de sentimentos. Foram duas semanas de readaptação, de sentir falta da casa, de estranhar tomar banho pelada, por exemplo. Sentia saudade dos amigos lá dentro. Queria estar com eles, rever quem tinha saído. Parece que só eles nos entendem. É como se você saísse do planeta e estivesse voltando.
– Você acha que as pessoas pegaram muito pesado na hora de te criticar?
– Eu estou acostumada. Tenho casca grossa para isso há 23 anos. No meu primeiro prêmio, eu fui vaiada. Já enfrentei esse julgamento na mídia e pessoalmente. Não vou dizer que não dói, mas a gente aprende a lidar. Isso é o maravilhoso da maturidade: quando sabemos o que é prioridade na nossa vida. A visão do outro não é a minha verdade, é a verdade dele sobre mim e diz mais sobre ele do que sobre mim. A experiência é minha e só eu vivi meu próprio pay-per-view. Eu sei o que vivi, passei e senti. Só eu sou capaz de entender tudo isso. A realidade é aqui dentro e o resto é externo, fora do meu controle. Quando eu saio, reafirmo o que é real na minha vida e onde eu tenho que realmente fincar meus pés. Nas amizades sinceras lá de dentro e não em quem me julgou por fake news ou por uma edição que não conta a minha narrativa. É nesse lugar que eu me coloco. Consigo andar de cabeça erguida e seguir em frente.
– Como você acha que o BBB transformou seu jeito de ser? O que refletiu?
– Acho que sempre fui muito inocente. Sempre busquei ver o melhor na pessoa. A gente precisa entender que, às vezes, por mais que eu queira ver o melhor, ela não quer mostrar o melhor dela. E aí é melhor se afastar. Mas as pessoas estão extremamente ácidas nas redes sociais. Não é só comigo, não vou me vitimizar. Acho isso uma perda de tempo. Tenho empatia por essas pessoas porque quando você quer machucar é porque está machucado. Essa chavinha mudou, de parar de dar chance. Não sou eu que vou mostrar o caminho para certas pessoas, cada um escolhe sua maneira de ser e agir. A gente está falhando como sociedade. O BBB é um jogo para entreter. As pessoas levam a ferro e fogo tudo ali dentro. Isso é muito sério. Vidas são atingidas. Graças a Deus, tenho uma estrutura gigantesca de amor, muito tempo de carreira, faço terapia há muitos anos, tenho uma espiritualidade que me fortalece bastante. Mas se eu tivesse 20 anos, eu tinha caído. Todos os meus colegas, do campeão ao primeiro que saiu, sofreram com ódio e ofensas. Você pode se identificar com um ou outro. A gente tem uma dinâmica que obriga o confronto, apontar dedos para alguém, votar para sair. Agora que estou conhecendo as pessoas aqui fora. Fiquei muito feliz que a grande maioria são pessoas que vou levar para a vida. Precisamos ter mais empatia. Todos nós somos falhos, todos nós cometemos erros. Mas a gente acerta muito mais do que erra. A gente tem a chance de melhorar. Eu erro, você também.
– As críticas afetaram a sua saúde mental?
– Na pandemia, passei pela síndrome do pânico, que voltou muito forte. Saio do BBB muito forte porque o estresse é gigantesco e, mesmo assim, não tive uma crise de pânico por lá. Desde que saí, não tive nenhuma outra crise. Saí do programa com uma certeza: de que eu sou muito corajosa. E eu não me via assim. Se eu enfrentei isso, posso enfrentar muita coisa. Fui muito resiliente. Minha saúde mental está cada vez melhor. Me sinto mais madura, mais aberta.
– Que tipo de lição e exemplo você espera deixar para os seus fãs e para o público?
– Não gosto de me colocar como exemplo. Gosto de troca, de aprender com o outro. Não tenho isso de querer ser algo para as pessoas. Espero que me reconheçam pela minha verdade. Gosto de ser transparente. Não tenho medo de mostrar minhas vulnerabilidades e dificuldades. É nesses lugares que me reconheço humana. É nesse lugar que quero estar com as pessoas. A gente põe roupa bonita, faz foto poderosa, posta momentos bons nas redes sociais, mas, como todas as pessoas, tenho dores, tenho dificuldades, tenho que trabalhar para conquistar. Desde os 17 anos, vou atrás dos meus sonhos, tenho essa vontade de vencer na vida e me sentir feliz. Quero dar meu último suspiro sabendo que me joguei de verdade, não vi só a vida passar.
– Você retornou aos palcos com um show triunfal em São Paulo. Quais são os próximos planos da carreira? Vem um novo CD por aí?
– A arte nos deixa chegar mais pertinho do céu. Uma mesma frase dita numa música ou falada parece que é absorvida mais rápido por meio da canção. Eu me completo ao trabalhar com a emoção das pessoas. Isso me dá propósito de vida. Eu amo o palco. Estou reorganizando a casa. Reorganizei a família, a equipe, estamos com muita gente nova. É assim que trabalho. Passo alguns dias me ouvindo, pensando em sonoridade, em temática. Vou buscando as pessoas ideais para esse trabalho. Já tenho algumas ideias, pistas do que quero trazer. Mas é um processo que vou viver para organizar as ideias. Não vai demorar muito. Sou uma pessoa que fica preocupada com cada detalhe. Gosto de liderar as coisas todas. Vem muita coisa boa pela frente! O mais importante de tudo é voltar aos palcos. Nós tivemos um aumento gigantesco da procura dos shows.
FOTOS: ANGELO PASTORELLO, BODY: ISRAEL VALENTIM, CALÇA: FABIANA MILAZZO, SAPATO: CORELLO, JOIAS: HECTOR ALBERTAZZI, STYLING: LUAN VENTILARI, CASACO: CHART, BOTA: TANARA, BELEZA: JONAS SANTOS, VESTIDO: ISRAEL VALENTIM, JOIAS: HECTOR ALBERTAZZ, BLAZER: AMISSIMA, BODY: LOFT 747, SAPATO: TANARA, JOIAS: HECTOR ALBERTAZZ