CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil
Revista / CARREIRA

Em cartaz pelo Brasil, Vera Fischer trava luta contra o etarismo: 'Ninguém me segura'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Vera Fischer festeja a segurança que o tempo lhe trouxe e reflete sobre maternidade e liberdade

Daniel Palomares Publicado em 14/03/2024, às 17h10

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Estrela aproveita os dias de sua temporada em São Paulo no Hotel Transamérica Berrini - FOTOS: SAMUEL CHAVES
Estrela aproveita os dias de sua temporada em São Paulo no Hotel Transamérica Berrini - FOTOS: SAMUEL CHAVES

Mais segura e sem medo de dizer não. É assim que Vera Fischer (72) se define diante daquela que afirma ser a melhor fase de sua vida. Cruzando o Brasil com o espetáculo Quando For Mãe, Quero Amar Desse Jeito, a atriz está de casa nova! Trocou uma cobertura duplex no Leblon por um cantinho no Jardim Botânico, no Rio, e se vê radiante frente às oportunidades no teatro e no streaming. Em papo exclusivo com CARAS, durante temporada da peça em São Paulo, a atriz reflete sobre maternidade e liberdade, reforçando sua luta contra o etarismo na TV.

– É o terceiro ano seguido em cartaz. O que o espetáculo tem de mais especial?

– Isso é uma coisa muito difícil de se ver nos últimos tempos aqui no Brasil. Nós estamos indo na velocidade da luz. Posso garantir que o sucesso da peça vem primeiramente pelo texto surpreendente e irônico. Isso é o que chama atenção das pessoas. Mas também tem a Vera Fischer que chama atenção! (risos) Nós temos atores maravilhosos, figurinos deslumbrantes. O público ama esse tipo de coisa, tão rara de se ver, ainda mais em uma peça sem patrocínio algum.

– O teatro proporciona esse contato próximo com as pessoas. Como está a vida na estrada?

– Sem dúvida, se aproximar do público sempre foi uma das coisas mais importantes da arte. Estar ao vivo, no palco, na frente do público, é vida. Eles amam nos ver em cidades do Brasil inteiro porque, às vezes, não têm oportunidade de vir a uma cidade grande. Nós perambulamos por esse País. É pegar estrada, avião, carro... Não é fácil, ainda mais para uma moça da minha idade. Mas é divertido porque somos uma família. Viajamos com prazer.

– Essa personagem te faz refletir sobre a maternidade?

– É muito forte. A Vera mãe é muito engraçada, muito amorosa, sou amiga dos meus filhos. Encontro-os sempre que posso. São pessoas saudáveis, inteligentes, que trabalham. Eles não gostam de ser apontados como artistas, fogem dessa publicidade. Dou toda a razão a isso porque a mídia já ficou em cima dos meus filhos por muito tempo, então eles têm direito de permanecer reservados.

– Como está a sua vida após a mudança de casa?

– Eu me mudei porque fiquei sozinha em uma cobertura duplex gigantesca. Minha filha mora em São Paulo e meu filho vive com a mulher dele. Preferi morar num lugar menor e mais aconchegante. Encontrei um espaço muito bom, que me dá muito prazer, tem muito verde. Adotei dois gatinhos na pandemia que me fazem companhia, são meus filhinhos pequenos. Isso é primordial nesse momento da minha vida. Precisava simplificar. Considero a vida no Leblon muito cara. Vivi lá desde os anos 1980 e acho que precisava me mudar.

– O que a fase dos 70 anos trouxe de mais especial?

– Depois dos 70, você tem toda uma história a contar. As pessoas puderam acompanhar as coisas boas e ruins. Tive uma vida muito rica e continuo tendo. Continuo trabalhando, tendo prazer em ir ao cinema, teatro, exposições de arte. Eu continuo gostando de viajar, de arrumar minha casa, cuidar das minhas plantas. O que mais me dou ao direito agora é de dizer coisas que eu, talvez, não dissesse antes. Sim é sim, não é não. É mais fácil fazer isso agora. Você consegue colocar tudo para fora. Fico feliz de continuar com saúde, fazendo exercícios, me sentindo bonita. Isso aumenta o prazer pela vida. Sempre fui tímida, só com 40 anos que comecei a me soltar um pouco. Depois dos 70 anos, ninguém me segura!

– Você já comentou que existem poucos papéis interessantes na TV para a sua idade. Como combate esse etarismo?

– Vejo que é um problema mundial, mas no Brasil é ainda mais sério. Quando existe o papel de uma mãe, já selecionam uma atriz jovem. Eu poderia fazer uma avó, talvez. Mas o ponto é que nós sempre podemos nos encaixar em qualquer veículo. Eu tenho cabelo branco, não gosto de fazer plástica, gosto das minhas linhas de expressão, mas eu quero trabalhar. Já demonstrei que tenho talento, o Brasil sabe disso. Não tem sentido que nós, mais velhas, não sejamos chamadas. Há papéis para todos. Colocar atores jovens em papéis que poderíamos fazer é algo que discordo. Vamos ter que continuar batalhando e falando sobre isso.

– Que tipo de personagem a faria voltar para a televisão?

– Qualquer personagem bom me faria voltar. Recebi dois convites para o streaming que ainda não estão fechados, mas as pessoas estão de olho para colocar atrizes da minha faixa etária nas produções. Você vê que novelas que contam com nomes como Tony Ramos ou Irene Ravache têm qualidade. São pessoas que já provaram tanto na vida e já levaram tanta alegria para as pessoas... Tenho muitos planos para o teatro. Estou bem antenada no que pode acontecer. Faço meus exercícios, cuido da saúde, me alimento bem. Estou prontinha para qualquer coisa pela frente!

FOTOS: SAMUEL CHAVES