Dira Paes dá adeus à Pantanal, que reforçou na TV a importância de elevar a consciência ambiental, e conta se tem o desejo de se casar oficialmente com o marido
Foi com lágrimas nos olhos que a atriz Dira Paes (53) se despediu de sua Filó, protagonista da novela das 9, Pantanal, um dos maiores sucessos da história recente da Globo. Após cerca de um ano vivendo no cenário da cozinha de fazenda, Dira já se sentia em casa, tão à vontade que o público e os críticos aplaudiram de pé sua interpretação. “Foi um momento especial da minha vida, em que teve essa confluência linda entre o trabalho e o público, e isso fortalece muito a jornada de um projeto como
Pantanal. Ter o público ao seu lado é o melhor que nós poderíamos ter. E eu acho que, nesse sentido, a novela foi um momento muito especial da dramaturgia brasileira”, disse ela, cujo choro aconteceu ao ver as cenas finais do casamento de Filó com Zé Leôncio, interpretado pelo Marcos Palmeira (59).
Longe das telas, Dira vive há quase 17 anos com o cineasta Pablo Baião (44), com quem tem Inácio (14) e Martin (6). Em casa, o matrimônio tradicional nunca aconteceu porque a própria Dira nunca fez questão, mas talvez a Filó tenha mudado isso...
– Como você construiu a sua Filó? Viu a primeira versão?
– Conhecia a primeira versão porque assisti à novela e era muito fã. Agora, acho que a Filó teve muito da primeira e teve um desejo também de trazer uma mulher possível, onde todos a identificassem como alguém próximo. E acho que isso aconteceu.
– Conhecia o Pantanal?
– Conhecia o Pantanal do Mato Grosso, nunca tinha ido para o Mato Grosso do Sul. Foi uma experiência fantástica, um bioma incrível. Eu acho que estou trazendo muito desse bioma, desse Pantanal dentro de mim, para sempre! O que eu vi foi um contato com o belo, com uma natureza que me encantou os olhos, a mente e o coração. Não é à toa que a gente fala que é o coração do Brasil que está lá, né?
– Você sempre levantou a bandeira da preservação ambiental, mesmo quando esse tema não estava tão em evidência. O que aprendeu no Pantanal?
– É preciso cuidar do meio ambiente para que as chuvas aconteçam no Pantanal. As queimadas fizeram muito mal à fauna e à flora, a destruição é iminente se nós não tivermos o cuidado e a consciência política, social e ambiental de preservação dos nossos biomas. O Pantanal, hoje, corre um risco muito sério de virar um grande deserto e nós temos que evitar isso.
– Já foi chamada de ‘ecochata’? Acha que isso mudou?
– Eu sou ‘ecochata’ há muitos anos e não me importo mais de ser chamada assim. Porque, ontem, os
‘ecochatos’ eram os ambientalistas que davam esses avisos em relação ao meio ambiente, essa destruição que abrasa a possibilidade de sobrevivência do ser humano na Terra. Então nós, hoje, somos a consciência de que precisamos para sobrevive. Nesse sentido, um pouco dessa consciência ambiental nós conseguimos plantar, semear, na cabeça de muita gente e é isso que vai nos salvar.
– Você construiu uma casa toda sustentável...
– Tentei construí-la da maneira mais sustentável possível. Hoje moro em um apartamento onde mantenho essa mesma tentativa e começa pelo uso da água, do lixo e das posturas, como reciclagem e
utilização melhor das energias para que não haja desperdício. É o mínimo que podemos fazer.
– Você tem dois meninos. Como buscou passar sua consicência ambiental para eles?
– Sem dúvida nossos filhos estão crescendo com a consciência de que o planeta é a nossa casa e que devemos cuidar dele como da nossa casa. Essa é a nossa grande chance, trazer esse conhecimento
para as crianças. Eles é que vão decidir tudo. Para nós e por nós!
– Filó era devota de Nossa Senhora. Você é religiosa?
– Devota de Nossa Senhora do Pantanal! Eu acredito nos santos e na força do amor que rege nossa vida. Quem tem atos por amor são pessoas muito conscientes da presença de Deus dentro delas.
– Na novela, você demonstrou intimidade com a cozinha...
– Gosto de cozinhar, de desafios. Não me intimido perante a cozinha, mas não é o meu cotidiano.
– Você aprendeu alguma receita pantaneira?
– Aprendi o arroz carreteiro, carro-chefe da alimentação do Pantanal, e o que eu quero aprender a fazer melhor é o pacu assado, que acho uma delícia.
– Você está com 53 anos e é dona de um corpão... Como mantém a boa forma?
– Acho que nem se usa mais esse termo, boa forma. A forma que você tem é a forma que é boa para
você e, nesse sentido, trato com equilíbrio minha existência. Tento não exagerar e não deixo faltar
atividade física, água e boa alimentação. E saúde mental para equilibrar os pontos energéticos.
– Fazer 50 mudou algo em você? Teve a famosa crise?
– Tenho uma criança e um adolescente em casa. Não tenho tempo de achar que a vida passou, não. A vida é todo dia, é um cotidiano de conquistas e de evoluções. Para mim, fazer 50 anos é natural. Não quis me preparar para essa crise. Estou vendo minha transformação no espelho, conseguia ver diariamente na novela, e quero ficar bem com isso. Não quero me sentir cobrada por nada. Me sinto à vontade para ser plenamente quem sou e como sou.
– Amadurecer é bom ou sente falta da inconsequência que permeia a juventude?
– Vejo o amadurecimento como uma maneira que você tem de poder ser jovem há muito mais tempo que outras pessoas.
– Sobre menopausa, como se sente e quais cuidados toma?
– Me sinto plena e acho que a menopausa é um caminho natural que a gente tem que saber lidar e se preparar, principalmente, psicologicamente para esse momento.
– No final, Filó realiza o sonho de casar com Zé Leôncio. Você não ficou com vontade de oficializar sua relação com Pablo?
– O Inácio e o Martin têm vontade que a gente se case e, assim como Zé Leôncio e Filó, com vestido, padre... Mas, por enquanto, estamos gostando da maneira como estamos vivendo e já me sinto casada, apesar de não ter tido esse ritual que meus filhos gostariam que eu e o pai deles tivéssemos. Quem sabe um dia, né? (risos). Vamos esperar a vida pra ver.
Fotos: Vinicius Mochizuki