Atriz assume cargo de secretária especial da cultura no governo Jair Bolsonaro
Com uma carreira consagrada de mais de 50 anos, a atriz Regina Duarte (73) acaba de assumir o papel mais desafiador de sua trajetória: o de secretária especial de Cultura. A eterna Namoradinha do Brasil aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro (64), feito em 17 de janeiro. Quarta a assumir o cargo desde o início do governo, ela tomou posse em uma cerimônia no Palácio do Planalto, na capital federal, usando um vestido preto de bolinhas brancas e um blazer branco. No dia da posse, Regina adentrou o saguão de braços dados com o vice-presidente, Hamilton Mourão (66). Durante toda a cerimônia, ela sorriu, se emocionou, fez coração com as mãos e, inclusive, deixou escapar algumas lágrimas. A solenidade teve início com o Hino Nacional. Assim como as demais autoridades, a atriz entoou a canção com a mão direita no peito. Em seguida, ela se sentou entre a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (55), e a primeira-dama Michelle Bolsonaro (37). Coincidentemente, ambas também elegeram looks de bolinhas para a solenidade.
Além de autoridades, o evento foi acompanhado por alguns artistas como a atriz e humorista Maria Paula (49), que atualmente vive em Brasília, e os atores Rosamaria Murtinho (84) e Carlos Vereza (81). “Vi na Regina da política o mesmo olhar que ela tinha no começo da carreira, quando estava fazendo comigo o curso de interpretação em São Paulo, ainda bem jovem. É um olhar determinado e com muita vontade. Estou muito contente de estar presente, vim para dar uma força. Senti uma alegria muito grande pelo presidente ter chamado uma mulher para este cargo. Conheço o caráter da Regina. Ela é uma pessoa que tem vontade de fazer”, elogiou Rosamaria, que viajou do Rio especialmente para a posse da amiga de longa data. “Ela é minha amiga faz tempo. E tem dito para mim que quer pacificar a categoria”, disse Vereza, que revelou ter sido convidado por Regina para a equipe.
O tom do discurso de Regina foi exatamente o dito por Carlos Vereza: a pacificação entre as classes. “Uma cultura forte consolida a identidade de uma nação. A cultura é um ativo que gera emprego, renda, inclusão social, impostos, acessibilidade e educação. E é nisso que acreditamos. Meu propósito aqui é pacificação e diálogo permanente com o setor cultural, com Estados e municípios, com o Parlamento e com os órgãos de controle”, afirmou ela. “A cultura de um país é a sua alma, seu passado, seu presente, seu futuro e, assim como a família, é sólida. Quando a família cultiva seus valores, suas raízes, gera seus frutos, assim uma nação tem que nutrir e zelar pela cultura de seu povo. A cultura é um direito de todos. Uma ponte que nos leva à conquista de um sentimento de pertencimento, que pode se chamar também de felicidade”, emendou ela, sob calorosos aplausos. Fã-clubes da atriz de diversas partes do Brasil e até mesmo de Portugal acompanharam a posse.
A fala da atriz teve também um recado para Bolsonaro em tom de brincadeira: “O convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada, carta branca. Não vou esquecer, não, presidente. Foi inclusive com esses argumentos que eu me estimulei e trouxe para trabalhar comigo uma equipe apaixonada, experiente, louca para botar a mão na massa”, disse ela, que continua ainda tomando as decisões de quem fará parte de sua equipe, e até sofrendo alguns revezes por conta de vetos do Planalto.
No mesmo dia em que Regina aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir o cargo, a TV Globo, emissora na qual a atriz fez diversos papéis de sucesso, anunciou o encerramento do contrato que durou por mais de 50 anos. “Deixar a TV Globo é como deixar a casa paterna. Aqui recebi carinho, ensinamentos e tive a oportunidade de interpretar personagens extraordinárias, reveladoras do DNA da mulher brasileira. Por mais de 50 anos, sinto que pude viver, com a grande maioria do povo brasileiro, um caso de amor que, agora sei, é para sempre. E não existem palavras para expressar o tamanho da minha gratidão. Que Deus me ilumine para que eu possa agora, na Secretaria Especial de Cultura do governo Bolsonaro, honrar meus aprendizados em benefício das Artes e das Expressões Culturais da população do meu país”, declarou a estrela.
E foi para o Fantástico, revista eletrônica dominical da emissora onde por tantos anos trabalhou, que Regina concedeu sua primeira entrevista como integrante do governo federal. “As portas estão abertas para a classe artística. Queremos o diálogo com o setor cultural”, avisou ela durante conversa com o jornalista Ernesto Paglia (60). “Dá para fazer muita coisa com os recursos possíveis. Temos muitas pautas positivas. Estamos começando a trabalhar. Quero ter uma equipe na qual eu possa confiar”, ressaltou a paulista, natural de Franca. “Se precisar vamos passar o chapéu. A lei Rouanet precisa de alguns ajustes. Ela pode ser mais democratizada”, acredita a mãe de André Duarte Franco (50), sócio e consultor de Regina, do diretor João Gomez (39) e da atriz Gabriela Duarte (45), que mora em Nova York com o marido, o fotógrafo Jairo Goldfuss, e os filhos, Manuela (13) e Frederico (8). Durante a entrevista, Regina comentou que a transformação da Cultura em uma pasta do Ministério do Turismo não a incomoda. “Não preciso de ministério para fazer uma gestão rica, construtiva e colaborativa”, disparou.
Antes de aceitar o convite do presidente, a atriz estava ensaiando uma peça de teatro, que teve de ser engavetada, pelo menos por enquanto. “Não me vejo com tempo para os palcos. O Gil continuou a cantar. Quem sabe mais para frente?”, deixou em aberto Regina, citando o cantor baiano Gilberto Gil (77), ministro da Cultura no governo Lula de 2003 a 2008.