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Personalidades / ENTREVISTA

Isis Broken relata preconceito ao exercer maternidade trans: "Muita luta"

Em entrevista à Contigo!, a cantora e atriz Isis Broken, abre o coração sobre carreira e desafios da maternidade trans

Daniel Palomares Publicado em 28/10/2024, às 17h00

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Isis Broken e o filho, em clique publicado no Instagram - Foto: Reprodução/Instagram
Isis Broken e o filho, em clique publicado no Instagram - Foto: Reprodução/Instagram

Isis Broken, atriz e cantora que vive Corina em No Rancho Fundo, da Globo, vive a sua melhor e mais desafiadora fase: a maternidade. Em entrevista à Contigo!, a artista falou sobre carreira e o preconceito ao exercer a maternidade trans 

Primeira vez que cantou…

"Eu comecei com a minha família. Meus tios tinham uma banda de garagem e sempre se reuniam na minha casa para cantar em família. Um dia meu tio me perguntou se eu queria cantar porque tinha uma voz bonita. Todo mundo ficou encantado. Tornou-se um momento feliz e especial para mim. A partir disso, comecei a procurar produtoras para gravar minhas músicas, e recebi muitas negativas, mas persisti nos meus sonhos. O primeiro videoclipe que produzi com o celular para a música Clã ganhou visibilidade, rendendo-me 27 prêmios nacionais e internacionais. E com ele mostrei as minhas raízes e cultura do meu estado de Sergipe".

"Com os meus videoclipes gerando tanta notoriedade, surgiu o interesse da Globo e me convidarampara fazer o meu primeiro papel como Mateusa, de Histórias Impossíveis. Como eu já estava acostumada com as telas, decidi fazer um curso de atuação oferecido pela emissora, e assim surgiuminha estreia nas telinhas. Logo em seguida, veio o teste para Corina Castello, e foi muito mágicoe significativo, algo que não imaginava, estar ali, representando minhas raízes e ainda com a narrativa principal de não ser uma personagem trans". 

Se tornou mãe…

"A maternidade chegou de surpresa na minha vida, não estava esperando. Eu tinha acabado de começar a me relacionar com o meu esposo, que é um homem trans, e existe um tabu de que homens trans não podem engravidar devido aos hormônios, mas aconteceu. Claro, a surpresa mudou a nossa vida, mas sou uma mãe muito feliz. Apolo tem 2 anos e trouxe muito amor, união e alegria para a nossa família, sou muito grata pela sua chegada. Levantou um debate muito importante sobre os corpos trans não estarem limitados ao que a sociedade impõe. A maternidade trans tem esse espaço de muita luta, e eu sempre preciso dizer que sim, eu sou mãe!".

Ganhou seu primeiro prêmio com a música…

"O meu primeiro prêmio foi no Music Video Festival, uma das maiores premiações de videoclipesdo País, com a música Clã, do meu primeiro disco, Bruxa Cangaceira, e foi muito especial porqueestava concorrendo com nomes fortes da música, como: Criolo, Urias e Elza Soares. Ao todo, foram27 prêmios nacionais e internacionais, em países como Itália, Inglaterra, Portugal, Estados Unidose Colômbia. Os meus videoclipes também foram exibidos no Museu de Arte de Viena".

Se identificou como mulher…

"Toda a minha infância e adolescência foi um processo de descoberta, a minha mãe disse que eu erauma mulher quando tinha três anos, ela me viu saindo do banheiro com a toalha como se fosseum vestido e uma outra na cabeça como se fosse cabelo, e eu falei: “Ah mamãe, tô bonita?”, e ela merespondeu: “Ela é uma menina”. Então durante toda a minha infância, eu não me via como menino, só tinha amigas meninas e queria brincar de boneca. Aos 12, comecei a minha transição, mascomo morava no nordeste, rolava muito preconceito. Então, às vezes para ter segurança, ficavatransitando entre o feminino e masculino".

Sofreu transfobia…

"Na adolescência eu sofria transfobia, as pessoas tinham a mente muito fechada, e eu estava ali àfrente do tempo. Lembro de ir para escola maquiada e nas reuniões, meus pais ouviam reclamaçõesde que eu não deveria ir maquiada, porque homens não devem usar maquiagem. A partir disso,meus pais me tiraram da escola e começaram a me apoiar muito. Minha mãe me deu a minha primeira saia, que ela usou enquanto estava grávida de mim, tenho ela até hoje. Esse apoio da minha família me ajudou demais, a ser quem eu sou hoje".

Leia na íntegra na Contigo!