Presidente da Sociedade de Neurocirurgia do estado, profissional alia humanização, tecnologia e educação na prática médica
O neurocirurgião Haroldo Chagas é apaixonado pela área desde criança. Hoje une tradição, inovação e olhar humanizado. Filho de um médico do interior do Maranhão, cresceu acompanhando o pai na construção e nos corredores de um hospital. “Desde pequeno já sabia o que queria ser. Ele sempre me dizia que eu ajudaria as pessoas a voltarem a andar, e isso marcou minha trajetória”, relembra.
Graduado pela Faculdade Souza Marques e com especializações em neurocirurgia funcional e cirurgia da coluna no HUCFF/UFRJ, lidera equipes em hospitais do Rio de Janeiro, como a Casa de Saúde São José e o Hospital Caxias D'Or.
Desde 2023 preside a Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro. “É um aprendizado constante. Não busquei esse cargo, mas aceitei a missão. Está sendo uma oportunidade incrível de conhecer mais profundamente os colegas do estado, e promover a valorização da nossa especialidade”, afirma.
Em sua gestão, destaca a competência dos profissionais. “Percebi como temos um altíssimo nível aqui. Fazemos uma medicina de excelência, mesmo enfrentando as dificuldades impostas pelos sistemas público e privado. É preciso valorizar e divulgar essa qualidade”, ressalta.
Sua liderança ocorre em um contexto desafiador. “Vivemos uma crise grande na saúde suplementar. Há uma tentativa de equilibrar custos, mas, no final, a responsabilidade pelas decisões sempre recai sobre o médico e o paciente. É uma responsabilidade imensa, e precisamos garantir sempre o melhor”, pontua.
Chagas tem fomentado discussões abertas por meio de congressos e sessões clínicas, debatendo soluções. “Estamos promovendo uma união maior. É essencial que todos se sintam representados e que consigamos dialogar de forma justa sobre os obstáculos da nossa prática”, destaca.
Especialista em técnicas minimamente invasivas, aponta a endoscopia da coluna como uma transformação significativa. “Ela permite tratar dores intensas e patologias graves com uma abordagem menos agressiva, preservando a musculatura paravertebral. O resultado é uma recuperação mais rápida e menos sequelas. Hoje conseguimos realizar procedimentos complexos por meio de um orifício de meio centímetro, com o auxílio de câmeras de alta definição. Aqueles que precisavam de meses para se recuperar, agora retomam as atividades em poucos dias”, detalha.
Ele também cita a monitorização neurológica intraoperatória como um avanço. “Ela permite identificar problemas, garantindo que possamos nos adaptar em tempo real, a fim de evitar complicações. A maioria das pessoas melhora com tratamento conservador, portanto a decisão deve ser sempre individualizada e consciente”, reflete.
À frente do Instituto Haroldo Chagas, promove cursos no setor. Um dos destaques é o Endo+, realizado em parceria com a SurgPlus. “Nosso objetivo é introduzi-los à endoscopia de coluna, que ainda está se consolidando no Brasil, mas já transformou a atividade em outros países. A primeira edição, realizada em 2023, foi um sucesso. Transformamos um hotel em um centro cirúrgico e tivemos uma adesão incrível. A ideia é seguir com novas turmas e, no futuro, oferecer aulas mais avançadas, sempre focando na formação de excelência”, compartilha.
“A confiança é o maior reconhecimento que podemos receber. Nenhuma profissão é tão marcada por esse vínculo. É um privilégio e uma grande incumbência quando alguém entrega a própria vida e saúde nas suas mãos. Acredito que a humanização começa com a verdade e a empatia. É preciso dar informações claras e honestas, mesmo que sejam difíceis. Além disso, é vital entender o impacto da doença em toda a dinâmica familiar. Nosso trabalho não é só tratar a patologia, mas cuidar do todo”, completa.
Ele destaca a importância da prevenção na saúde da coluna. “A degeneração está muito ligada ao estilo de vida. Manter o peso controlado, não fumar e praticar exercícios que fortaleçam a musculatura paravertebral são medidas fundamentais. Atividades como musculação e pilates são as mais indicadas”, revela.
Um dos seus sonhos é trazer a robótica para o RJ. “Essa tecnologia já está presente em estados como São Paulo e Paraná, e faz uma diferença enorme na precisão. Seria um avanço transformador. Espero expandir os serviços, criando uma sede maior e consolidando-o como referência em educação continuada. Quero que seja um espaço onde possamos nos atualizar e trocar conhecimentos”, diz.
Mesmo com uma rotina intensa, não abre mão de valorizar sua família. “Tenho três filhos e quero estar mais presente. A profissão é exigente, mas eles são o que nos dá equilíbrio e força para avançar”, finaliza.
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