Em entrevista à CARAS, o ator Amaury Lorenzo falou sobre projeto paralelo a novela e refletiu sobre maldades de personagem em Terra e Paixão
Publicado em 17/05/2023, às 23h22 - Atualizado em 13/12/2023, às 13h18
O ator Amaury Lorenzo (38) tem se dividido entre a televisão e o teatro nos últimos meses. Destaque na novela Terra e Paixão (TV Globo), o artista também tem mostrado todo o seu talento na peça A Luta, a qual ele define como um resgate de "nossa identidade brasileira".
Em entrevista à CARAS Brasil, Amaury, que tem mais de 20 anos de carreira, comentou um pouco sobre o projeto, o qual recentemente recebeu indicação de Melhor Ator no Prêmio Cesgranrio de Teatro, um dos mais importantes da área. "Eu decidi que só vou trabalhar com aquilo que me chama", disse.
Escrita por Ivan Jaf e dirigida por Rose Abdallah, A Luta é uma obra baseada na terceira parte do livro Os sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909). A montagem descreve o sertão e a trajetória de Antônio Conselheiro, até chegar em Canudos, tendo o governo brasileiro como adversário.
"Quando a gente começa a ler [A Luta], a estudar, parece que é o que a gente está vivendo agora, parece que é o Brasil de agora", disse o ator, que seguiu fazendo uma crítica social aos fanáticos religiosos e a política atual.
"Esse conflito é muito atual, a gente vê muito na nossa sociedade de agora uma certa cegueira religiosa, uma certa cegueira política e a gente pensa como se fosse só agora. Mas isso é recorrente, aconteceu em 1897, em Canudos, aconteceu em toda a nossa história ancestral. A história se repete", declarou.
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Em cartaz no Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro, o ator aponta que a peça é um verdadeiro resgate do orgulho e da identidade do brasileiro: "É um espetáculo que faz a gente recuperar um pouco do nosso orgulho de nossa identidade enquanto brasileiro, que ficou um pouco perdida nos anos anteriores. A gente está precisando desse resgate".
Destaque em Terra e Paixão na pele de Ramiro, Amaury Lorenzo tem tentado enxergar as maldades do personagem por uma outra ótica. Professor de artes cênicas que atua com jovens negros em vulnerabilidade, ele afirma que o capanga de Antonio La Selva é mais uma vítima da socidade.
"O Ramiro é um assassino, mas ele não é um assassino porque ele é mau, ele é um assassino porque ele é trabalhador. É difícil isso, mas ele cumpre ordens do patrão, que manda o Ramiro executar, matar e sequestrar", disse.
"Aí o público tem uma certa raiva do Ramiro. Ele não é um vilão, ele é um homem brasileiro, que precisa sobreviver, colocar comida na mesa e ele recorre aos meios mais cruéis, para isso", declarou.
Em meio a repercussão das maldades do peão, Amaury garante que o público de casa ainda vai se surpreender com os desdobramentos do personagem, o qual ele defende a complexidade. "Ao longo da novela a gente vai percebendo que ele é ingênuo, um homem simples, chucro, do interior. Ele tem várias camadas e vai se descobrindo. Acho que por isso tá ficando uma coisa 'meu malvado favorito'. Ele precisa ter uma redenção", afirmou.
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