Em entrevista à CARAS, Amaury Lorenzo, de Terra e Paixão, revelou um sério caso de preconceito na infância que lhe deixou marcas
Publicado em 08/12/2023, às 07h00 - Atualizado em 13/12/2023, às 13h50
O ator Amaury Lorenzo (38) , o Ramiro de Terra e Paixão, revelou que viveu experiências dolorosas de preconceito durante a infância. Em entrevista à CARAS, ele relatou que chegou a ser agredido de diversas formas, inclusive fisicamente, por gostar de balé clássico.
"Me lembro um dia, com 9 anos, saindo da escola de balé clássico com minha sapatilha preta pendurada no ombro, ouvi alguém dizendo ‘ei viadinho!’. Quando viro, eram duas mulheres com uns 30 anos", contou.
Amaury ainda relembrou que, certa vez, um amigo chegou a usar uma arma de chumbinho, comumente usada para caçar passarinhos, para atirar em suas costas. O caso de agressão lhe deixou marcas não apenas fisicamente, como em seu coração.
"Um garoto falou: ‘Amaury, olha o que quem faz balé merece’ e me deu um tiro nas costas com uma pistola de chumbinho de matar passarinho. Fez um buraco nas minhas costas. Aquele meu amigo, que me deu um tiro nas costas porque eu dançava balé clássico, estava sendo preconceituoso no seu limite, mas ele estava sendo atravessado por um preconceito estrutural que nem ele se dava conta. Voltei para casa com crise de choro e meus pais me apoiaram", afirma.
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O artista, que recentemente revelou ser parte da comunidade LGBTQIAP+, confessa que na época não tinha entendimento que sofria por preconceito, mas reafirma que tudo faz parte de um problema estrutural que induz as pessoas a construirem uma visão preconceituosa de pessoas LGBTs: "Eu não tinha dimensão! Por que na cabeça das pessoas se você faz balé clássico você é homossexual? É um problema grave isso no Brasil, de ignorância".
Para Amaury, sua experiência enquanto uma pessoa LGBT explica muito bem a importância de personagens populares como Kelvin e Ramiro em uma novela da TV Globo. "Dei esses exemplos entre muitos outros que tenho para que entendam que Kelvin e Ramiro não são caricatos, eles são reais. E para que entendam a dimensão desses personagens, porque os atores, por suas escolhas profissionais, também foram atravessados por todo esse preconceito", finaliza.