Em entrevista coletiva, o ator Enrique Diaz, o contraventor Gerson Barros, de Volta por Cima, ainda diz o que não pode faltar em um verdadeiro vilão da telinha
Enrique Diaz (57) entrou para o elenco de Volta por Cima em novembro do ano passado, cerca de dois meses após a estreia da novela, e movimentou a trama das sete ao dar vida a Gerson Barros, chefe de um grupo de bicheiros – estes, interpretados por Jose de Abreu (78) e Guilherme Weber (52), que também reforçaram o núcleo de vilões do folhetim. Durante coletiva nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com a participação da CARAS Brasil, o ator fala, entre outras coisas, sobre o seu personagem, que está fazendo o maior sucesso na história de Claudia Souto.
Com Gerson, Enrique conseguiu um feito raro para qualquer artista: passar pelos três horários de novelas da TV Globo em menos de um ano. Antes do vilão, ele havia participado da primeira fase de Renascer, em 2024, ao dar vida ao coronel Firmino; e voltou, naquele mesmo ano, como o carismático Timbó, de Mar do Sertão (2022), na reta final de No Rancho Fundo.
“Esse personagem tem um elemento muito forte de vilania. Quando entrei na novela, ele era uma espécie de encomenda, era para ocupar essa vaga (risos). Para mim, não é superfácil, não (...) Ele tem uma questão de autossuficiência, soberba, de dar conta de tudo e uma sensação de poder muito grande. Ele acha que as pessoas são objetos, que ele manipula. Tem coisas que gosto em um vilão, no geral, que é uma certa ironia; como no caso dele. Acho que tem um jogo ali de espécie de sedução da ambição, de achar que tem superpoder, de inteligência e tal”, fala Enrique.
Questionado se houve inspirações para compor o personagem, o ator destaca: “Acho que essas histórias de contraventores estão surgindo muito no nosso consumo de conteúdo, o que é interessante. Acho que fala muita coisa da nossa organização social e da nossa hipocrisia (...) Tive uma imagem forte do Rogério de Andrade (contraventor e bicheiro do Rio de Janeiro que foi preso em outubro de 2024) porque ele não era tão extrovertido como o Maninho (Garcia, contraventor carioca que ficou conhecido como o Rei do Rio. Ele foi um dos bicheiros mais poderosos da cidade e foi assassinado em 2004), por exemplo; violento de maneira explícita, tinha uma coisa de pose, vaidade (...) Então, tenho essa impressão, nesse lugar. Assisti alguns vídeos e séries documentais que existem por aí e que são muito bons”.
Por interpretar um vilão e encarar tantas cenas fortes em Volta por Cima, Enrique reflete se é importante entrar no personagem e saber “sair” do mesmo após o fim de uma gravação. “Posso ir lá e dar uma mergulhada, mas em geral, vou sair e lidar com aquilo. Mas quando você é tomado de alguma maneira, em algum nível, por aquela onda, na busca por aquele mundo, você está se perguntando coisas sobre você mesmo. Então, se você encontra, legal. Estou conseguindo me permitir ser atravessado por isso, já que o personagem está pedindo. Mas é um mundo que a gente quer entrar”, diz o veterano.
“Uma vez, ouvi o Daniel Day-Lewis (ator britânico) falando que as pessoas o criticam muito por ele não sair do personagem e tal – não sou assim como ele, não. Mas ele fala: ‘por que vou querer sair se estou procurando, estou procurando para aquele trabalho, procurando esse mundo?’. Então, tem o prazer de você desenhar aquele mundo e ficar o procurando na maneira de se mexer (...) Você quer achar aquilo? Claro. E você quer sair depois. Não sou maluco a esse ponto (de ficar no personagem). No máximo, vou na análise depois. A tendência é sair (risos)”, completa o artista.
DANÇA DOS FAMOSOS
Enrique Diaz disputou a Dança dos Famosos em 2024. Mesmo sendo um dos preferidos do público de casa que acompanhava a disputa, o ator foi eliminado da competição exibida no palco do Domingão com Huck. Para ele, a experiência foi única e cheia de descobertas.
“Dança dos Famosos foi superengraçado, superdivertido, um pouco inusitado. Topei meio que pelo gosto da aventura, pela relação com o público num lugar diferente, um pouco mais popular, um pouco mais exposto. Não me arrependi em nenhum sentido; pelo contrário, me diverti muito. Acho que essa relação com o corpo é muito legal, muito importante. Dá vontade de fazer campanha pela dança, pela relação saudável com o corpo; porque isso é uma coisa que salva, inclusive, a nossa mente”, ressalta.
“Fiz daquilo uma diversão. A relação com as pessoas foi muito legal. E ver pessoas muito diferentes (...) Tanto na coisa mais direta, quanto nessa coisa meio midiática (...) Então, observar tudo isso foi engraçado. Fiquei nervoso, meio dolorido, mas foi superdivertido. A rotina não é pesada, em termos de quantidade de horas, mas é muito intensa por serem poucos dias. É uma curva meio louca, porque você tem que começar a aprender uma coreografia nova sem saber de nada, achando que não vai conseguir, mas você vai entendendo e daqui a pouco é o ensaio geral. Então, o tempo que você passa de uma coisa para a outra é bem vertiginoso. Acho que tem a ver com essa coisa de colocar a pessoa no fogo, né? É essa coisa de ser arriscada. Mas isso era legal também, esse ‘se vira aí’”, emenda Enrique.
'SENTIA UM DESEJO DE SUPERAÇÃO'
O ator garante que qualquer pessoa pode dançar. “Claro que pode, mas você vai se preparando para os seus limites. E os professores também são muito bons nisso (...) E não é pela competição, não, sabia? Eu sentia um desejo de superação, da própria coisa do corpo, de treinar, tentar, aprender e conseguir. Eu achava isso muito legal. É como, sei lá, um jogo de futebol. Tem a competição, mas o desejo de correr atrás daquela bola, de chutar aquela bola, de acertar era maior”, pontua.
Será que Enrique Diaz tem saudade de fazer aulas de dança? Ele responde: “Na verdade, sou bem incompetente nesse sentido (risos). A dança já faz parte da minha vida há muito tempo. Eu fazia muito teatro, a gente fazia aulas de não sei o quê, uma dança X, uma luta Y; sempre fiz de alguma maneira. Quando fiz a Dança dos Famosos, achei que faria (dança) com mais frequência, mas não consegui”.
REPERCUSSÃO NAS RUAS
Ele ainda relembra a repercussão nas ruas, na época do Dança, e faz uma alusão ao momento atual, com seu novo personagem na TV. “As pessoas passavam de bicicleta por mim, de moto, caminhão e diziam que me viam dançando. ‘Você está dançando muito’, falavam. Era muito legal. Agora, nesse momento da novela, menos. As pessoas falam: ‘Não vai maltratar a Roxelle (Isadora Cruz)’. As pessoas se entregam menos (risos). Mas, em geral, gostei muito dessa relação com as pessoas na vida, na rua, no afeto em relação ao trabalho. Gosto muito também quando a pessoa fala: ‘Gosto muito do seu trabalho, acho você um ótimo ator’. Em vez de só a foto, só o personagem”, revela.
“Quando a pessoa está falando do que vê em casa, ela está falando de humanidade através dos personagens. É superbom receber esse retorno, sentir que as pessoas estão pensando sensivelmente junto com você. Elas estão usando aquilo ali para pensar afeto, gente, família, amor. É muito legal ver isso, o olhar das pessoas, como elas falam”, finaliza o artista.
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