Liberdade feminina nas passarelas
Publicado em 13/10/2023, às 16h14
A estilista italiana Maria Grazia Chiuri (59) se inspira em mulheres. E as suas referências não se baseiam em apenas um tipo de mulher, já que existe uma infinidade de singularidades que formam todo o universo feminino. Desde sua primeira coleção para a Dior, a estilista busca essa conexão entre moda e política ao levantar questões relacionadas aos direitos das mulheres por meio da estética.
A camiseta “We should all be feminists” de sua estreia na maison, que ainda materializa uma fala da notória ativista e escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (46), é um potente exemplo de sua causa. Nesta coleção, Chiuri, mais uma vez, se volta para mulheres vigorosas, representadas em seu moodboard por imagens de atrizes que interpretaram papéis ligados a mulheres icônicas por seus feitos e que, de alguma forma, acabaram por pagar um preço altíssimo por suas ações.
A atriz sueca Ingrid Bergman (1915-1982) no papel de Joana D’Arc (1412-1431) e a francesa Simone Signoret (1921-1985) no filme As Feiticeiras de Salém, lançado em 1957, são alguns exemplos das referências femininas de Maria Grazia para esta coleção, que veio com uma certa nuance mística por meio de uma estética que remete ao movimento gótico. Aqui, a grande ideia é mostrar como a temática da liberdade feminina (representada justamente por essas figuras que não se curvavam às convenções masculinas religiosas) pode desencadear inúmeras ações cerceadoras e até mesmo violentas.
A coleção demostra isso por intermédio da profundidade de sua paleta, das peças repletas de transparências e das rendas trabalhadas de maneira rústica, que trazem essa atmosfera tanto sensual quanto mística aos looks apresentados na passarela. Chiuri segue fazendo roupas para uma mulher plural, mas acima de tudo real.
Fotos: Getty Images