Não é de hoje que o visual de gala vem se apresentando cada vez mais casual, não menos sofisticado, apenas mais surpreendente. E ninguém melhor que Raf Simons para transformar o conceito do visual clássico de festa em algo novo. Segundo ele, a palavra de ordem por aqui é “liberdade”. Liberdade de escolha de referências, que ora aparecem meio étnicas, com suas sedas listradas de efeito tridimensional, ora chegam com jeitão artesanal, nos tecidos tramados que lembram crochê. Liberdade na escolha das formas dos modelitos, que começam curtos e retos — valorizando as transparências das pernas —, passam por mídis e amplos, no melhor estilo new look, e terminam em longos com silhuetas que trazem opções muito além da cintura marcada. Vestidos com uma pegada esportiva que parecem partir de uma simples regatinha para se tornar ótimas opções com shapes longe do corpo, tecidos sobrepostos e um bolsinho como toque final. Ainda nesse ritmo de casualidade, o designer também aposta em versões moderninhas do tradicional tailleur. Agora ele ganha brilhos sobre a lã de padronagem xadrez ou se mostra renovado com camisas brancas tipo jaquetinhas usadas sobre saias-lápis. E, se a ideia é mesmo fugir dos padrões, nada de uma cartela de cores muito previsível. A coleção vai do azul cobalto ao verde-esmeralda, transita entre brancos e cinzas, e destaca as listras em vermelho e laranja. Mas, para aquelas que ainda não abrem mão do bom e velho longo esvoaçante em um momento de gala, o modelito tomara-que-caia continua em alta e pede cores intensas, além de saias pra lá de volumosas. Por outro lado, os tubinhos trazem toda a ousadia das franjas meio plastificadas. Tudo para desconstruir aquele antigo conceito de que roupa de noite está diretamente ligada a bordados e nem sempre relacionada a conforto. Felizes das mulheres da era Simons.