Crítico musical diz que alguns roqueiros vêem o jazz como um gênero superior ao rock, e trabalhos como o de Amy Winehouse e Paul McCartney são exemplos de boas misturas dos dois estilos musicais
O jazz é um gênero democrático: está inserido no rock, no pop e até na música popular brasileira. E por aqui, cada vez mais é possível conhecer - e explorar - o gênero. O Brasil é palco de inúmeros festivais de jazz. Para Zuza Homem de Mello, curador do BMW Jazz Festival, a ascensão do ritmo no Brasil é produtiva. Em entrevista à Caras Online, o crítico de música fala da parceria entre artistas brasileiros e grandes nomes do jazz, comenta o sucesso de Paul MCCartney cantando música americana e revela quem teria potencial para brilhar como uma estrela do ritmo. Confira!
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A cantora Céu gravou a música “Tempo de Amor” com Herbie Hancock. O que você acha da parceria entre cantores brasileiros e artistas consagrados do jazz?
Pode ajudar a carreira do artista que está começando. Milton Nascimento, por exemplo, gravou com Wayne Shorter no início da carreira. Ou seja, a parceria é importante, ainda mais quando o artista já tem projeção na música.
Assista ao vídeo da canção de Céu e Herbie Hancock:
Em maio, no Rio de Janeiro, aconteceu o Bourbon Festival. Hoje, estamos aqui no BMW Jazz Festival e, para agosto, está programado o MIMO. O que você acha abundância de shows por aqui?
Quanto mais festival de jazz, melhor. Esses festivais (Bourbon e MIMO) são de caráter local, geralmente acontecem em cidades pequenas, e trazem artistas não muito conhecidos e isso é muito importante e produtivo. O BMW Jazz Festival é praticamente um festival nacional. E é claro que, nesse caso, é preciso subir o nível. Alguns artistas que vão se apresentar aqui vão fazer shows em Salvador e em Belo Horizonte, por exemplo.
O que você acha dos artistas que usam jazz em suas músicas de outros gêneros musicais?
Demonstra que eles olham para uma música que consideram meio inatingível. O roqueiro, por exemplo, sempre vê o jazz como um tipo de música superior ao rock. Ele tem uma espécie de inveja e gostaria de tocar jazz. Alguns já têm bagagem para atuar no gênero e, portanto, é muito legal. Quando eles conseguem se sair bem, é melhor ainda.
E quem se saiu bem?
A Amy Winehouse se sairia muito bem. Sem a menor dúvida, poderia ter sido uma grande cantora de jazz. Aliás, ela gravou com Tony Bennett maravilhosamente...por aí a gente já vê. Mas o Paul McCartney gravou um álbum (Kisses on the Bottom) apenas com canções americanas. Um disco maravilhoso no qual cantou acompanhado por músicos de jazz como Diana Krall, John Clayton e John Pizzarelli, que já vieram ao nosso festival, inclusive. O disco é espetacular e ele é o Paul McCartney (um cantor de rock). Agora, sendo Paul McCartney, só pode ser espetacular.
Assista ao vídeo de Tony Bennett e Amy Winehouse cantando Body And Soul:
Você pode citar um nome promissor do jazz?
O saxofonista Jaleel Shaw.
O que um músico precisa ter para ser completo?
A vida inteira dedicada à música... intensamente.