Eva Perón, a ex-primeira-dama da Argentina, é um ícone que marcou a moda, o cinema e o teatro. Agora, sua vida - e estilo - será tema de exposição em São Paulo
Eva Perón, ou Evita, como era chamada carinhosamente, foi a primeira-dama da Argentina entre os anos de 1946 e 1952, e se tornou um ícone. Marcando os 60 anos de sua morte, a exposição "Evita: Paixão e Ação" será inaugurada no dia 24 de maio em São Paulo. Roupas, acessórios, fotografias e arte digital serão exibidos para o público. A entrada será livre e gratuita, e a exposição ficará aberta até o dia 7 de junho.
Dona de um estilo único, a ex-primeira-dama ainda atrai a muitas pessoas. Seu museu, o Museu Evita, localizado em Buenos Aires, é o mais visitado da capital argentina. E foi lá que o estilista Luciano Canale, da grife carioca Sta. Ephigênia, resolveu homenagear Evita. “Após a viagem, comecei a pesquisar mais sobre ela e fiquei fascinado com as imagens iconográficas de Evita”.
Fashionista do passado, que ainda vive no presente, Eva Perón deu lugar à identificação social até dos menos privilegiados em meio ao fútil – Evita adorava a grife Dior, ao mesmo tempo em que era conhecida como a mãe dos pobres. “As visitações que Evita fazia aos descamisados, os pobres, toda vestida de Christian Dior e carregada de joias, era uma imagem muito contraditória, porém fascinante”, conta Luciano, que em 2008 lançou uma coleção de saias para o inverno totalmente inspiradas em Evita.
Bia Paes de Barros, editora de moda da Caras, explica que Evita “representou o glamour que as pessoas da época não estavam acostumadas a ver”. Entre saias rodadas, roupas estampadas, vestidos tomara que caia e um coque no cabelo, “Evita foi uma figura mais austera, mas sempre feminina”, lembra Bia. Para a exposição, a editora de moda diz que podemos esperar peças clássicas de alfaiataria e, em sua maioria, figurinos de festa.
O estilo retrô de Evita também já serviu de inspiração para a atriz Dakota Fanning no tapete vermelho. “Dakota certa vez optou por um vestido tomara que caia amplo, de estilo romântico”, disse Bia, relacionando-o com a forma com que Evita se vestia. Paco Jaumandreu, primeiro costureiro de Evita, contava que vestia a dama no começo de sua carreira. Depois, ela começou a se vestir em Paris.
A empresária Val Marchiori, num episódio em que viajou a Buenos Aires para a gravação do reality show que participa, o Mulheres Ricas, comparou-se à ex-primeira-dama. “Nós somos iguais, magras e loiras, mulheres fortes. Quando eu voltar ao Brasil, vou me candidatar ao Senado”, brincou Val.
Eva foi homenageada no cinema pelo diretor Alan Parker em 1996, com a estreia do longa-metragem com o seu nome, Evita. A atuação da cantoraMadonna no papel de primeira-dama foi considerada pelos argentinos como uma ofensa à memória da mulher mítica. A atriz aparece com 85 figurinos diferentes na produção. O filme, que é quase todo cantado, “parece um México hollywoodiano”, segundo o crítico brasileiro de cinema Rubens Ewal Filho. “Madonna muitas vezes se esquece de que está vivendo Evita”, continua ele. “Quando faz um discurso, ou na cena de morte, até que demonstra garra. Mas no geral, em clima de videoclipe, volta a ser simplesmente Madonna, estrela pop e nunca primeira-dama da Argentina”.
O musical Evita, que teve sua primeira exibição em 1978, está em cartaz na Broadway desde o ano passado. A produção inicial de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice conta com o ícone internacional do pop, Ricky Martin, no atual elenco. Em 2011, a produção chegou ao Brasil, com Daniel Boaventura entre os protagonistas.
Poucos se lembram, mas antes de se tornar primeira-dama, Eva Perón também foi atriz, atuando em, pelo menos, seis filmes. Juan Domingo Perón, seu marido, foi um populista argentino que não teria atingido tanta popularidade sem a união com a esposa. Num regime em que a carisma e a propaganda política eram essenciais, Evita foi o rosto do governo, transformando eternamente a realidade da Argentina.
Serviço
Exposição "Evita: Paixão e Ação"
Local: Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Avenida Paulista, 1313
Período: 24 de maio a 7 de junho de 2013
Horário: segunda-feira, das 11 às 20 horas; terça a sábado, das 10 às 20 horas e, domingo, das 10 às 19 horas (no dia 24/5, das 14 às 20 horas)
Entrada: livre e gratuita