Aos 32 anos, o empresário é uma autêntica liderança dentro do agro: ele atua tanto na lida do campo como também em associações de gestão em novas tecnologias
Nascido em Goiânia (GO), Braz Custódio Perez Neto hoje vive em São Paulo. Ele divide seu escasso tempo entre a capital paulista “e a roça”: os negócios no interior de Goiás e de Mato Grosso. Além, claro, da convivência próxima com a família.
Formado em Direito pela USP, o chamamento para o agro ecoou desde muito tempo. “Veio de família e pelas lembranças da infância”, ele conta. “É uma mistura, na verdade, de elementos profissionais e pessoais, porque meu pai comprou uma fazenda no interior e íamos sempre para lá”.
Neto atua no agronegócio como presidente, diretor, sócio e gestor em diferentes empresas e associações dentro do setor.
As três propriedades da família formam a Agropecuária Sucuri, que é gerida por ele. Localizada no Vale do Araguaia mato-grossense, “lá fazemos um pouco de tudo. Temos áreas de irrigação, lavoura e sequeiro”.
A Sucuri trabalha com melhoramento genético da raça nelore, tanto que a atividade predominante é a pecuária de ciclo completo.
A questão da genética também se impõe em outra atividade na qual Braz atua. A CIA de Melhoramento, onde ele exerce o cargo de diretor, é uma associação de melhoramento genético CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) do gado nelore.
Braz explica que “temos cerca de 100 mil matrizes em cinco países em avaliação. Somos um dos maiores produtores CEIP do Brasil, com registro no Ministério da Agricultura e Pecuária. A CIA, hoje, tem o principal programa de melhoramento genético nelore do Brasil”.
Em 2015, a Liga do Araguaia liderou um movimento de produtores na região da Sucuri. Segundo Braz, “nós nos organizamos para fomentar boas práticas de pecuária sustentáveis. A Liga não tem finalidade lucrativa”, ele frisa. E acumulando mais um cargo às suas várias atividades, Braz é o presidente.
As fazendas que formam a Liga correspondem a uma área de mais de 100 mil hectares de pastagens e um rebanho superior a 100 mil cabeças. “Temos projetos de mensuração de carbono, de manejo de pastagem, de regulação fundiária e de assistência técnica aos produtores, entre outros. Queremos fomentar práticas e bons exemplos de desenvolvimento sustentável”.
O agro, além da preocupação com a sustentabilidade, precisa ter uma boa gestão. Braz atua, em sociedade, também nesta vertente: a Planalto Capital. “É uma empresa do mercado financeiro, uma gestora de fundos de investimentos”.
A Planalto tem foco no uso intensivo de tecnologia e no desenvolvimento de estruturas de produtos inovadoras e de vanguarda. “Temos nos aproximado a cada vez mais do mercado de créditos de carbono”.
Inovação tecnológica é um item indispensável para o mercado agropecuário no Brasil: os produtores rurais precisam estar atualizados, por exemplo, com mercado de ações, cotação de commodities, incentivos fiscais, políticas públicas e aspectos climáticos.
Pensando nesta demanda de acesso à informação, os sócios Fernando Rossi (produtor rural) e Murilo Iossi (engenheiro agrônomo), se juntaram e colocaram em marcha o Agroapp em 2020; Rossi foi o idealizador e Braz entrou para a sociedade em 2022. “Muitas vezes, você está na lavoura onde a comunicação digital é ruim e as informações técnicas são esparsas”, relata.
No Agroapp é possível ter acesso a 14 culturas cadastradas, banco de dados de defensivos, de pragas daninhas, máquinas, oferta de produtos, além de outros serviços. “O aplicativo é bem completo e conta com mais de 20 mil usuários. E funciona off-line, o que é uma grande vantagem”, esclarece.
Ele brinca que, mais ou hora ou menos hora, não vai mais dispor de tempo para tanto trabalho. As novas lideranças parecem ser incansáveis: Braz é um exemplo da nova cara do agro no Brasil: “o agro que move o país”.