Pré-eclâmpsia tem cura? Entenda os sintomas, as complicações e as sequelas da condição que aconteceu com a cantora Lexa, que está grávida e internada
Publicado em 23/01/2025, às 14h01 - Atualizado às 14h11
A cantora Lexa deixou os fãs preocupados nesta semana ao ser internada com quadro de pré-eclâmpsia aos seis meses de gestação. Ela está na unidade semi-intensiva de um hospital para ser acompanhada de perto pelos médicos enquanto faz repouso. Com isso, a CARAS Brasil conversou com a Dra. Bianca Bernardo, ginecologista e especialista em reprodução humana na Nilo Frantz, para saber mais detalhes sobre a complicação que levou a cantora ao hospital.
Para começar é importante explicar o que é a pré-eclâmpsia. "A pré-eclâmpsia é uma complicação que ocorre durante a gravidez após a 20ª semana, caracterizada por hipertensão arterial (pressão arterial elevada) e perda de proteína na urina (proteinúria)", afirmou a médica.
De acordo com a ginecologista, a cura da pré-eclâmpsia é o nascimento do bebê para que a gestação seja finalizada. "A cura é o parto com a retirada da placenta", informou. Porém, nem sempre o parto pode ser feito logo depois do diagnóstico, já que o bebê pode ser prematuro demais para nascer. Com isso, os médicos podem optar por outros cuidados para seguir com a gestação por mais tempo. "[O nascimento prematuro pode ser evitado] Desde que a gestante seja acompanhada por profissional em pré-natal de alto risco com estabelecimento oportuno do tratamento mais adequado. A gestação pode ser levada até o momento onde não haja risco materno ou fetal envolvido", declarou.
A complicação na gravidez é considerada grave e pode evoluir para problemas de saúde na mãe e no bebê. "É uma condição grave que pode afetar a saúde da mãe e do feto. No caso da mãe, pode levar a disfunção de órgãos, como o fígado e os rins, fatores de coagulação, descolamento de placenta levando a sangramento, convulsões (eclampsia), podendo até levar a morte materna se não tratada adequadamente. No caso do feto, pode levar a parto prematuro, insuficiência placentária, restrição e crescimento fetal, alterações na vitalidade fetal, também podendo levar ao óbito fetal se não for tratada adequadamente", afirmou a doutora.
A gestante deve estar atenta aos sinais do seu corpo para comunicar ao médico sobre qualquer mudança que possa evoluir para uma complicação. Os sintomas são: "Entre os sintomas e alertas da pré-eclâmpsia estão: pressão arterial elevada, geralmente é maior que 140/90; proteína na urina (proteinúria), ocorrendo quando há uma quantidade excessiva de proteína na urina, que pode ser detectada por exames de urina; inchaço (edema), um adendo que embora o inchaço seja comum durante a gravidez, um inchaço repentino e acentuado nas mãos, rosto, pernas ou pés pode ser um sinal de pré-eclâmpsia; dor de cabeça persistente, especialmente quando acompanhada de outros sintomas, pode ser um sinal de alerta; problemas de visão, pode incluir visão turva, pontos cegos, sensibilidade à luz ou outros problemas visuais; dor abdominal pode indicar danos no fígado e náusea e vômitos, em casos graves".
A Dra. Bianca Bernardo também revelou como é feito o tratamento da condição. "A melhor terapêutica para essa síndrome em diversos momentos do ciclo gravídico-puerperal deve ser individualizada, visando sempre à redução dos altos índices de morbi-mortalidade materna e fetal por prevenção de complicações O tratamento definitivo da pré-eclâmpsia é o parto. Dependendo de fatores como idade gestacional, gravidade, bem-estar fetal e presença ou não de complicações, a interrupção da gravidez está indicada", declarou.
E completou: "Entretanto, a instalação precoce da doença aumenta a chance de prematuridade com subsequente incremento da morbi-mortalidade perinatal. Quando não é possível ou recomendável interromper a gravidez, é indicado o tratamento com medicação anti hipertensivas, corticoterapia para aceleração da maturidade pulmonar fetal, terapia anticonvulsivante com o sulfato de magnésio na presença de eclâmpsia, além de respondo e monitorização do bem estar materno e fetal".
Caso a pré-eclâmpsia não seja tratada de forma adequada, a gestante e o bebê podem sofrer sequelas da complicações. Por exemplo: "As complicações podem incluir convulsões que podem levar ao coma e até mesmo a óbito, síndrome de Hellp, uma complicação grave que compromete as hemácias, levando a anemia, plaquetas, fatores de coagulação, dificultando a coagulação do sangue, doença hepática e renal - com problemas na filtração nos rins. Hemorragia cerebral, edema agudo de pulmão, lesões neurológicas devido a diminuição do fluxo de sangue para o cérebro e também prejuízos no desenvolvimento do bebê, podendo ser necessário antecipar o parto".
Por fim, a Dra. Bianca Bernardo contou como é possível evitar a pré-eclâmpsia ao longo da gestação. "Para evitar, o ideal é manter bons hábitos alimentares e atividade física regular, controle do ganho de peso durante a gestação, tomar ácido acetil salicílico (AAS) em baixas doses, se for gestante de alto risco, tomar suplemento de cálcio. Se a paciente for de risco para pré-eclâmpsia, reduzir o consumo de sal, não fumar e não beber álcool", afirmou.
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