Ao ouvir o primeiro grito de choro, mamães e papais entram em pânico. E para aliviar as terríveis cólicas e prisões de ventre dos filhos entrava em cena uma salvadora da pátria bem conhecida pelas avós: a funchicórea. Porém, em fevereiro de 2012, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu sua venda alegando que não era possível provar sua eficácia. No último dia 06, o produto foi liberado e deve voltar às prateleiras das farmácias em breve. Mas, afinal, a funchicórea é heroína ou vilã?
+ Saiba como prevenir e tratar as assaduras do seu bebê
A pediatra Alessandra Miramontes Lima, do Hospital Infantil Sabará, esclarece que como o remédio é fitoterápico, não produz efeitos colaterais. Porém, ele apenas camufla a dor, já que, por ser feito com sacarina (um tipo de adoçante), seu sabor doce acalma. “Quando comemos chocolate, sentimos prazer e ficamos mais calmos. A funchicórea tem o mesmo efeito”, explica. Mas a médica faz uma ressalva. “Apesar de não fazer mal, não é indicado que a criança consuma açúcar ou adoçante tão cedo, já que o organismo pode se viciar e, mais tarde, contribuir para um quadro de obesidade infantil.”
Apesar de considerar que a funchicórea acalma o intestino, a pediatra Lenira Fancin, do Hospital Pequeno Príncipe, concorda que o consumo de sacarina não é recomendável no primeiro ano de vida. “Essa substância é artificial e não é indicada. Além disso, alguns estudos apontam que ela pode estar relacionada ao desenvolvimento de alguns cânceres.”
Alguns pais apostam em chás ou água com açúcar, mas Alessandra explica que “isso pode piorar a cólica, já que fermenta dentro do organismo”. A falta de conhecimento, comum aos pais de primeira viagem, às vezes impede que eles saibam diferenciar se o choro é causado por cólicas ou se é apenas manha. “O choro por dor é repentino, agudo e não acaba com colo e mimos”, diz.
Cólicas e prisões de ventre são comuns em crianças a partir da segunda semana até o quarto mês de vida. “Em seus primeiros dias, o bebê ingere apenas o colostro, por isso a digestão é mais simples. Porém, como seu organismo ainda está em formação, os movimentos intestinais produzem contrações irregulares, o que gera dor”, diz a pediatra Alessandra Lima. Prematuros podem sofrer ainda mais com essas dores, já que o organismo é ainda mais imaturo.
+ Amamentação pode ser difícil, mas é essencial
A dieta restrita apenas ao leite materno também é a mais indicada. “Fórmulas tendem a gerar mais cólica e prisão de ventre, enquanto o leite materno, além de completo, é melhor digerido pelo bebê”, afirma a pediatra Lenira Fancin. E diz que o combate ao mal-estar do bebê começa já com cuidados na amamentação. “A mãe deve prestar atenção para evitar que o filho engula ar enquanto suga”, explica.
Colocar o bebê de bruços ou em posição confortável já alivia o incômodo. Como o calor relaxa a musculatura, é ideal que sua barriguinha seja aquecida. Para isso, os pais podem colocar toalhas mornas e bolsas de água quente ou, ainda, aquecê-lo em seu colo. Massagens também ajudam. Flexione as perninhas da criança em direção à barriga em movimentos repetitivos. Outra opção é flexionar e esticar as perninhas de forma intercalada (uma por vez). Também é eficaz massagear a barriga do bebê, transferindo calor de suas mãos.
+ Colo de mães e avós produz efeito calmante nos bebês e traz benefícios
Se ainda assim as cólicas e prisões de ventre persistirem, os pais devem conversar com o pediatra para buscar alternativas. “Em alguns casos, são prescritos remédios para alívio de gases e até analgésicos”, explica Alessandra. Os pais também podem ajudar mantendo a calma. “Quanto mais ansiosos ficam, mais o bebê fica nervoso e chora intensamente”, afirma. Lenira concorda e afirma que até o relacionamento entre pais e filhos tem influência nas cólicas. “Quando o relacionamento não é saudável e a criança não é atendida emocionalmente, ela fica mais agitada e tende a ter mais cólicas e prisão de ventre”, explica a pediatra.
+ A cor do quarto ajuda o bebê a relaxar. Veja como decorar o ambiente!