Em entrevista à CARAS Brasil, Analice Nicolau reforça legado de Silvio Santos; apresentador morreu no último sábado, 17, aos 93 anos
"Eu considero Silvio Santos meu segundo pai". A frase é de Analice Nicolau (46), que atuou durante anos no jornalismo do SBT. Para a comunicadora, a partida do artista, aos 93 anos, deixa uma grande ausência para o Brasil, porém, também cria a responsabilidade de levar adiante seu legado.
Em entrevista à CARAS Brasil, a jornalista conta que seu último encontro com Silvio Santos aconteceu durante a edição de 2018 do Teleton. Na ocasião, Nicolau estava acompanhada de sua mãe, e o apresentador chegou a brincar com a costureira.
"Lembro até que a minha mãe estava junto e ele brincou com ela, dizendo: 'O que a senhora está fazendo aqui? Ela já cresceu'. E a minha mãe falou: 'Só vim aqui para te agradecer'. Depois, eu não tive mais contato", recorda. Desde 2019, ela passou a se dedicar para criação de conteúdo digital e, no ano seguinte, mudou-se para Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, e fundou a agência An Connect.
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Apesar da passagem dos anos sem contato direto com o artista, Nicolau assegura que ele foi primordial em grande parte de suas decisões. "Eu sempre penso: 'Como o Silvio agiria neste momento?'. Ele sempre estava anos luz à frente e trouxe para o Brasil produtos que estavam estourando lá fora. Poucas pessoas têm esse olhar."
Silvio Santos morreu no último sábado, 17, por decorrência de uma broncopneumonia após uma infecção por Influenza (H1N1). A jornalista ficou sabendo da morte no mesmo dia, porém, diz que só conseguiu entender o acontecimento na quarta-feira, 21, em suas orações.
"Sei que é sofrido. A ausência dele é muito difícil. Mas temos a responsabilidade de levar adiante seu legado". Abaixo, Analice Nicolau recorda outros momentos marcantes que teve com o Rei da TV, como a passagem pela Casa dos Artistas e a recontratação no SBT. Confira trechos editados da conversa.
Como foi, para você, receber a notícia de que Silvio Santos tinha partido?
No sábado eu estava vindo de Teresina, fui para um evento do projeto Feliz Cidade. Quando cheguei em São Paulo e fiquei sabendo, não vou dizer que foi um choque porque eu sabia das coisas que estavam acontecendo nos últimos anos, mas fiquei muito introspectiva. A ficha não caiu. Eu sou muito grata ao Silvio e, principalmente, hoje, se eu falo de comunicação positiva, foi pelo o que eu aprendi com ele nesses 20 e tantos anos de amizade. Foi muito difícil, eu tive que ajudar outras pessoas que estavam me ligando preocupadas comigo, fortalecer que o que ele queria era que, quando ele partisse, nós continuássemos felizes. Fui para esse conceito.
Ele te deu algum conselho ou exemplo que ajudou em sua carreira?
Eu lembro da primeira vez que eu fui ao camarim dele, com a Cynthia Benini, na época do Notícias Breves. Teve uma frase que ele me falou que eu levo para todas as pessoas que eu conheço: 'Nunca esqueça de onde você veio'. Isso tem a ver com pais, valores e cultura que tivemos com as nossas famílias. Se você esquecer de onde veio, você não saberá para onde vai. Se nos desconectarmos da nossa essência, ficamos fragmentados e nos perdemos no caminho. Ele dizia muito isso. E eu tenho uma ligação muito forte com a minha família e levo isso como um grande aprendizado.
Silvio Santos sempre reforçou sua humildade...
O Silvio é, digo é porque o legado continua, muito humilde. Ele mostrou excelência na entrega do trabalho, e que não existia sábado ou domingo quando queremos fazer algo por amor. Mesmo com uma certa idade, ele continuou articulando, administrando. Isso faz com que nós também façamos esse movimento.
Em entrevista à CNN, você definiu a participação na Casa dos Artistas como um ponto de virada em sua carreira. Como tudo aconteceu?
Antes de entrar na Casa dos Artistas, eu trabalhava muito como modelo. Fotografava muito e acabei fazendo fotos nua –isso há 25 anos atrás. Foi justamente essa virada de chave, porque, por mais que eu tivesse posado nua, ele sabia os meus valores internos. Ele começou a se conectar nessa essência de verdade. O convite foi por causa do nu, mas ali ele foi conhecendo um pouco mais da minha pessoa, e ele via além do que nós vemos. Ele sempre foi muito intuitivo e essa intuição dele me levou a ser chamada para o jornalismo.
Além disso, Silvio Santos também foi peça chave em sua recontratação no SBT. Você pode falar mais sobre esse episódio?
Na época eu fui diagnosticada com a síndrome do pânico, então teve um período que eu chegava um pouco atrasada, estava doente. Mesmo estando doente, teve um remanejamento no jornalismo e me demitiram. Mas, isso não tinha passado pelo Silvio. Depois de 15 dias ele me chamou para conversar e eu contei tudo o que estava acontecendo, o meu lado, e ele perguntou se eu estava pronta para voltar. E eu estava em tratamento e podia voltar. Porque, em momento algum eu parei de trabalhar. Foi importantíssima essa conversa com ele, lá no salão do Jassa [cabeleireiro do apresentador]. Quando ele me chamou de volta, eu tive a responsabilidade de também ir para o desenvolvimento humano para entender porque eu tinha chegado naquele limite.
É legal ver como o Silvio Santos está presente em seu trabalho até hoje
Hoje, com a agência aqui, a excelência, comprometimento e qualidade dele eu trago muito para a nossa equipe da An Connect.
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