Após 31 anos, o repórter Valmir Salaro tomou a decisão de sair da emissora
O repórter Valmir Salaro, conhecido por suas diversas reportagens especiais, vai deixar a Globo no fim do ano. Após 31 anos, ele decidiu encerrar seu contrato com a emissora "em comum acordo".
Em um comunicado enviado ao jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira, 29, a Globo confirmou a informação e explicou que ele poderá voltar para coberturas especiais no próximo ano. "Valmir Salaro e a Globo decidiram em comum acordo que o profissional permanece na empresa até o final deste ano. As portas da Globo estão abertas para novos projetos de Valmir no futuro", diz a nota.
Valmir Salaro ganhou destaque durante a investigação do caso 'Escola Base'. Em 1994, o casal Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, proprietários da escola, a professora Paula Milhim Alvarenga e o seu marido, o motorista Maurício Monteiro de Alvarenga, foram acusados injustamente de sexual contra alunos de quatro anos.
Com a repercussão, a escola foi obrigada a encerrar suas atividades, já que muitas pessoas revoltadas foram até o colégio que ficava no bairro da Aclimação, zona sul de São Paulo, quebrar as dependências e tentar linchar os acusados.
No ano passado, no programa 'Encontro', Valmir sobre o caso da 'Escola Base' e o documentário lançado sobre a história no Globoplay, onde ele fica frente a frente com os personagens do caso. O repórter, então, se emocionou ao contar os traumas que obteve com a história.
"Eu sempre lembrei desse caso, porque, de uma certa forma, eu ajudei a destruir o destino e a reputação daquelas seis pessoas. Então, a vida delas mudou a partir do momento em que eu dei a primeira notícia sobre o famoso caso da 'Escola Base'. Depois eu comecei a ver que aquelas pessoas, na verdade, foram vítimas de legistas, do delegado que acreditou em tudo, das mães que insistiram nos crimes de violência sexual contra os filhos", desabafou.
"Quando eu descobri que os acusados, apontados a todo momentos pelos meios de comunicação, eram vítimas, eu achei que eu deveria falar sobre isso sempre e não me calar, nem jogando o erro para debaixo do tapete… Pra mim, é uma forma de pedir perdão. Eu conversei com elas quando a gente começou a fazer o documentário e confesso que foi uma conversa muito difícil, mesmo quando não estava gravando", completou.