Autor de diversas novelas de sucesso da televisão brasileira, Manoel Carlos já produziu novelas originais para outros países, incluindo Estados Unidos
Publicado em 14/03/2025, às 07h00
No dia 14 de março, o autor Manoel Carlos, conhecido carinhosamente pelos fãs como Maneco, completa 92 anos. Responsável por criar algumas das tramas de maior sucesso da televisão brasileira, como História de Amor (1995), Por Amor (1997), Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2003), o novelista já escreveu novelas para seis países estrangeiros.
Maneco iniciou sua trajetória na televisão na década de 1950, quando o veículo ainda dava seus primeiros passos no Brasil. Sua estreia aconteceu no Grande Teatro Tupi, programa que trouxe ao público adaptações de grandes peças teatrais e ajudou a moldar a teledramaturgia nacional. Ao lado de nomes como Fernanda Montenegro (95) e Ítalo Rossi (1931-2011), ele participou de um movimento que consolidou o formato de teleteatro no país.
Ainda nos primeiros anos de sua carreira, Maneco demonstrou interesse em adaptações literárias, levando romances de Machado de Assis (1839-1908) para a televisão. Helena (1952) e Iaiá Garcia (1953) foram suas primeiras incursões no formato de telenovela, mostrando desde cedo sua habilidade para contar histórias. Seu talento para criar personagens realistas e diálogos sofisticados o levou a se tornar um dos autores mais respeitados da TV brasileira.
A virada definitiva na carreira de Manoel Carlos veio nos anos 1980, quando começou a desenvolver suas próprias tramas originais e trouxe para a televisão sua primeira grande protagonista: Helena, em Baila Comigo (1981). A personagem, que se tornaria uma marca registrada de sua obra, foi interpretada por grandes atrizes ao longo das décadas, consolidando-se como um arquétipo feminino complexo.
Nos anos 1990 e 2000, Maneco entregou algumas das novelas mais memoráveis da história da TV Globo, como História de Amor, Por Amor, Laços de Família e Mulheres Apaixonadas. Nessas tramas, explorou com maestria os dramas familiares, os dilemas da classe média e as relações humanas em profundidade, sempre ambientando suas histórias no sofisticado bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.
Por Amor, por exemplo, se tornou uma de suas novelas mais marcantes, abordando o dilema de uma mãe que troca seu filho vivo pelo bebê morto da filha sem que ela saiba. O impacto dessa história ressoou fortemente no público e consolidou o estilo do autor, pautado em dramas familiares intensos e diálogos realistas.
O talento de Manoel Carlos ultrapassou fronteiras e ele se tornou um dos poucos autores brasileiros a escrever novelas para outros países. Em uma entrevista a Jô Soares (1838-2022), o novelista revelou que, além das tramas adaptadas, também produziu originais para países como Colômbia, Peru, Equador, Argentina, Venezuela e até mesmo os Estados Unidos.
O método de trabalho para essas produções era meticuloso: mesmo sem morar nesses países, Maneco estudava jornais e revistas locais para incorporar elementos autênticos às histórias. No caso das novelas colombianas, ele utilizava endereços e referências reais para que a ambientação fosse o mais fiel possível.
Já na Venezuela, seu trabalho com o seriado Uma Família Como Outra Qualquer foi traduzido diretamente de seus roteiros em português.
Leia também: Cadê Tati Machado? Apresentadora some da TV e explica o motivo