Atriz trans de 'A Dona do Pedaço' comenta sobre representatividade e preconceito na TV
Na pele de Britney, em A Dona do Pedaço, novela das 21h,Glamour Garciachegou com tudo nas telinhas da rede Globo.
Aos 30 anos, a atriz paulista transexual está fazendo sucesso com a sua personagem, que tem como história principal a aceitação familiar, a luta LGBTQ+ e um romance enrolado com o cozinheiro Abel, interpretado por Pedro Carvalho.
Em conversa exclusiva com a CARAS Digital, a loira disse que não poderia estar mais feliz com a resposta dos telespectadores: "Tenho recebido apoio total do público que assiste a novela. Eles acham a Britney uma personagem leve e ficam compadecidos com os sentimentos dela, principalmente por ela estar apaixonada, em dúvida, um pouco com medo.... então eles tem uma simpatia com ela [Britney]."
Após se tornar conhecida nacionalmente da noite pro dia, Glamour contou que precisou mudar alguns hábitos da sua vida pessoal: "Eu sempre fui uma pessoa muito dada, extrovertida, e agora tenho que controlar minha privacidade. O assédio do público é muito grande, mesmo a maior parte sendo boa, é impossível lidar em termos práticos com esse volume de pessoas. Estou um pouco retraída.", revelou a atriz, que também brincou dizendo que 'tudo mudou da água pro vinho e do vinho pro óleo'.
Garcia não faz questão de esconder sua gratidão pela oportunidade de estrear em horário nobre, oferecido por Walcyr Carrasco. "É maravilhoso, sensação de conquista, vitória, satisfação e de humildade de reconhecer o aprendizado que eu estou tendo", declarou a estrela que está contracenando com grandes nomes da dramaturgia brasileira como Marcos Nanini e Rosi Campos. "Aprender com eles é sempre o meu maior presente", concluiu.
Além da diversão, quando o assunto é representatividade e visibilidade trans, tudo fica mais sério. Em um país que registra números alarmantes referentes a assassinatos de travestis e transexuais, de acordo com levantamento da ONG Transgender Europe (TGEu), em 2016, falar sobre respeito e aceitação é uma necessidade para a paulista.
"Eu acho extremamente importante, não só representar né? No sentido de eu ser atriz e essa ser a minha profissão... A representatividade é muito importante. A gente ainda vive uma série de violências sociais, e esse espaço acaba sendo construtivo para a discussão, a cidadania e a tomada de direitos da população LGBQ+", ressaltou a artista.
Apesar de ser um rostinho novo para a maioria dos brasileiros, a atriz está no meio artístico há bastante tempo. Ao relembrar sua trajetória, impossível não falar sobre o preconceito que sofreu dentro da própria mídia: "As pessoas não entendem que a transexualidade não é uma temática, é a vida real."
Misturando a trama com a vida real, a história de Britney se conecta com a de Glamour, e também com a de diversas mulheres e homens trans. É uma verdadeira inspiração!
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