Após quase morrer, ela celebra êxito do transplante de células-tronco
A atriz Claudia Rodrigues (44) não tem dúvidas de que 2016, quando celebra três décadas de carreira, será um tempo de mudança. Portadora de esclerose múltipla, doença que ataca o sistema nervoso central, afetando a fala, a memória e a coordenação motora, ela se submeteu a um transplante de células-tronco em busca da cura no dia 9 de dezembro, no Hospital Albert Einstein, em SP. “É o ano da virada em minha vida. Entrei e saí do hospital falando isso. Vou voltar com tudo e, se Deus quiser, vou ter um programa como antes. Sinto muita falta de trabalhar”, destacou a comediante, em seu apartamento, no Rio, onde se recupera ao lado da filha, Iza (13), da relação com o ex-marido, Brent Hieatt (50).
A doença foi responsável por sua saída da TV, quando estava no auge, após brilhar como a Marinete do seriado global A Diarista, entre 2004 e 2007. “Tenho certeza de que estou curada, mas ainda não posso bater o martelo. Preciso esperar seis meses. Somente em junho, após realizar exames, vou poder afirmar que tudo deu certo”, acrescentou ela, em entrevista exclusiva. “Sempre tive certeza em relação à cura e acho que ela enfrentou bem tudo, minha mãe é uma guerreira”, ressaltou Iza.
Claudia foi diagnosticada com a doença em 2000, após sentir uma dormência no braço durante apresentação da peça Monólogos da Vagina. Mas somente em 2007 a esclerose voltou a se manifestar novamente, quando, aos poucos, começou a interferir no trabalho. Em 2011, após dois anos fora do ar, ainda brilharia como a Ofélia do Zorra Total. Mostrando-se forte e com bom humor, Claudia contou que iniciou sua preparação para o transplante em 13 de novembro último. No dia seguinte, teve a primeira aplicação de quimioterapia para matar as células doentes. Já no Rio, percebeu a queda dos cabelos no dia 28 e raspou a cabeça. Ao retornar para o hospital, dia 2 de dezembro, fez mais cinco aplicações de quimio antes de receber o transplante das células-tronco. Não foram dias fáceis.
Segundo sua empresária, Adriane Bonato (41), após o procedimento, ela precisou tomar morfina para suportar a dor. Em outro momento, chegou a achar que a amiga estivesse morta. “Sua pressão foi a 5 por 3 e Claudinha apagou, as pontas de seus dedos estavam roxas”, contou. Próximo ao Natal, a atriz recebeu a notícia de que o transplante teve sucesso. Mas Claudia ainda enfrentaria uma bactéria no estômago antes de ter alta no dia 24 de janeiro. Adriane registrou todo o processo do transplante para realizar um documentário, que servirá de incentivo às pessoas que sofrem do mesmo mal. Além disso, escreve uma biografia da atriz para lançar em setembro.
No mesmo mês, Claudia planeja voltar ao teatro com a peça Teste no Sofá. Além disso, desenvolveu o roteiro de um programa de TV a partir de nova personagem, Jocasta, também doméstica. Emissoras da TV aberta já demonstraram interesse em seu trabalho. “O povo sempre pergunta quando vou voltar. Fã é a melhor coisa do mundo”, disse a atriz. Ainda no primeiro semestre, em seu canal no YouTube, ela deve lançar uma web série gravada em estúdio doméstico. Por enquanto, precisa permanecer em casa e, diariamente, toma dez remédios diferentes. “Após todo o procedimento, é como se tivesse nascido de novo”, revela ela, que está com a imunidade baixa, precisa usar máscara, não pode sair à rua e, em junho, precisará tomar todas as vacinas infantis novamente.
O tratamento é agressivo. Teve medo de morrer?
Em nenhum momento. Entreguei nas mãos de Deus e disse: ‘Se quiser me levar, que seja sem dor.’
Como está agora?
Estou ótima, de verdade. Já tive problemas na fala e na memória, mas isso passou.
Mas teve um momento que você fraquejou?
Foi quando perdi o emprego, ano passado. Não tinha mais o contrato com a Globo, minha filha estava com minha mãe e eu nessa casa enorme, pensei: ‘Não é bacana viver assim.’ Moro no 20º andar, fui para a área da piscina e tirei a rede de proteção para me jogar. Liguei para a Adriane para agradecê-la e ela disse que estava louca, que tinha uma filha e não poderia fazer isso. Ela me fez desistir. Então, pedi perdão a Deus. Ninguém tem o direito de tirar uma vida.
A doença a transformou?
Acho que esse transplante me fará melhor do que eu era. Fiquei mais religiosa, mais calma e dou mais atenção aos outros. Deus me deu conforto para passar por tudo. Mas já perguntei a Ele: ‘Faço todo mundo rir, por quê eu?’ Iza também me ajuda a enfrentar tudo. Às vezes, estou chorando e ela me conforta. Tive um baque ao descobrir a doença, mas naquela hora, só quis saber se podia ser mãe. Foi uma felicidade realizar o sonho da maternidade.
Iza pode vir a ter a doença?
Sim, mas até agora nada foi detectado.