A atriz Claudia Raia abre o camarim de 'Cabaret' para falar de quatro de suas paixões: os filhos Enzo e Sophia, o namorado Jarbas Homem de Mello - com quem contracena no musical - e a personagem Sally Bowles
No auge da carreira, Claudia Raia (45) conseguiu realizar um sonho de mais de 20 anos: interpretar a personagem Sally Bowles em uma montagem de Cabaret. A primeira versão do musical estreou na Broadway em 1966 e deu origem ao filme homônimo de Bob Fosse (60) que, sete anos depois, rendeu a Liza Minnelli (66) o Oscar de Melhor Atriz. No espetáculo, Claudia demonstra - além de muito talento - a habilidade e a segurança de quem tem se dedicado intensamente ao teatro, à dança e à música.
Cabaret reestreou em São Paulo em agosto e completou recentemente 200 exibições. A preparação para se apresentar de quinta a domingo exige bastante da atriz. Ela concilia o musical com as gravações de Salve Jorge (a próxima novela das 9 da Globo), no Rio. É uma pessoa sem folga, como conta a própria. Além de atuar, cantar e dançar, Claudia também assina a produção do espetáculo adaptado pelo amigo Miguel Falabella (55). O musical emprega diretamente cerca de 80 pessoas.
No espelho do camarim no Teatro Procópio Ferreira, a estrela tem afixadas fotos de Enzo (14) e Sophia (8), frutos do casamento com Edson Celulari (54) que chegou ao fim em 2010. Ao lado das imagens dos filhos, uma caricatura de Sally. Uma Barbie, com um microfone e caracterizada como a personagem, fica em cima da bancada. Mais uma demonstração do quanto ela adora a cantora de cabaré que fez o debut no universo literário em 1937, saída da mente do escritor inglês Christopher Isherwood (1904-1986).
Foi lá, no espaço onde se transforma em Sally, que Claudia recebeu CARAS Online. No bate-papo, a atriz também falou sobre o namoro com Jarbas Homem de Mello (43), com quem divide cena em Cabaret. O casal assumiu o relacionamento no Camarote CARAS, durante o carnaval deste ano na Marquês de Sapucaí.
- De onde surgiu essa simpatia pela Sally Bowles?
- Assisti ao espetáculo seis vezes, montagens do mundo inteiro. Esse sonho [de fazer o musical] já acalento há 20 anos, quando fui convidada pela primeira vez, pelo Jorge Takla, em 1990. Só não fiz porque estava em uma novela do Silvio de Abreu, Rainha da Sucata. E aí começou a minha corrida atrás de Sally Bowles. É um personagem realmente fantástico. É uma quadripolar, não é uma bipolar. Uma mulher que vai do trágico ao cômico, ao drama... ela passeia por todos os universos. A gente fica enlouquecida com um personagem desses, querendo fazer, querendo esse desafio. Vocalmente é bastante difícil. Fisicamente também. É um espetáculo que exige muito da atriz, e isso é maravilhoso.
- O que Cabaret tem de tão diferente?
- A história é espetacular. É justamente aí que me pega. É a dramaturgia maior, mais forte. Tão forte quanto a parte musical. Porque geralmente musical não é assim. A parte musical é sempre mais forte que a dramaturgia. Cabaret tem força dramática, densidade. E paralelamente tem a história do mundo naquela época da Berlim dos anos 30, pós-Primeira Guerra e início do nazismo. Tudo isso é contado de maneira dramaturgicamente bastante coesa.
- E esse retorno em São Paulo, como tem sido?
- Tivemos a sorte de conseguir voltar. Tem gente que já viu quatro, cinco vezes. É um espetáculo que toca as pessoas. Um monte de gente vem chorando no final, emocionada. E jovens, pessoas que nem conheciam Hitler, nunca tinham ouvido falar muito da coisa do nazismo. As pessoas que assistiram no começo dizem que o espetáculo está muito mais maduro agora, muito melhor. A intenção é essa mesmo. A gente está se exercitando para melhorar a cada dia.
- Como é sua preparação para entrar em cena?
- Chego três horas antes do espetáculo. A gente faz um aquecimento corporal, que é uma aula de dança. Depois tem um aquecimento vocal, que eu geralmente faço dentro do camarim, sozinha. E mais a maquiagem. São três horas mesmo. Cravadas. O musical exige essa preparação. Estou em cartaz de quinta a domingo. Às segundas, terças e quartas, gravo Salve Jorge no Rio de Janeiro. Ou seja, sou uma pessoa sem folga. Folga não existe mais na minha vida.
- Sobra tempo para se cuidar? Você vai à academia?
- Atividade física faz parte da minha rotina. Faço aula de balé todos os dias. E tenho o Tonhão, meu personal há 15 anos, que é daqui de São Paulo. Malho com ele de quinta a domingo. Terça e quarta ele passa mais ou menos minha série pelo telefone, e eu vou fazendo. É uma loucura (risos). Isso no meio de filho, de casa, de tudo. É puxado, mas eu gosto dessa coisa agitada.
- A Sophia e o Enzo costumam vir te prestigiar?
- Sophia já viu Cabaret umas vinte vezes, acho. O Enzo, umas cinco ou seis. Eles vão onde estou, e eu fico monitorando pelo telefone. Sophia é bailarina, sapateadora... O Enzo é músico. Toca cinco instrumentos, compõe. Ele quer fazer faculdade de música.
- Você continua apaixonada?
- Continuo apaixonadíssima!
- Vem casamento por aí, então?
- Ainda é cedo para falar em casamento. Já é quase um casamento, porque é tudo junto. Acho que esse encontro com o Jarbas é um encontro de luz, de alegria, de parceria na vida e na arte. Realmente é uma alegria a nossa relação. É lindo.