Na Bahia, a apresentadora Renata Alves, do 'Hoje Em Dia', fala de preconceitos e exalta força de suas raízes
Apresentadora do Hoje em Dia, da RecordTV, Renata Alves (43) faz da autenticidade uma filosofia de vida. Suas raízes nordestinas, valores e seu inconfundível sotaque romperam com barreiras do preconceito e conquistaram telespectadores de norte a sul do País. “Quer me deixar feliz? É quando leio nas mensagens: ‘você me representa!’. Quando volto para Aracaju muita gente me aborda para dizer: você é nosso orgulho em rede nacional. É você se ouvir, reconhecer expressões e comportamentos que mostram o quanto o Brasil é rico na identidade, o quanto somos diversos. Estou aqui para mostrar que é possível sonhar, trabalhar e alcançar!”, diz ela, que nasceu em Pernambuco, mas cresceu no Sergipe.
E fazendo jus ao ditado ‘o bom filho à casa torna’, Renata elegeu o Nordeste para curtir férias ao lado de seu Diego Gonzaga (42) e do filho, Dieguinho (12). Desta vez, a Bahia foi o cenário. De quebra, ela ainda passou alguns dias em Aracaju. “A Bahia é o maior estado do meu Nordeste. E por seu tamanho, apresenta várias diferenças e particularidades entre regiões. A Bahia consegue ser uma síntese do povo nordestino. Tem praia, sertão, metrópole, vilarejo… E quando a gente fala em turismo, a Bahia é aclamada no mundo”, diz.
– Como foram as férias?
– Férias são sempre bem-vindas para recarregar as energias. Foi muito bom voltar para casa, Aracaju, e ainda deu tempo de aproveitar os festejos juninos, que é uma época em que a cultura nordestina corre na veia! E descansei muito aproveitando as belezas naturais da Bahia.
– Quando se fala em Nordeste, as pessoas têm o costume de pensar em uma homogeneidade, mas cada estado tem suas características e particularidades...
– Cada estado do Nordeste tem belezas, sotaques, expressões diferentes. Nasci no Recife, mas fui com 2 anos para Sergipe. As minhas memórias afetivas estão mais ligadas a Aracaju. Mas não nego: quando chego a Pernambuco algo me diz que faço parte também de lá. As comidas de lá são imbatíveis para mim. Mas Sergipe me fez amar o forró e a simplicidade de ser nordestina.
– Por falar em Nordeste, em algum momento da carreira ou na vida sentiu preconceito por ser nordestina? Como lida com isso?
– Sim, várias vezes, nas redes sociais e até no meio televisivo. Na Record, eles sempre valorizaram a minha identidade. Na verdade, o que nunca quis esconder se tornou a minha maior bandeira! Sou nordestina, sim, e tenho orgulho das minhas raízes. Nasci em família simples e tudo que conquistei foi por bênçãos de Deus e fruto do meu trabalho.
– Estar em um programa diário na TV, te ajuda a reafirmar questões de representatividade?
– Toda vez que encontrava o saudoso Paulo Henrique Amorim, nos corredores da emissora, ele falava: “Por favor, não perca o seu sotaque, a sua leveza e o seu jeito de sorrir. Essa é a sua identidade!”. Esse conselho levo comigo. Gostaria que o sotaque não fosse barreira, nem motivo de preconceito. Sou muito observadora e, até mesmo em telejornais do Nordeste, muitas vezes, repórteres e apresentadores tentam ‘camuflar’ o sotaque nordestino. Em muitas emissoras, existem fonoaudiólogos, justamente, para minimizar o sotaque, infelizmente. Dá para entender o quanto sou feliz e realizada em chegar a um lugar no qual meu jeito de falar foi valorizado?
– É muito difícil manter raízes em meio ao universo da fama?
– Imagine você começar em um emprego novo em que todos os seus colegas são milionários, e o que você só quer mesmo no momento é sair do aluguel? Assim é começar a trabalhar na televisão (risos). Mas sempre fui pé no chão, nunca fingi ser o que não sou. Até porque ser natural é a mais difícil das poses.
– A expressão ‘Bora Lá’ foi popularizada por você na TV. Como encara esse movimento?
– Eu apresentei o ‘Bora Lá’ ao Brasil. Hoje é um termo que você ouve até em dublagem de filme. Mas fui boba comercialmente e não registrei. Falei a primeira vez o termo no Domingo Espetacular. A editora me ligou e perguntou o que era aquilo, o que significava! Depois de um tempo, pegou! Foi uma forma que há quase 20 anos encontrei de deixar a linguagem mais coloquial na TV. Mas era bom se tivesse feito o link com a parte comercial. Caiu a ficha para mim quando uma grande marca de refrigerante fez uma campanha inteira baseada no termo ‘Bora Lá’. Não me mandaram nem uma latinha para eu tomar com pipoca.
– Apesar de ser apresentadora, você gosta de sair às ruas, entrevistar as pessoas...
– Quando estou na rua é uma energia diferente, sabe? Eu amo conversar com o povo, descobrir coisas novas, soltar aquela risada gostosa no meio da reportagem. Quando pego a estrada, tantas vezes me emociono, passa um filme tão bonito na minha cabeça. Não admito não entregar o meu melhor, gosto de mergulhar de cabeça, de experimentar cada história que estou contando. Toda vez antes de gravar na rua ou no estúdio, só peço: ‘Senhor, que eu seja sal e luz por onde passar’.
– Neste ano, você e Diego completam 20 anos de casados. Qual a importância dele na sua trajetória profissional e pessoal?
– Diego é o meu alicerce, uma pessoa extremamente amorosa, inteligente, racional e que, por ser da mesma área, entende perfeitamente o meu trabalho. É uma pessoa que está sempre me instigando a mudanças, a novos desafios, e sei que sempre torce por mim.
– Seu filho está na pré-adolescência. Como tem sido a fase?
– Está enorme, mas sempre será nosso Dieguinho. Está na pré-adolescência e temos uma cumplicidade linda. A gente conversa muito, sempre mostrando que somos os melhores amigos dele. Um menino amoroso, educado e gentil com as pessoas.
FOTOS: DIEGO GONZAGA
Ver essa foto no Instagram