"Levei um susto violentíssimo", diz Lucinha Lins reflete ao revelar problema de saúde que a deixou dois meses no hospital
A atriz e cantora Lucinha Lins, que completou 70 anos no último dia 9 de março, transforma o tempo em aliado e passa longe de arrependimentos. “Eu fiz o que pude. Aos 70 anos, insisto na juventude”, parafraseou a artista, ao realizar uma adaptação da música 50 Anos, de Aldir Blanc (1946-2020). Recuperando-se de uma pancreatite de repetição, ela está animada por voltar ao trabalho.
Em cartaz em São Paulo com a peça As Meninas Velhas, em breve, a artista vai se aventurar em algo, até então, novo para ela: o cinema. E para reforçar a fase de conquistas, ainda celebra bodas de esmeralda com o eleito, Claudio Tovar (78). Mãe deClaudio Lins (50), Luciana Lins (50), João Lins (46) e Beatriz Tovar (37) e avó de Tito (13), Lui (10) e Mariano (9), ela é generosa com o passado, esperançosa com o futuro e grata pelo presente. “O hoje sempre será o melhor dos tempos”, afirma a estrela, que abriu as portas do lar carioca e o coração para CARAS.
– Feliz com a chegada dos 70 anos ou a idade te assusta?
– Feliz! Acho que os 60 me assustaram muito. Até os 50 eu me achei muito chique, 40 foi chiquérrimo! Aos 50, você cria mais certezas a respeito pelo menos do que você não quer mais. O que você quer, a gente sempre vai ter dúvidas e vai querer sempre mais e mais, porque da vida eu quero a vida e o que ela me apresenta. Mas os 60 me assustaram bastante.
– Por quê?
– Porque você lida com a mortalidade, você pensa que já viveu muito mais que 50% da vida. Você cai na real que está envelhecendo e é muito difícil. Devo estar ficando muito ridícula. Porque sou uma senhora de 70 anos, mas eu tenho uma cabeça animada, alegre, brincalhona, eu tenho netos, tenho muita gente jovem à minha volta. E, quando eu ficar muito ridícula, eu espero que os meus filhos me digam: “Você não pode mais, você tem 70 anos!” Enquanto isso a gente vai vivendo (risos).
– Mas isso mudou, hoje em dia se fala muito sobre etarismo...
– Pois é. O avô de hoje surfa com o neto na praia. Ele não é aquele velhinho aposentado jogando cartas apenas. Não é uma busca da juventude, eu acho que tem a ver um pouco com saúde, com alegria de viver. Mas o ritmo muda, alguma coisa acontece no seu coração e você fica diferente. Eu acho que ficar mais velho faz com que a gente fique menos egoísta conosco. Porque o outro sempre foi mais importante. Você tem um lado que serve a família, aos filhos, que se vira para botar comida em casa. E tem uma hora que os filhos crescem, né? Agora, são netos, eles não moram com você. As pessoas à sua volta, os seus amigos, também mudaram seus ritmos. E, nessa, você começa a se perceber muito melhor.
– O que você percebeu?
– Eu acho que sou uma pessoa melhor de mim para mim com a idade. Tenho um pouco mais de cuidado comigo, me olho melhor, me respeito mais. A gente só sabe dizer sim. Eu tenho muita dificuldade de dizer não e eu descobri que o não também tem um significado de proteção. Quando você consegue dizer não na sua vida, internamente, você está dizendo sim para você e isso é uma proteção que você precisa aprender.
– Lida bem com o envelhecer?
– Da melhor forma possível. É inevitável, né? Tem dias que me sinto com 112 anos, tem dias que me sinto com 15, tem dias que eu me sinto com 70. Acho que estou envelhecendo bem. Andei muito doente no final do ano, levei um susto violentíssimo. Eu arranjei uma pancreatite de repetição que me botou em um hospital dois meses. Fiquei muito assustada!
– Deu medo de morrer?
– Com certeza. Achei que eu podia morrer e ainda tenho tanta coisa para fazer. Eu não quero morrer, não. Ainda não! Fiquei chateada, nervosa e depois pensei que iria sair dessa. Tenho um ano meio complicado pela frente, eu tenho uma cânula, uma prótese dentro do meu pâncreas, que será retirada em abril. E está tudo funcionando. As dores, que foram violentíssimas, acabaram e estou retomando a minha vida.
–Você está no teatro...
– Sim. E além do espetáculo As Meninas Velhas, no meio do ano tenho dois filmes. E eu não tenho muita experiência com o cinema.
– Então vai fazer algo novo...
– Olha o que eu tenho para aprender neste ano, que loucura! Estou com medo. Com essa história da pancreatite, fiquei mais insegura. Vou mudar o meu foco do medo físico que tenho no momento e me jogar e aprender a fazer cinema com dois filmes seguidos. Eu estou feliz com isso! Serei a grande protagonista no primeiro e uma das protagonistas no segundo. Estou apavorada, mas farei o melhor possível.
–Você e o Tovar estão comemorando 40 anos juntos. Qual o segredo para uma relação tão longeva como a de vocês?
– Um homem que abriu portas na minha vida, no meu corpo, no meu coração, na minha cabeça, que me apresentou universos que eu não conhecia. E eu tinha outras coisas para apresentar para ele também e lá se vão 40 anos casados. Não tem segredo, tem carinho, tem amizade, tem alegria, tem dias que ele quer me jogar pela janela, eu também quero jogá-lo, mas é só aquele momento. Só não tem problema quem não conta. Sou muito tiete do meu marido, acho ele um gênio. A admiração que nós temos um pelo outro consolida muito o nosso amor.
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