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Revista / CARREIRA

Heslaine Vieira, de Fuzuê, colhe frutos de sua persistência nas artes: 'Muita fé'

Em entrevista exclusiva à Revista CARAS, Heslaine Vieira relembra obstáculos que encarou antes de se consolidar na teledramaturgia nacional

por Fernanda Chaves
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Publicado em 01/03/2024, às 09h00

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Com o fim da novela Fuzuê, Heslaine Vieira estreia a última temporada da série As Five - FOTOS: VINÍCIUS MOCHIZUKI; ASSISTÊNCIA DE FOTOGRAFIA: RODRIGO RODRIGUES E JOSIAS VIEIRA; BELEZA: WALTER LOBATO / TITTO VIDAL / PAULA CRIS; STYLIST: PATRICIA BASTOS E GUSTAVO ROCHA
Com o fim da novela Fuzuê, Heslaine Vieira estreia a última temporada da série As Five - FOTOS: VINÍCIUS MOCHIZUKI; ASSISTÊNCIA DE FOTOGRAFIA: RODRIGO RODRIGUES E JOSIAS VIEIRA; BELEZA: WALTER LOBATO / TITTO VIDAL / PAULA CRIS; STYLIST: PATRICIA BASTOS E GUSTAVO ROCHA

Foi como a nerd Ellen, da global Malhação: Viva a Diferença, que Heslaine Vieira (28) se apresentou para o Brasil. Após ter encarado a personagem por um bom muito tempo — além da trama, ela ainda interpretou Ellen no spin-off As Five, do Globoplay, que chega ao fim com sua terceira temporada —, a atriz poderia ter ficado limitada a um perfil. Mas, para a sorte do público, em Fuzuê ela mostrou que pode ir além! Na pele da divertida, vaidosa e sensual Soraya Terremoto, a mineira surpreendeu o telespectador e se tornou destaque na novela global. Emocionada com o fim de dois ciclos tão importantes, a artista bateu um papo exclusivo com a CARAS e refletiu sobre o amor pela arte, vaidade, representatividade e conquistas.

– Soraya mostrou para o público outra faceta sua. Além do humor e da sensualidade, a personagem teve drama!

– Era o que eu precisava na minha carreira nesse momento. Eu já tinha trabalhado com comédia, mas não para o Brasil, em uma novela, em um projeto tão grande. Eu estudei, conversei com amigos comediantes para pegar o timing e foi uma delícia, um desafio. Aí, vieram as cenas de drama e pensei: ‘que prato cheio!’. Pude mostrar tantas camadas, porque ninguém é uma coisa só. É muito bom trabalhar assim, essa personagem enriqueceu minha carreira e sinto que aprendi muito. Me sinto realizada e olho para trás com muito carinho diante da minha história.

– História essa que não foi fácil. Você e sua família se mudaram de Ipatinga, MG, para o Rio, para lutar por esse sonho e enfrentaram dificuldades...

– Somos pessoas de muita fé, mas minha mãe, principalmente, é a grande responsável por isso tudo. Ela sempre falou para a gente não abaixar a cabeça, não desistir, porque a gente ia subir a montanha. A gente vive em um mundo muito desigual, racista, misógino, machista e, agora, estamos discutindo tanta coisa. É tão feliz para mim poder ver na televisão o sucesso como o da Duda Santos, tantas caras novas com oportunidades de personagens muito densas, com camadas, com família, com protagonismo. E aí eu lembro da minha mãe falando isso, que a gente ia subir a montanha, seja ela do tamanho que for, independentemente das condições desiguais que são oferecidas, que a gente não iria desistir. Eu olho para trás feliz de ter persistido.

– É importante falar sobre a representatividade, que está cada vez mais presente nas produções. Você também torce para que um dia isso seja tão comum que nem precise ser uma pauta?

– Sim. Acho que estamos dando passos mais largos. Obviamente que existe um longo caminho a ser percorrido. Hoje em dia tem representatividade, mas acho que cada vez mais a gente vai ter protagonismos sem que isso seja questionado, apontado. Eu quero fazer uma comédia romântica, uma mocinha apaixonada! Óbvio que todas as questões não vão deixar de permear as histórias, porque vou continuar sendo uma mulher negra, ainda que contando uma história de amor. Eu adoraria, por exemplo, fazer um filme de comédia romântica. Acho que a gente vai chegar a esse lugar, inclusive na publicidade também, né? O mercado está se abrindo e estou feliz de poder ver isso.

– Soraya mexeu com sua autoestima, com sua sensualidade?

– O meu tesão em ser atriz é criar personagens que tenham camadas para que elas pareçam humanas, para que pareçam que seja eu. Só que não sou nem a Ellen, nem a Soraya, sou muito diferente das duas. Como humana, também tenho momentos mais introvertidos, mais sensuais. A Soraya tinha uma autoconfiança que eu até precisava trabalhar um pouco (risos). Eu chegava em casa um pouco cansada fisicamente por conta dessa demanda de energia, ela era muito dona de si! Eu também sou, mas em outro lugar. Mas foi bom porque pude pegar um pouquinho para mim dessa autoconfiança.

– Você é vaidosa?

– Eu sou. Gosto sempre de mudar de cabelo, de me sentir bem com o que estou vestindo, de cuidar do cabelo, de fazer skincare. Agora, por exemplo, vou aprender a fazer maquiagem, então gosto desse universo da beleza. Mas também gosto e estou aprendendo a me ver sem todos esses artifícios. Eu tinha desacostumado a me ver sem maquiagem, sem mega hair, sem nada. A Soraya foi um exercício que fiz, pois eu chegava em casa e tirava tudo, fazia questão de ter esse momento comigo. Eu comecei a fazer isso, mas, ao mesmo tempo, acho que é um poder nosso. Tem que ser uma escolha colocar maquiagem ou não, colocar cabelo ou não. Estou a fim de instaurar um movimento! A Paolla Oliveira até já começou (risos), que é: Está tudo bem! Vamos dar força para a gente, para o day off, porque não é fácil encarar todo dia essa montanha de compromissos, essa montanha de maquiagens, de cabelo e de artifícios que a gente tem que colocar. Na vida, muitas vezes, você vai me encontrar de jeans, tênis, cabelo preso, não vou dizer que totalmente sem maquiagem, porque a gente geralmente está maquiada, mas com muito menos produto do que eu usava antes e isso é libertador!

– O que espera do futuro profissional e pessoal?

– Sinto que um grande ciclo se fechou e, a partir de agora, começo um outro, que espero que seja incrível também. Eu quero solidificar meu trabalho para que ele seja longo e que fale com as pessoas. A arte transformou a minha vida e sinto que ela é capaz de mudar a vida das pessoas, porque ela corrobora para novas linhas de pensamento para a construção da sociedade como um todo, então fazer parte disso me emociona.

FOTOS: VINÍCIUS MOCHIZUKI; ASSISTÊNCIA DE FOTOGRAFIA: RODRIGO RODRIGUES E JOSIAS VIEIRA; BELEZA: WALTER LOBATO / TITTO VIDAL / PAULA CRIS; STYLIST: PATRICIA BASTOS E GUSTAVO ROCHA