Bárbara Reis, protagonista de 'Terra e Paixão', rompe padrões e exalta suas origens
Os ventos sopram a favor de Barbara Reis (33). Talentosa e dedicada, a atriz dá vida à sua primeira protagonista em novelas — e logo no horário nobre — e tem aproveitado o momento com força e gratidão. Estrela da global Terra e Paixão, ela segue com a agenda cheia por conta das gravações, mas reservou a manhã de um domingo para fotografar para a CARAS na Casa Julieta de Serpa, no Rio de Janeiro. “O foguete foi lançado e eu tenho que pegar na cauda dele, porque o sucesso é muito efêmero, ele vem e se você não pega na cauda dele, você perde. Então, agarro todas as oportunidades que posso e não faço corpo mole”, afirma a artista que, em breve, es- tará no ar em dose dupla na TV Globo, com a estreia de Todas as Flores. Além disso, Barbara está na trama central de O Negociador, série da Prime Video. Enfim, 2023 é o ano dela! “Esse momento está incrível, mas sempre pode melhorar”, destaca ela, otimista com a fase.
Você não acreditou quando foi chamada para fazer um teste para ser a protagonista...
É que eu estava vivendo um momento tão bom em Todas as Flores. Acreditava que não pode- ria ter algo melhor. E ninguém espera que, do nada, o telefone vai tocar para você fazer um teste para ser protagonista de uma novela das 9 do Walcyr Carrasco. Fiquei com uma sensação de ‘será que eu tenho capacidade?’. A gente sem- pre acaba duvidando, por mais que você conheça a sua jornada, saiba tudo o que atravessou para conseguir alcançar esse status de um protagonismo dentro da maior emissora de TV do País.
Sente que chegou ‘lá’?
Eu encaro a profissão como uma grande guerra e cada trabalho que faço é uma batalha, é uma barricada que atravesso para continuar ultrapassando as fases dessa guerra para poder vencer. E vencer é estar sempre em movimento, sempre trabalhando. Não é chegar a um lugar, é chegar a esse lugar e permanecer lá.
Você tem emplacado bons personagens, mas protagonista é protagonista. Qual é a importância de ocupar esse posto?
A importância é pelo que eu represento, pelo fato de eu ser essa mulher negra no lugar de destaque que, até então, a gente não era co- locado. Eu represento muitas pessoas, um Brasil inteiro, não só o gênero feminino, mas o masculino também, por ser um corpo negro no lugar de protagonismo.
Você não se via na TV?
Eu não me via. Falando em geração, a minha referência de mulher de sucesso no audiovisual era a Taís Araujo. Então, é importante que ocupem não só comigo, mas que a gente continue tendo essa colocação de pessoas negras nesses lugares de destaque, porque acredito que a gente só constrói a imagem de um ideal possível quando a gente forma essa imagem diariamente na casa das pessoas, de você ver que é um lugar digno de a gente ocupar. Esse movimento é importante para que, no futuro, a gente nem precise mais falar sobre isso, que realmente seja natural você ver uma mulher negra como protagonista.
É sobre representatividade...
E eu fico feliz porque fujo também do padrão da estética física que era colocada na TV, de só mulheres magras. Então, acredito que venho com um pacotão, uma mulher com coxa grossa, com quadril largo, com celulite, não tendo essa luta, essa cobrança por uma estética. Acredito que todas as mulheres são de verdade, mas acho que também rompe muito com esse padrão que hoje deixa muitas pessoas doentes, que- rendo perseguir um ideal estético que não existe.
O que mudou na sua vida depois que virou protagonista?
Agora saio na rua e não passo mais despercebida, todo mundo sabe quem sou, pede foto, mas é gostoso sentir o calor do público. Só que não tenho tanto tempo para sentir isso, tem sido de casa para a Globo e da Globo para a minha casa.
Noticiaram que você tinha se mudado do Méier, que estava re- negando suas raízes...
É porque acredito que sou uma artista que não polemiza, não estou nos tabloides. Tenho o meu relacionamento, a minha vida pessoal muito restrita, por- que acredito que quem é feliz não fica gritando por aí. Sou do time do calada vence. Eu dou valor a quem sempre esteve comigo e acredito que as pessoas adoram comparar situações com outras que não têm nada a ver. Agora, percebendo essa exposição, que- rem falar da gente. Então, ficam buscando coisas para que, de alguma forma, polemizem isso e mudem totalmente as coisas. Eu me mudei, sim, mas não saí da zona norte, continuo lá porque zona norte sou eu. E eu não sou fechada a mudanças, eu nunca disse que não sairia de onde vim. Sou fluida, uma pessoa que abraça oportunidades quais- quer que elas sejam, mas sigo na zona norte.
Você não se deslumbrou...
Minha família sempre foi estruturada e me deu esse lugar de pé no chão, de não esquecer que tudo foi conquistado com esforço e trabalho. Meu sonho é viver do meu trabalho e, se de alguma forma eu desrespeitar o meu meio de trabalho deixando isso subir à cabeça, sei que vai me prejudicar. Gosto de tratar as pessoas da forma como gostaria de ser tratada. Deixar o sucesso subir à cabeça não dialoga com a pessoa que sou.