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Revista / Cinema

Berlim fica bem mais feminina e crítica

Filmes trazem temas como liberdade e Red Carpet é democrático

Revista CARAS Publicado em 10/03/2020, às 13h41 - Atualizado às 16h53

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Elle Fanning, Sigourney Weaver e Salma Hayek - Getty Images
Elle Fanning, Sigourney Weaver e Salma Hayek - Getty Images

O desfile de belas atrizes e seus invejados vestidos mais uma vez pontuou o tapete vermelho do Berlinale, um dos principais festivais de cinema do mundo que acontece em Berlim. Mas o evento chegou à sua 70ª edição marcado por fortes críticas sociais. Vencedor do prêmio máximo do evento, o diretor Mohammad Rasoulof (48), por seu longa-metragem There is no Evil, não pôde comparecer porque foi impedido de sair do Irã, onde vive. Forte crítico do regime islâmico, ele teve que burlar uma proibição vitalícia para filmar, além de ter sido condenado à prisão por um ano em 2017. “Gostaria que ele estivesse aqui. Muito obrigado a toda esta equipe incrível que arriscou sua vida para estar no filme”, discursou o produtor Farzad Pak ao receber o Urso de Ouro. O filme conta quatro histórias que denunciam um regime pautado no cerceamento de liberdades, com tom crítico e questionamento da pena de morte. O longa concorria com outras 17 produções, incluindo o brasileiro Todos os Mortos, do capixaba Caetano Gotardo (38) e do paulista Marco Dutra (39), que discute a herança da escravidão na virada do século XIX. O Urso de Prata ficou com o filme Nunca Raramente Às Vezes Sempre, de Eliza Hittman (41).

Dos 18 filmes concorrentes, seis foram dirigidos por mulheres. “Não é paridade, mas é um caminho para alcançá-la”, explicou o italiano Carlo Chatrian (48), presidente da Berlinale. A ex-candidata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton (72) esteve no evento para prestigiar um documentário sobre sua trajetória. “Eu era alvo de todas as expectativas e frustrações impostas a uma só pessoa. Mas não estou numa fase de olhar para trás e, sim, para a frente”, discursou ela. Já o presidente do júri, o ator Jeremy Irons (71), preferiu se antecipar às críticas. Recentemente, ele viu antigas falas suas circulando nas redes sociais, todas com tons homofóbicos e machistas. “Sou totalmente a favor dos direitos das mulheres e contra o tratamento abusivo e desrespeitoso por parte dos homens. Além disso, aprovo o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todos os lugares onde a prática foi autorizada. Sou a favor do aborto, se assim a mulher decidir. E espero ter colocado uma pedra sobre esses antigos comentários”, avisou ele. Também integrante do júri, o pernambucano Kleber Mendonça Filho (51) foi questionado pela imprensa internacional sobre a atual situação do cinema brasileiro.

Mesmo diante do atual panorama, o Brasil teve presença recorde no festival, com 19 filmes selecionados e algumas premiações paralelas. O longa Meu nome é Bagdá, de Caru Alves de Souza (41), ganhou o prêmio do júri de Melhor Filme na mostra Generation, dedicada ao público infanto-juvenil. A decisão foi unânime e o público aprovou aplaudindo de pé. A produção conta a história de uma jovem skatista chamada Bagdá na cidade de São Paulo. “É sobre solidariedade entre mulheres e sobre as dificuldades que elas enfrentam no dia a dia. Eu acho que é um retrato de uma parte da juventude brasileira, que já tem um discurso político muito elaborado, desde cedo”, disse o diretor.

Na mostra Panorama, a segunda mais importante do festival, o Brasil concorreu com cinco filmes, entre eles, o comentado Nardjes A., de KarimAïnouz (54), sobre uma jovem ativista que luta pela democracia na Argélia. O documentário foi todo filmado em celular. “Fiz este filme por uma frustração de não estarmos tomando as ruas como o povo argelino. Precisava encontrar uma luz em algum lugar”, disse ele. Em 2020, foram exibidos 340 filmes na capital alemã produzidos por 71 países.