Médico une superação pessoal e avanços tecnológicos para cuidar de pacientes com excelência
Aos 16 anos, o neurocirurgião Pedro Góes enfrentou o que descreve como um divisor de águas em sua vida: um acidente de bicicleta que o deixou em coma e o obrigou a lidar com limitações físicas e neurológicas. “Fui atropelado por um caminhão e passei semanas internado. Perdi memória, tive dificuldades cognitivas e precisei reaprender muitas coisas. A música virou minha terapia naquele período pois precisei ficar afastados dos esportes pelo risco de crises convulsivas”, relembra.
A vontade de cursar medicina já existia, mas o impacto emocional e físico do episódio fortaleceu seu desejo de cuidar de pessoas. “Vivenciei o medo, a dor e a incerteza que os pacientes enfrentam. Isso moldou minha forma de atender e me conecto especialmente com quem chega carregando histórias de sofrimento”, comenta.
Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e com especialização em neurocirurgia e mestrado pela Universidade Federal de São Paulo, construiu uma trajetória marcada pela dedicação ao aprendizado contínuo. Ao longo dos anos, acumulou pós-graduação na Harvard Medical School e estágios em hospitais nos Estados Unidos, Alemanha e Canadá.
“Minha formação é resultado de muitas mãos. Sempre que participo de congressos ou estágios fora do Brasil, volto com novos aprendizados que aplico no dia a dia. A neurocirurgia é uma área em constante evolução, e precisamos estar preparados para oferecer o melhor em termos de segurança e recuperação”, reflete.
“Lembro que meus pais ficaram transtornados com o acidente por muito tempo. Esse medo da sequela neurológica é marcante nas consultas. Sempre busco acolher essas emoções, porque tratamos pessoas, não apenas diagnósticos. A história de cada paciente é única e merece atenção”, enfatiza.
Sua atuação é focada em patologias do cérebro e da coluna vertebral, mas olhar o paciente como um todo, incluindo os aspectos psicológicos e familiares, está entre suas prioridades. “O papel do médico não é apenas técnico e não pode ser frio. A dor crônica afeta mais do que o físico. Ela compromete relacionamentos, a saúde mental e até o ambiente familiar. Não dá para tratar só a ressonância magnética. Temos que ouvir o paciente e entender o contexto social e emocional em que ele está inserido, bem como ter o apoio de colegas da psicologia e fisioterapia na jornada de tratamento. Uma das perguntas mais frequentes é: vou voltar a ser quem eu era? Tento explicar cada passo do que faremos, e quais são as expectativas reais, porque a confiança e o entendimento são fundamentais para o sucesso terapêutico”, afirma.
Nos últimos anos, as técnicas minimamente invasivas revolucionaram a neurocirurgia. “Hoje temos ferramentas como microscópios de última geração e resolução 4K, que permitem abordagens mais seguras e menos invasivas. Mas o maior benefício não está na cicatriz menor, e sim na redução do impacto sobre o tecido cerebral, medular e muscular, o que acelera a recuperação e minimiza complicações”, explica.
Além disso, destaca como o avanço tornou acessível o tratamento de condições complexas, como Parkinson e epilepsia refratária. “No caso da doença de Parkinson, temos o DBS, ou Deep Brain Stimulation, um implante cerebral profundo que regula os impulsos e melhora a qualidade de vida. Essas tecnologias estão em constante evolução, mas já são realidade e mudaram a realidade de muitos pacientes”, pontua.
Mesmo com uma rotina intensa entre consultórios e hospitais ele dedica parte do tempo ao doutorado na UFRJ. Para ele, a formação acadêmica é tão importante quanto o trabalho prático. “Quanto mais avançamos na carreira, mais percebemos que nunca sabemos o suficiente. A medicina exige humildade e aprendizado constante”, reflete.
Sobre os próximos passos, enfatiza o desejo de continuar aprimorando a relação entre tecnologia e humanização. “Acredito que a medicina brasileira está num ótimo momento, especialmente pelo acesso mais rápido às inovações globais. Meu objetivo é estar sempre atualizado com o que há de mais moderno na neurocirurgia pelo mundo, honrando a confiança que os pacientes depositam em mim”, finaliza.
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