Cássia Eller faleceu em 2001, aos 39 anos; Marco Rodrigo conversou com a CARAS Digital e relembrou momentos com a cantora
O dia 29 de dezembro de 2001 ficou marcado para muitos fãs da música brasileira!
Aos 39 anos, Cássia Elller nos deixou de forma precoce e inesperada. Responsável por várias canções de sucesso, como Malandragem, O Segundo Sol, Por Enquanto, Palavra ao Vento, entre outras, a artista marcou o cenário da música com a sua voz inesquecível e com músicas que são ouvidas até hoje. Ao todo, ela lançou 5 discos de estúdio e 3 álbuns ao vivo e, também foi referência e inspiração para a comunidade LGBTQIA+ na década de 1980.
Para prestar uma homenagem para essa incrível cantora, no ano em que completa vinte anos de sua morte, a CARAS Digital conversou com o diretor de novelas Marco Rodrigo, famoso por dirigir novelas globais como Senhora do Destino, Fina Estampa e Cobras & Lagartos.
Marco, que também era vizinho da cantora, contou que a conheceu em 1989, na casa de um amigo em comum. "Nós conhecemos na casa dele, em um encontro de amigos de final de semana, depois desse dia começamos a nos ver sempre", relembrou. Segundo Marco, diariamente os dois tomavam café em uma padaria: "A gente sentava para tomar um café e ficava conversando por horas. Existia uma relação mais profunda, acontecia diariamente. Os assuntos eram profundos, conversas sobre vida, arte, música, família, eram papos assim, bem profundos, e me lembro bem dela, dessa profundidade sempre ao acaso", emendou.
Vinte anos após a morte de sua amiga, ele ressaltou que até hoje se lembra com clareza de uma dica que recebeu de Cássia: "A Cassia sempre me falou que se você quer cantar uma música no show, o único jeito de ficar bom é ensaiar até a exaustão e isso eu faço até hoje. Qualquer música que vou cantar no show meu eu ensaio até o limite pra ficar o mais orgânico possível na hora que eu esteja tocando".
Foto: Marco em um dos seus shows com a presença de Cássia Eller (Arquivo Pessoal)
O diretor também falou um pouco sobre como era relação de Cássia com a família e o amor que costumava mostrar ao falar do filho, Francisco: "O filho dela eu só conheci ele agora, há pouco tempo, encontrei por acaso mas não sabia que era ele. Todas às vezes que nós falávamos de família, ela falava do filho com amor imensurável, algo transcendental, muito forte. “Quando você tiver o seu, você vai ver como é que é", recordou.
ÚLTIMO ENCONTRO
Durante a conversa, o diretor revelou que o último encontro com a amiga foi coisa rápida: "A última foi muito rápido, eu estava de passagem… foi pouco antes dela falecer, no baixo Leblon, eu estava passando por lá de carro e ela estava em pé conversando, passei e falei “E aí Cassia”, ela disse “Fala Marquinho”. Esse foi nosso último encontro", disse, fazendo questão de relembrar a penúltima vez na presença da cantora, em uma festa.
"Foi em uma festa no Leblon, ela estava em meio de uma turnê e tinha duas semanas de folga dessa turnê, era aquele show que ela fazia só de violão, era ela e mais dois, o show se chamava Veneno Antimonotonia, era só com músicas do Cazuza, e ela comentava sobre isso que era algo muito legal, e que ela estava curtindo, eu já tinha feito pequenas turnês assim e trocávamos muito isso pois era uma experiência diferente fazer só show com violão, diferente de um show normal", contou.
DIA DA MORTE
Marco recordou que no dia 29 de dezembro de 2001, ele estava na casa dos seus pais em Laranjeiras, bem perto da clínica em que a amiga faleceu: "Vi a notícia na televisão que ela tinha passado mal a noite e estava sendo atendida. Eu fiquei MUITO apavorado, muito aflito e depois nesse mesmo plantão de notícias veio a notícia que ela tinha falecido, foi muito arrasador, muito triste, parecia que um pedaço do sonho tinha ido embora, não sei explicar, é difícil você ver a morte de um ídolo, principalmente quando ela era sua amiga", lamentou.
Cássia faleceu após sofrer três paradas cardiorrespiratórias. Na época, o boletim médico, assinado pelo diretor da clínica e divulgado após a morte, informou que Cássia chegou à clínica "com quadro de desorientação e agitação, tendo evoluído rapidamente para depressão respiratória e parada cardiorrespiratória".
"Todos os nossos encontros até hoje guardo com muito carinho e sempre emocionado ao falar, são registros que ficarão para sempre em minha memória", finalizou Marco Rodrigo.
"Eu só peço a Deus / Um pouco de malandragem / Pois sou criança / E não conheço a verdade", Cássia Eller - 10/12/1962 - 29/12/2001.