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Música / Lollapalooza 2019

Scalene lança música com crítica social e propõe reflexão para a geração do meme

Atração do Lollapalooza 2019, a banda lançou a música 'Desarma' como critica à cultura armamentista no Brasil

Baárbara Martinez Publicado em 05/04/2019, às 11h10 - Atualizado em 08/04/2019, às 14h16

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Scalene - Gabriel Oliveira
Scalene - Gabriel Oliveira

Pela segunda vez Scaleneirásubir ao palco do Lollapaloozatocando o dedo na ferida. No atual momento político em que o país se encontra, os artistas lançaram recentemente o single Desarma em parceria com BK. A músicacritica a facilitação da posse de armas no Brasil e, consequentemente, o crescimento da cultura da violência incentivado principalmente discurso pró-armamentista. 

Animado com o retorno em Interlagos, o guitarrista Tomas Bertoni conversou em exclusividade com a CARAS Digital sobre as grandes mudanças no grupo e claro, sobre o show que será nesta sexta-feira, 5, no palco Budweiser às 14hrs. 

A primeira vez da banda no Lolla foi como uma possível promessa do rock nacional. Após muitos acontecimentos, hoje a banda é consolidada como conta o músico. "Essa responsabilidade foi mudando e tivemos tempo para ir entendendo ela [responsabilidade] e se acostumando. Os nossos álbuns deram certo, a galera curte, ganhamos Grammy [Melhor Álbum de Rock de 2016], tocamos em festivais, e é legal ver que aos poucos não somos mais promessa e somos uma realização. É mais gratificante. Será que daqui a três anos terá uma nova banda que vai ser a promessa e eles vão ser considerados os novos? É uma coisa legal, geracional e de evolução de mercado, o que é empolgante. É bem legal ver esse processo acontecendo. Ainda temos muito para onde crescer, é um longo caminho na música". 

Scalene se formou em Brasília, em 2009. Quatro anos depois, lançaram o álbum Real/Surreal, que conquistou um grande público. Amanheceu, faixa do disco, segue até hoje como um dos maiores sucessos deles.

Em seguida, os músicos ganharam uma maior visibilidade após a passagem pelo SuperStar, talent show da TV Globo. Participando da atração, a banda lançou o segundo disco, Éter, que deu aos brasileiros o Grammy Latino. No momento agitado envolvendo o disco e a produção televisiva, segundo Tomas, a emissora tentou intervir no trabalho.

"A gente estava com o lançamento do Éter programado para segunda ou terceira semana de maio de 2015, e acabou sendo durante o programa. A Globo até entrou em contato com a gente para segurarmos esse disco porque achavam que a gente podia ir longe no programa e assinar com a som livre, que é da Globo. Eles queriam que a gente deixasse para lançar o trabalho com eles, mas a gente não parou, tínhamos acabado de tocar no Lolla, tínhamos acabado de fazer uma turnê nos Estados Unidos, então a gente já era uma banda que já existia, fazia show, recebia cachê. O Superstar foi uma das coisas mais relevantes que aconteceu na nossa carreira, mas seguimos. Não obedecemos a Globo e lançamos o CD mesmo assim", conta.

Revelando que o programa não influenciou tanto no direcionamento artístico e sim nas experiências individuais de cada um. Bertoni afirma que o reconhecimento por ter estado na Globo não causou deslumbramento ou mudanças drásticas na trajetória da banda, no entanto, o álbum seguinte Magnetite, que foi lançado depois do SuperStar, é o trabalho menos comercial deles. 

Lançando um single que gera questionamentos e críticas ao atual governo, a banda, que se posicionou na campanha ''Ninguém solta a mão de ninguém'', um manifesto contra o presidente Jair Bolsonaro, revelou que nenhum artista tem a obrigação de se impor políticamente. "Obrigar um artista, ser humano, a se pronunciar é exatamente algo não democrático, não humanista. Mas acho massa quem usa sua voz para defender algo". 

"É muito difícil se posicionar de uma forma que seja construtiva e não somente para contribuir ao ruído que ocorre nas redes sociais.
Não adianta ficar só ficar dando retweet em meme para participar desse joguinho de meme, de lacrar.  É muito visível que tem artistas usando a militância como marketing, o Felipe Neto faz isso por exemplo. Ele está mandando bem, mas está sendo marketeiro. 'Os fins justificam os meios' [
famosa frase erradamente atribuída a Nicolau Maquiavel]."

Para trazer mais questionamentos ao público do festival, Scalene faz promessas: "Setlist nova. Vai ter as músicas que a gente já toca ao vivo, mas desta vez estarão com uma ordem diferente. As projeções do palco também são novidade. E também teremos a participação do BK para cantarmos o single Desarma (escute aqui). 

Além deles, Duda BeatSilvaDubdogz com a participação do Vitor Kley, IZA,  entre outros, compõe o grupo de brasileiros que irão se apresentar em São Paulo. Já as atrações internacionais ficam com a banda Arctic MonkeysLenny KravitzKings Of LeonKendrick Lamar Jorja Smith.