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Luciana Mello exalta o legado de Jair Rodrigues

Com seu Ike Levy, a cantora revive as memórias do pai em refúgio preservado pela mãe, Claudine

Tamara Gaspar Publicado em 06/01/2017, às 07h45

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Com Ike, Luciana conta histórias do pai na Casa Clô Eventos, onde Jair morava - Paulo Santos
Com Ike, Luciana conta histórias do pai na Casa Clô Eventos, onde Jair morava - Paulo Santos

É em um refúgio pintado com as cores da natureza e embalado pelo som dos pássaros, em Cotia, na Grande SP, que a família de Jair Rodrigues (1939–2014) mantém vivas as memórias, a alegria e a musicalidade do saudoso cantor. Foi ali que Jairzão, como era carinhosamente chamado, viveu boa parte de sua vida. “Quando Jair partiu, fiquei com um vazio enorme no coração. Para amenizar a dor, resolvi abrir um restaurante bem aqui, onde vivemos tantos momentos felizes. É uma forma de compartilhar a história dele com as pessoas e me ajudar a superar”, afirma a viúva de Jair, Claudine (64), responsável por preparar a especialidade da casa, a feijoada. “Minha mãe sempre gostou de receber pessoas. Depois que ela transformou este lugar em trabalho, ficou mais feliz”, emenda a filha do casal, Luciana Mello (37). É neste espaço, aliás, que a cantora regularmente protagoniza saraus ao lado do irmão, o também cantor Jair Oliveira (41). “Aqui tem tudo que a gente gosta: comida e música”, diverte-se ela, acompanhada do marido, o fotógrafo Ike Levy (41), com quem tem Nina (7) e Tony (3). “Os clientes se tornaram uma grande família para mim. Eles se emocionam ao saber que estão na casa do ídolo e querem saber onde Jair almoçava, onde descansava...”, revela Claudine, que também pretende criar um museu sobre o amado no local.

Enquanto a feijoada era preparada, mãe e filha revisitaram o passado e deram boas risadas ao se lembrarem do patriarca do clã. “Nunca vi meu pai acordar de mau humor. Ele sempre foi agitado, falava alto e gostava de uma bagunça, no bom sentido! Seu maior legado, além da música, é a alegria”, recorda Luciana. “Não conheci ninguém tão humilde. Só tenho a agradecer por ter compartilhado 41 anos de minha vida com Jair”, diz Clô.

A presença e as lembranças de Jair são tamanhas que Luciana homenageou o pai em seu mais recente trabalho, o CD Na Luz do Samba. “Ele sempre perguntava quando eu iria gravar um CD só com sambas. Nunca me senti cobrada por ser filha de Jair. Sempre soube que queria estar nos palcos e a maior cobrança vinha de mim mesma”, confessa. Reforçando a veia artística da família, Nina já dá os primeiros passos na música. A pequena gravou com a mãe a faixa Roda de Baiana. “Nina é muito artística, tem até aquele jeito meio avoado. Gosta de cantar, pintar e criar textos. A hora do banho é seu palco. Se quiser seguir na área, vou apoiá-la, igual os meus pais fizeram comigo e com meu irmão”, atesta Luciana, toda orgulhosa.

Por falar nas crianças, Clô assume ser vovó coruja. “Minha fase de ser mãe e colocar regras já passou. Hoje, só quero curtir. Jair também era assim. O avô era outra criança ao lado dos netos. Eles tinham mais juízo que ele!”, brinca a matriarca, que zela com esmero pelo bem mais importante do amado, a família. “Se o mundo tivesse 1/3 da alegria do meu pai, sem dúvida estaríamos bem melhor”, resume Luciana.