Em entrevista à CARAS Brasil, Jorge Aragão revelou detalhes por trás do EP Projeto Identidade, que conta com participação do rapper Djonga
Em meio a confirmação da remissão completa do câncer que enfrentava, Jorge Aragão (74) tem motivos de sobra para celebrar sua nova fase. Se preparando para o lançamento de mais um projeto musical, ele acaba de divulgar uma faixa com o cantor Djonga (29). Em entrevista à CARAS Brasil, o artista abriu o coração sobre a parceria e o sentimento de experimentar a mistura do samba com o rap.
Intitulada Respeita, a canção é uma regravação da música Moleque Atrevido, lançada originalmente nos anos 90. Agora com uma sonoridade mais moderna, ela passou a se chamar Respeita e conta com versos escritos exclusivamente por Djonga.
Segundo o artista, o flerte com a musicalidade do rap surgiu pouco depois de uma parceria com Xamã na música Sempre Eu e Você, regravação de um dos grandes sucessos de sua carreira. "Eu comecei a entender melhor [sobre o rap], e até achar muitas semelhanças com o samba", disse.
"Então começamos a fazer esse projeto, com toda essa temática das pessoas negras, faveladas, de subúrbio. E agora eu conheci os meninos e comecei a me identificar com o Matuê, o Marcelo D2 que eu já até conheci, o Xamã, o Djonga e todos outros", completou.
Sabendo da importância que Djonga tem para as novas gerações e o respeito que ele tem conquistado dentro da indústria, Jorge disse que se sente feliz em trabalhar com um artista tão querido quanto o mineiro. "De cara, quando você olha para ele, já percebe que é um menino do bem, uma pessoa em que você se sente à vontade de estar do lado", conta.
"Fiquei muito contente de poder tê-lo comigo cantando, principalmente dividindo uma faixa que faz parte importante da minha trajetória musical. E agora somos autores parceiros, ainda bem", disse ele sobre os versos cantados pelo rapper. "Esse encontro foi como se eu já fizesse parte do mundo do Djonga, foi muito natural. Eu comecei a falar das coisas do início da minha vida, de não ter nada de internet, computador e tal. Fui falando das coisas de daqueles tempos como Bip, que a pessoas usavam na cintura e ele já foi colocando isso também na letra".
"Foi uma afinidade muito grande entre a gente, muito bacana. Eu me senti imensamente lisonjeado de saber como esses meninos estão prestando atenção na minha trilha musical, na minha vida", detalha o sambista, nos últimos meses enfrentou momentos delicados por conta da saúde.
As parcerias com Djonga e Xamã fazem parte do Projeto Identidade, EP que Aragão também cantará com outras estrelas da nova música brasileira como BK, Emicida, Lennon, Rappin Hood, Liniker e Negra Li. Além do sambista Xande de Pilares.
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Jorge explica que a escolha de trabalhar com nomes do rap nacional foi uma escolha baseada em muita pesquisa. Segundo ele, aos poucos ele foi percebendo que os gêneros são muito parecidos quanto a seu discurso de valorização da cultura negra e as vivências de seus cantores.
"Buscando entender essa musicalidade deles, comecei a ver que tinha uma coisa de periferia, comunidade, uma maneira de falar, de se expressar, que não tinha percebido ainda e isso se parece muito com o ser sambista", diz o artista. Ele conta que mergulhar no universo dos rappers fez ele relembrar composições antigas como Dobradinha Litgh, a qual ele afirmar ser uma de suas preferidas: "É a música que mais me define".
Preparando um álbu cheio de representatividade, o cantor aproveitou para celebrar a conquista de outros artistas negros como ele, que cada vez mais estão conquistando espaços e se tornando gigantes dentro do mercado.
"É como costumo dizer: Prestigiados são aqueles que usam a arte como luta. E eu fico feliz em saber o que fiz pela música. Temos a cor da noite, somos filhos de todo açoite, mas podemos construir diariamente novos caminhos. Seguimos unidos, mais fortes e mais lindos", finaliza.