No século 21, a mulher pode ser o que quiser. Por isso, Isis Valverde, Angelina Jolie e mais famosas usam produções boyish e looks ladylike. Veja o estilo versátil das fashionistas e a opinião de especialistas sobre essa dupla de sucesso
Você provavelmente não consegue imaginar a sua vida sem cardigã, blazer, camisa, terno e calça comprida. Exclusividades masculinas até as décadas de 1920 e 30, hoje as peças são tão difundidas que frequentam, inclusive, red carpets de grandes premiações - Angelina Jolie e Julia Roberts que o digam. Mas você também não deve dispensar uma cintura marcada e um belo decote quando quer se sentir feminina. Longe de ser uma contradição, isso apenas demonstra como a mulher conquistou liberdade para escolher suas roupas. O sucesso dos looks boyish e ladylike está aí para provar que ambos têm lugar garantido no guarda-roupa feminino. “Vale tudo na hora de se vestir, se você respeita o seu jeito de ser, o que gosta, e incorpora o que está usando”, afirma Tatiana Pucci, coordenadora do Senac Moda Informação.
+ Ladylike: cintura marcada e saia ampla valorizam a silhueta
O estilo boyish - que prevê a masculinização do vestuário feminino - é tão imponente quanto um decote ou uma fenda. “Faz a mulher se sentir poderosa”, garante Tatiana. Foi em busca da independência feminina que Coco Chanel, no período pós Primeira Guerra Mundial, criou sua famosa jaqueta preta feita de tweed, a camisa de jersey listrada com laço no pescoço - em referência ao estilo dos oficiais da marinha - e o tailleur, conjunto criado por causa da escassez de tecidos e que a estilista ajudou a popularizar. O smoking feminino foi lançado mais tarde, em 1930, por Yves Saint Laurent. “A roupa masculina, que hoje já tem modelagem e modelos ajustados à silhueta, aumenta a confiança da mulher no ambiente corporativo, além de inspirar conforto, funcionalidade de praticidade”, avalia.
E se no primeiro pós-guerra a mulher ganhou o visual boyish, depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947, Christian Dior resgatou a feminilidade com a sua coleção de estreia, que foi chamada de New Look justamente por ser diferente da moda da época. Sorte de Isis Valverde, Marion Cotillard, Scarlett Johansson, Emma Stone e Diane Kruger, que são adeptas do visual ladylike e usam a cintura marcada e o peplum do tailleur bar, e a saia ampla e ombro suave do look Corolla em releituras dos modelos assinadas pela própria Dior, Stella McCartney, Andrew Gn e até Chanel, que colocou o peplum na coleção de alta-costura para o inverno 2013. “Chegaram a dizer que o new look foi um retrocesso, mas não foi. Prova disso é o sucesso que faz até hoje! A moda sempre tem espaço para mais de um estilo”, afirma o consultor e stylist Arlindo Grund. Tanto há lugar para o boyish e o ladylike que a mesma mulher pode ser adepta dos dois, como prova a atriz Carey Mulligan. “Toda mulher é, por natureza, uma camaleoa: uma dia acorda querendo ser Sabrina (personagem de Audrey Hepburn no cinema), no outro, quer um visual menininho. Ela só precisa se sentir à vontade com a roupa”, diz Grund.
O look boyish não precisa ser composto apenas de peças adaptadas para o corpo feminino. Vale buscar peças no guarda-roupa do marido e do pai ou aceitar a proposta da moda masculina ‘nua e crua’ de Hermès, Alexis Mabille e Dries Van Noten. “Não tem problema usar todo o modelito de menino, mas as roupas são amplas e as proporções podem não valorizar a silhueta. Um acessório feminino ajuda a equilibrar o visual”, destaca o stylist. Na dúvida, a sugestão da consultora de moda Bia Paes de Barros é misturar os estilos. “Você pode colocar uma calça de alfaiataria e um mocassim com uma blusa acinturada de manga bufante. Mas tem que valorizar a silhueta, porque as camisas de colarinho fechado não ficam bem em mulheres de seios grandes, por exemplo”, afirma.
Tudo começou em Paris e é também na capital francesa que os estilos se reinventam - e se misturam. Na semana de moda de inverno, Chloé, Givenchy e Dior levaram à passarela camisas de colarinho fechado e modelagem ampla, blazers de ombros marcados e ternos. Balmain, Elie Saab e - novamente - Dior, nas coleções ready-to-wear, evidenciaram a cintura como na final da década de 1940. “A inclusão desses elementos nas coleções tem a ver com o DNA de cada marca. E apesar de o ladylike ser ultrafeminino e o boyish ser o contraponto, a moda sempre tem espaço para o que atende aos desejos femininos”, conclui Bia.