Queloide é o crescimento anormal das células de determinada porção da pele que estava em fase de cicatrização após um trauma. Às vezes o portador diz: “Não havia nada aí e de repente surgiu o queloide.” Na verdade, ele não percebeu, mas com certeza o local sofreu uma lesão, estava cicatrizando e evoluiu para a formação do queloide. O processo de sua formação, aliás, é este: durante a cicatrização, células chamadas fibroblastro passam a produzir um tipo específico de fibra colágena, o 3, em demasia. O crescimento desordenado desse colágeno produz protuberâncias de formas variadas. Não há como prever o surgimento de um queloide. Em geral ele cresce por algum tempo e para de crescer. Na pele, se mostra como uma cicatriz endurecida e mais escura do que o restante do órgão. Enquanto está em “atividade”, fica vermelho, como se fosse um tecido inflamado.
O queloide manifesta-se em homens e mulheres. Ocorre mais dos 10 aos 30 anos, sendo mais comum em torno dos 20 anos. Manifesta-se mais em negros, mestiços e orientais. No Brasil, infelizmente, ainda não existem estatísticas oficiais sobre o fenômeno, porém se sabe que é frequente. Na África, ocorre em cerca de 6% da população e nos Estados Unidos, em 1,5%.
Embora ainda não tenha sido provado, parece que se trata de um problema inato, ou seja, a pessoa já nasceria com predisposição genética para apresentá-lo. Grande parte dos casos, ou seja, mais ou menos 90%, ocorrem acima do abdome, sendo mais comum no tórax, ombros, costas e lóbulo das orelhas. Pode iniciar-se tanto após o surgimento de espinhas, da picada de um inseto e de uma lesão por catapora, quanto de agressões maiores, como queimaduras, cirurgias e a colocação de piercings ou de brincos.
O queloide não é uma doença grave nem mata, claro, mas incomoda bastante porque, na fase em que está crescendo, coça e dói. Já quando cresce muito em áreas visíveis da pele, pode mexer com a autoestima dos portadores. Eles têm vergonha, não tiram a roupa em público e não usam decotes.
Quem percebe que apareceu um queloide em sua pele deve consultar logo um médico dermatologista ou um cirurgião plástico. Boa alternativa, no serviço público de saúde, é buscar um especialista no Departamento de Cirurgia Plástica e/ou no de Dermatologia das Faculdades de Medicina Federais e Estaduais existentes nas capitais e em cidades grandes. Parte delas, como a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na capital paulista, tem ambulatório específico para o tratamento de queloide.
O diagnóstico é feito com exame clínico e o especialista deve ser cuidadoso, pois pode ser confundido com a cicatriz hipertrófica, que costuma surgir mais precocemente do que o queloide e cresce apenas ao longo da cicatriz, não formando protuberâncias na pele.
Existem diversas opções de tratamento para o queloide, porém com sucesso variável. Os combinados são mais eficazes. Os mais usados são: “fitas adesivas”, que vão comprimindo o queloide para reduzir seu volume; infiltrações de medicamentos com corticoide; e, enfim, sua retirada por cirurgia plástica, seguida de betaterapia (um tipo de radioterapia), para diminuir a possibilidade de voltar a crescer.