Os pediatras costumam indicar que a fase mais difícil para a alimentação das crianças é entre um ano e meio e três anos de idade, quando elas olham para a comida que está no prato e fazem careta, sem sequer provar. Mas quase sempre acabam comendo. Antes dessa idade, elas não têm muita noção e, depois dela, simplesmente decidem que não gostam de determinado alimento e pronto. Quem trabalha com nutrição diz que você deve oferecer o mesmo alimento inúmeras vezes (sem forçar) até a criança topar experimentá-lo. E, aí sim, ela pode começar a conversar sobre seus gostos.
Bons hábitos alimentares das crianças dependem dos pais
Ovo, amendoim e outros alimentos alergênicos podem fazer parte do cardápio dos bebês, diz estudo
Mesmo com a correria, não há nada mais importante do que começar o dia bem e, principalmente, bem alimentado, dizem os especialistas. "A criança mal alimentada tem dificuldade de aprendizado, irritação, falta de atenção e de sono e pode ter ganho de peso. Não podemos esquecer que a obesidade é uma doença crônica", alerta Carla Pelliciari, nutricionista. “Lancheira não é lixeira!”, é o que Carla diz aos pais. “Não coloque alimentos que nem fungos se interessam. Alimentos industrializados somente em último caso e quase nunca, por favor. A criança está em fase de experimentação. Então, é necessário apresentar alimentos coloridos, sabores e texturas", recomenda. No lugar de um suco de caixinha, é melhor mandar na lancheira um suco natural, feito em casa. Pães, biscoitos e bolos (sem recheio, de preferência) integrais podem fazer parte do lanche.
Na casa do chef Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó, o café da manhã tem um sabor “diferente”. Como seus pais são pernambucanos, Rodrigo incrementou a primeira refeição, feita por ele mesmo, das filhas Nina Maria, 4 anos, e Maria Flor, 3, com quitutes bastante tradicionais do nordeste, como tapioca, cuscuz, queijo de coalho, batata-doce, bolo de rolo e de fubá. “O café da manhã tem que ter carboidrato e proteína", diz a nutricionista. Observe duas opções de cardápio bem simples: "uma porção de cereal com leite ou iogurte e frutas picadas, ou pão integral com geleia de frutas sem açúcar, queijo branco e leite com achocolatado (também sem açúcar)", diz.
Crianças de quatro a seis anos precisam de 1.800 calorias todos os dias e o lanche corresponde de 10% a 15% do valor energético total. Ou seja, muita atenção na hora de montar a lancheira. E haja criatividade! Que o diga a jornalista Rita Lisauskas, mãe de Samuel, de três anos, que todo dia publica nas redes sociais uma foto com a hashtag #lancheiradoSamuca. "O desafio de montar uma lancheira saudável é diário. Ao percorrer os corredores do supermercado, vejo sempre poucas opções. Há corredores e mais corredores de porcarias, e poucas coisas que se enquadram na nossa filosofia. Criança enjoa fácil das novidades, então, a luta é inglória", desabafa a jornalista.
Rita já tinha hábitos saudáveis antes do filho nascer e, portanto, diz ter sido bastante natural para o pequeno Samuel incorporá-los. Mas esse é um ponto importante: as crianças se espelham nos pais, inclusive com relação aos hábitos alimentares.
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E a brincadeira das fotos rende discussões engraçadas. "Uma vez coloquei peito de peru na lancheira e fui 'massacrada’ porque 'tem sal demais'. Lembro sempre meus amigos que não é a lancheira ideal e, sim, a possível. Não adianta nada mandar coisas que Samuel não coma. Esse é o desafio: ser saudável e saboroso ao mesmo tempo", diz a jornalista.
O site americano Today I Ate A Rainbow (Hoje Eu Comi Um Arco-Íris, em tradução livre) tenta ajudar os pais a fazer seus filhos comerem de forma lúdica. Projetado para crianças a partir dos três anos de idade, um gráfico com as cores do arco-íris representadas por frutas e legumes é usado para controlar os alimentos consumidos diariamente. Uma ótima e divertida ideia, não?
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