Márcio Victor explica que 'lepo lepo' é a forma baiana de falar de amor. 'Mulher de verdade prefere o lepo lepo', acredita. Para ele, o hit já é a música do carnaval. 'O povo já decidiu'
‘Eu não tenho carro, não tenho teto e se ficar comigo é porque gosta do meu lepo lepo’. É bem provável que você já tenha cantarolado ou pelo menos ouvido o refrão por aí. Lepo Lepo da banda baiana Psirico é a principal aposta para 'música do carnaval' e conquistou fãs anônimos e famosos mundo afora. Entre os que se renderam à história do cara que não tem carro e nem teto estão Neymar e Daniel Alves – ao comemorar um gol no Barcelona e fazer a canção virar hit na Espanha - e Ivete Sangalo, que já incluiu Lepo Lepo no repertório de seu show.
“Já é a música do carnaval, o povo já decidiu. O prêmio do carnaval é uma coisa muito importante, a gente sonha e quer muito ganhar, mas o amor do povo, de toda imprensa, dos jogadores de futebol, já fez com que fosse a música do carnaval”, acredita Márcio Victor, vocalista da banda.
Mas o que significa o Lepo Lepo, afinal? “É o amor. É uma forma baiana de dizer do meu amor, do meu carinho”, explica o cantor à CARAS Digital. “Acho que cada um vê de um jeito, as crianças veem de um jeito inocente, a turma mais jovem leva para a azaração e tem a turma do lelelê”, diverte-se Márcio. “É uma forma de gritar não ao capitalismo e sim ao amor. Acredito que mulher de verdade prefere o lepo lepo. Tem muita mulher que prefere o dinheiro, bens materiais. No meu caso não tenho nada disso. Comigo é amor, alegria e diversão”, garante o cantor de 34 anos, que está solteiro. “Mas pretendo ter uns 11 filhos”, conta rindo.
O Psirico está há 12 anos na estrada, mas a carreira de Márcio Victor começou muito antes - aos 13 ele já cantava profissionalmente no Timbalada. De lá pra cá já tocou com Caetano Veloso, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Gilberto Gil, entre outros nomes consagrados da música brasileira.
No carnaval serão 14 shows em seis dias. Para aguentar a maratona, ele conta com uma equipe grande com direito a nutricionista, laringologista, fonoaudióloga e massagistas. “Minha equipe já tem experiência em fazer carnaval, já está comigo há muito tempo. Fico tranquilo”, diz.
Polêmica deu empurrãozinho
Uma polêmica envolvendo o cantor Cristiano Araújo, que gravou uma versão de Lepo Lepo em sertanejo, contribuiu para o sucesso da música. Vários artistas se mobilizaram e fizeram vídeos ressaltando que a canção era do Psirico, o que ajudou na divulgação. “O empresário dele me ligou, a gente resolveu essa questão, até penso em encontrar com ele. Isso acabou ajudando a gente a tocar em lugares que não tocava, todo mundo comprou a briga”, lembra Márcio Victor. “Há males que vem para o bem. Tomei um susto, pedi muito, rezei muito. Fui muito na igreja do Senhor do Bonfim pedir que ajudasse, sou devoto de Cosme e Damião também”, diz.
Passada a polêmica, agora é só comemoração. Segundo Márcio, a música caiu no gosto também dos pequenos foliões. “Tenho mais de 300 vídeos no meu celular de crianças dançando Lepo Lepo. Quando tem criança na coisa é benção de Deus”, celebra.
Da favela ao Grammy
Nada foi fácil na história da banda que começou no subúrbio de Salvador. Foram muitos nãos até conseguirem seu espaço. “O que me deixou triste é que a gente pediu muito, bateu muito nas portas de produtores de programas de televisão e poucos acreditaram na gente. A gente tem problema em fazer alguns programas grandes nacionais, acho que é falta de percepção de diretores”, acredita.
Mas o sonho de levar a música brasileira aos quatro cantos do mundo é maior que algum preconceito que possa surgir. “A gente sonha com muito mais. Em levar a música do Brasil ao mundo todo, de trazer o Grammy Latino”, conta. “Vou continuar viajando o mundo inteiro buscando tendências, quero ir para a África esse ano buscar novos ritmos”, adianta. A banda já tem convites para cantar nos Estados Unidos e Europa.
Enquanto isso, ele segue aproveitando o sucesso do Lepo Lepo. “Eu sou muito famoso antes do sucesso de Lepo Lepo, diversos fã-clubes, já sou muito popular no norte e nordeste. Mas agora com o Lepo Lepo não posso mais chegar na janela da minha casa que tem gente”, comemora. "E ver Caetano falar que prefere o Psirico a Beyoncé, não tem preço".
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