Filha de Lampião, Expedita Ferreira será um dos destaques da escola de samba Imperatriz Leopoldinense
A escola de samba Imperatriz Leopoldinense pretende causar emoção na Sapucaí durante o Carnaval de 2023, no Rio de Janeiro. A agremiação levará para a avenida a filha de Lampião e Maria Bonita, como forma de homenagear o cangaceiro que fez história no Brasil.
Expedita Ferreira (90), também apelidada carinhosamente como a "princesa do cangaço", é a única filha reconhecida oficialmente de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita.
Neste ano, a Imperatriz contará, de forma bem-humorada, um causo imaginário envolvendo Lampião, que teria sido rejeitado no céu e no inferno: "O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida".
A filha do cangaceiro será responsável por encerrar o desfile da Imperatriz e chegará em um carro alegórico que traz uma imagem de Lampião. Segundo o carnavalesco Leandro Vieira, ela vai representar a força do povo sertanejo.
"Ela vai desfilar aos pés de Lampião, seu pai, fechando com chave de ouro a apresentação da Imperatriz. Virá coroando a força e a riqueza cultural do povo sertanejo", afirmou Leonardo ao G1.
Ainda durante entrevista à publicação, o carnavalesco revelou que o enredo se inspira na literatura de cordel para contar a história divertida de Lampião, uma figura que marcou a história do povo nordestino.
Expedita Ferreira nasceu em 1932, cinco anos antes da morte de seus pais. Ela não chegou a ser criada por eles, visto que crianças eram proibidas no bando de cangaceiros. A decisão de Lampião e Maria Bonita fez a filha não guardar muitas memórias ao lado deles.
Antes do falecimento dos pais, Expedita foi criada até os oito anos por um casal de vaqueiros amigos de Lampião. Em seguida, a guarda da então princesinha do cangaço foi passada para o tio, João Ferreira. Na época, a articulação era um grande segredo, para evitar vinganças de seus rivais.
A relação com o pai foi narrada por Expedita em uma entrevista para a Folha de S. Paulo, no ano de 2000. Na época, ela confessou que tinha medo quando seu pai chegava acompanhado de vários homens armados e com roupas típicas ddo cangaço.
"A lembrança é pouca, mas tenho de pequena até hoje. Quando ele chegava em casa e me pegava, me abraçava. Eu tinha medo das roupas, daquele povo todo que vinha com ele [Lampião], das armas, eu tinha medo de tudo. Mas ele me pegava, me botava no colo", relatou.