Ivete Sangalo dá spoilers, explica inspirações de projeto 'Chega Mais' e esbanja ansiedade para volta do Carnaval
Na última quarta-feira, 18, a cantora de Axé Ivete Sangalo (50) deu uma entrevista coletiva para falar um pouco sobre seu mais novo projeto, o EP de cinco faixas ‘Chega Mais’! Durante a conversa com jornalistas, a artista deu detalhes das inspirações do projeto, explicou o amor pela festa que é o Carnaval e muito mais!
Ver essa foto no Instagram
‘Chega Mais’ é o mais novo projeto da cantora para poder celebrar o retorno da comemoração do Carnaval, que volta 2023 após dois anos sem os consagrados trios elétricos e aglomeração, por conta da pandemia da Covid-19.
Indo pelo caminho contrário de muitos artistas, que apostam em um single, ou seja, uma única música que estoure e seja o grande hit do Carnaval, Ivete investiu em um EP de cinco faixas. “Eu não lanço música com o objetivo dela ser a música do Carnaval, ela tem uma importância para mim. Então, eu lanço ela e ela toma vida própria. Mas sem dúvida nenhuma esse EP de Carnaval foi um sonho que eu tive”, explicou.
“Eu ia gravar um disco de estúdio, mas estava meio xoxa. Dormi e acordei com a vontade de fazer um EP. Eu tinha a ideia do cenário, do repertório, e queria fazer algo para os fãs, para que eles estivessem pertinho de mim”, continuou.
“Daí, a ideia do ‘Chega Mais’. Tipo coração de mãe, sempre cabe mais um. Chamei minha equipe e todos ficaram de cabelo em pé, pois foi muito perto de 20 de dezembro, onde todos estavam entrando de férias, então muitos fornecedores não podiam atuar nesse projeto. Eu falei: eu quero gravar isso ao vivo”, contou.
“Porque faz dois anos que a gente não se encontra, então eu queria coroar esse encontro, essa retomada, com um repertório exclusivamente carnavalesco. Eu estou feliz porque o resultado tem sido muito positivo”, comemorou.
Ela ainda contou um detalhe bem interessante sobre sua forma de saber se as músicas estão boas: “Quando as pessoas passaram a ouvir, eu sempre coloco na caixa de som do carro para os fãs nos aeroportos, e eles gostaram, então para mim é esse feedback que importa.”
E cada música tem seu significado especial, mas a união dessas canções fez mais sentido ainda. “Essas canções são muito parecidas com as minhas coisas. É um disco para esse momento do carnaval. Tem um samba reggae, esse pagodão eletrônico. Como era um EP para o carnaval, foram essencialmente claves e movimentos, tanto a questão rítmica, quanto a composição, foram feitos para esse movimento. Ele não se distancia do carnaval da Bahia”, esclareceu.
Uma das músicas, ‘Rua da Saudade’, foi tocada pela primeira vez durante um evento de Natal que contou com a participação da cantora, que, mesmo sem querer, sentiu a necessidade de compartilhá-la com quem estava ali na hora.
“A música tem uma vida própria, a gente sente, no momento que ela toca, o que vai acontecer com ela. Rua da saudade foi feita num momento muito difícil das nossas vidas, a gente falou exatamente disso, dessa nostalgia dos encontros. As melodias vão em um viés emotivo muito grande”, contou.
“Porque os amores de verão são aqueles que a gente compra passagem para ir, mas nunca a passagem de volta, porque a gente acha que é o amor das nossas vidas. É muito dentro dessa sensação do encontro. A gente tava muito carregado dessa saudade disso, do carnaval, dos encontros, dos beijos, das despedidas, e aí quando eu tava no trio de natal, entendendo que a gente conseguiu passar por isso, que vivemos momentos críticos, perdemos muitas pessoas na pandemia, muita coisa mudou, ficamos doentes emocionalmente”, completou Ivete.
Ainda sobre o disco, Ivete definiu a ordem das músicas com clareza. “O disco é um gráfico muito claro para mim. Como se fosse um percurso de Carnaval. Abertura, pagodão, como se tivesse subindo a ladeira, o reggae, o lambadão, e a ‘Rua da Saudade’, que trata desse sentimento de quando acaba a festa e você fica literalmente na rua da saudade”, explicou.
No meio da gravação do EP, Veveta teve a imensa vontade de simplesmente se jogar no meio da galera! “Quando eu falei que queria fazer um mosh do Axé, que é algo do movimento do Rock, a coisa que eu mais senti vontade a vida inteira era me jogar no meio do povo. Mas muitas vezes fui impedida por mim mesma”, contou.
“Mas na gravação do EP eu senti vontade e falei ‘vou fazer’. E aí óbvio a produção e a banda ficaram de cabelo em pé. No vídeo, a banda tá tocando e tipo ‘pelo amor de deus manda ela de volta’. Mas eu sabia que eu podia fazer aquilo, porque ali na plateia são todos crias da Ivete. Aí eu pulei e foi uma sensação… Me joguei me jogando. Tudo que eu pedi, fizeram, me colocaram de volta no palco”, concluiu, sobre a experiência.
O projeto não ficará apenas nessa gravação e tem previsão de rodar o Brasil todo, e até mais. “Esse projeto é um que eu quero levar, como foi feito o EP, eu quero levar para o Brasil. Com um adendo. Nesse ano eu completo 30 anos de carreira, eu quero fazer um evento disso. Estou organizando e trabalhando, e vou comunicar assim que estivermos ciente de tudo. Então até que aconteça a comemoração dos 30 anos, eu quero fazer o Chega Mais em todo o canto. Levar um pouco dele para todo cantinho do Brasil. E para fora do país também”, revelou.
E nesse Carnaval de 2023, será possivelmente a primeira festa de muitos que antes da pandemia ainda eram jovens demais para comemorar nas ruas com seus amigos. Mas Veveta tem um conselho para eles: “O carnaval é uma festa que propõe paz e alegria, uma festa que, embora fiquemos aglomerados, é uma festa do ser educado. Ela só existe por isso, as pessoas compreendem aquilo. Quem está chegando, que traga esse sentimento mais reforçado de paz, diversão, corroborar com a energia. E se jogar, beijar, gritar, ficar rouco. Viver a festa!”.
Além disso, ela fez questão de lembrar como foi a sua primeira vez na rua celebrando o Carnaval. “Mãe e painho não deixavam a gente ir para o carnaval, eu tinha o carnaval de Juazeiro, que ia, me fantasiava, tudo num clube, com meus pais e meus irmãos. Mas aí um ano painho não pôde ir porque estava sem dinheiro. Aí ele deixou eu ir para a rua com os meus irmãos”, contou.
"Ai painho errou feio… painho vacilou foi aí. Não era pra ter deixado. Na hora que eu vi o trio elétrico e vi a Banda Mel passando, acabou pra mim, pensei ‘é isso que eu quero pra mim’. Então, nos anos seguintes eu passava as férias em Juazeiro, mas passava o carnaval em salvador. Porque aí eu descobri o poder do beijo na boca, né? Aquela coisa toda. A música… Banda Mel, Daniela Mercury. Inacreditável. Aí a gente foi pirando. Me apaixonei e até hoje tô nessa”, brincou.
Com uma pegada parecida com o Pop e das músicas mais atuais, “Cria da Ivete” não tem exatamente essa inspiração, mas Ivete não descarta parcerias com as vozes atuais do gênero. “É inspirado no pagodão baiano e que, naturalmente, vai sendo absorvido pelo universo Pop. As meninas são incríveis. Seria maravilhoso [fazer um remix da música]. Luísa [Sonza], Ludmilla, Anitta. Mas a inspiração mesmo é no pagodão baiano”, explicou.
Além disso, a música acima, junto de “Se Saia”, contam com muitas gírias baianas. E como nada é por acaso, Veveta explicou o motivo. “[São músicas] olhando mesmo para o nosso umbigo. ‘Cria da Ivete’ é um empoderamento de ‘fique na sua que é melhor’, que nós mulheres fazemos tudo o que queremos e isso é nosso direito. Que sejamos livres. E ‘Se Saia’, eu queria fazer uma música que tem esse dialeto baiano, porque a cada ano usamos novas expressões que são realmente usadas por nós. O baiano fala oxente, meu rei, vish, se saia, essas coisas que todo mundo brinca quando imita um baiano”, ressaltou.
E sobre novos ritmos? Ivete nunca pensou, mas não descartou a opção. “Até então não me ocorreu uma composição dessa, mas do gente que a gente é.. a gente faz uma amanhã. Eu adoro funk, ele faz parte do nosso imaginário e da nossa história toda. Ninguém resiste a um bom funk. Mas meu segmento é mais da Bahia, das percussões, o que não impossibilita fazer essa mistura”, contou a cantora.
“Pedro Sampaio fez um remix pra mim muito interessante que eu uso nos shows. Aliás, que menino genial, que novinho safado. Ele fez uma releitura de poeira que eu absorvi no meu show. No refrão de ‘Cria da Ivete’ tem uma pausa e dentro da pausa tem um funkzinho. A gente vai inserindo as influências e vai entrando nesse universo que eu acho maravilhoso. Mas pode deixar que vou fazer”, completou.
E para comemorar a volta do Carnaval, Ivete Sangalo se uniu à Rede Globo para fazer uma transmissão inédita do Circuito que comandará em Salvador. "Estou muito feliz e agradecida com essa oportunidade. Vai ser a abertura desse Carnaval tão esperado, uma expectativa gigantesca da minha parte. É uma festa que tudo que for mostrado, ainda será pouco pra experiência do carnaval. A rede Globo me convocou pra fazer isso juntos”, começou.
“Era um desejo deles de fazer uma festa como o carnaval da bahia, algo inédito, nenhuma emissora tinha feito transmissão da saída do percurso. teremos câmeras no trio, um equipamento de altíssima tecnologia e qualidade. teremos portais com câmeras por todo o percurso e o áudio será transmitido em alta qualidade, para quem está em casa e não pode ir, poder sentir a energia dessa festa”, finalizou.