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Deborah Secco confessa: “Quero muito ser mãe”

Ela vence depressão, descobre novos valores e passa a priorizar o amor

CARAS Digital Publicado em 23/12/2014, às 14h20 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Deborah Secco - Cadu Pilotto
Deborah Secco - Cadu Pilotto

O ano chega ao fim com uma grande certeza paraDeborah Secco (35). “Eu mudei radicalmente. E não foi fácil”, conta, impregnada das emoções. Privações, a descoberta da morte e até uma depressão — durou cerca de quatro meses e precisou ser internada algumas vezes —, a levaram por um caminho tortuoso, mas de muita reflexão. Ao chegar ao fim, no entanto, a atriz se vislumbra feliz e totalmente renovada. Solteira, passou a encarar o fato sem ansiedade. “Foi ótimo ficar sozinha e ver que sou capaz disso. Que estou feliz, plena e a vida segue lindamente”, justifica. A grande condutora de tantas mudanças em Deborah foi Judite, sua personagem em Boa Sorte, uma ex-viciada e soropositiva que vive o amor pela primeira vez, em cartaz nos cinemas do País. Elogiadíssima por sua atuação, repleta de nuances entre a intensidade e a fragilidade, a atriz chegou a perder 11 quilos para o papel, atingindo 44. Depois, não só voltou ao peso normal, 55, como ganhou mais 14 para rodar o longa O Troco, com estreia prevista para o primeiro semestre de 2015.

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Em uma das melhores fases da carreira, no ar na global Boogie Oogie e já escalada para gravar a partir de março a próxima trama das 11, de Walcyr Carrasco (63), Deborah sente-se confortável e segura para finalmente buscar o verdadeiro amor e construir sua família: “Quero muito ser mãe”, avisa.

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– Por que o filme Boa Sorte mudou a sua vida?
– Descobri com a Judite que vou morrer. Sempre soube, mas nunca soube mesmo. Por isso, preciso respeitar minha essência, não ser menos feliz do que quero, posso e devo ser. A gente só tem o agora.

– E o que isso concretamente transformou você?
– Ah, foi radical. Quando terminei o filme, mudei tudo.  Não ia ao mar todos os dias, passei a ir, me faz bem. Resolvi questões pendentes e emocionais. Tirei pessoas da minha vida, pus outras. Foram decisões duras, difíceis. Também elegi prioridades, como a de achar alguém, um companheiro. Mas quero de verdade. Talvez na próxima relação deva focar mais na pessoa que no meu trabalho.

– Acha que cometeu um erro?
 – Tentaria fazer diferente agora. Cheguei à conclusão de que a pessoa precisa de equilíbrio e por vários motivos não pude ter isso. Tinha uma família que dependia de mim, botava isso em primeiro lugar. Não sei se foi a escolha errada, mas foi minha escolha. Hoje, minha mãe e meus irmãos já andam sozinhos, tenho uma carreira que me realiza e estrutura financeira, o que me dá paz e serenidade. Então, posso buscar outras coisas e começo a sentir falta de ter a minha própria família. 

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– Como encontrar esse amor?
– Tenho certeza, vou achar. Às vezes, olho para a lua e penso: será que essa pessoa está pensando em mim tanto quanto eu penso nela? Desde criança faço isso.

– Mas você não é muito fechada, reclusa, sai pouco?
– Sou, talvez necessite me abrir mais. Não adianta sair para uma balada, por exemplo, ali não vou achar quem me complete. E a falta da ansiedade está me fazendo muito bem. Após muitos anos de análise, essa questão está cada vez mais bem resolvida. Nunca tive uma figura masculina na minha vida, e sempre a busquei intensamente. Meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos. A carência de ter um homem para cuidar de mim, essa coisa fantasiosa da menina, me fez errar mais. Tinha um Deus na mente e era quase impossível substituí-lo por um ser real.

– E o que você espera de um companheiro?
– Alguém disposto a viver em parceria. Certas hora vou precisar ser cuidada. Em outras, vou cuidar. Não sou feminista, do tipo que vê os dois sexos iguais, porque não são. Mulher é mais sensível, fragiliza emocionalmente bem mais. Então, o homem precisa pôr no colo mesmo, da mesma forma que a mulher precisa incentivá-lo.

– E o desejo de engravidar?
– Não faço questão se não for de verdade. Não quero filho sem família ou amor. Já pensei em adotar, mas hoje me questiono se faria isso sem ter um homem do lado para não gerar essa carência que eu tive. Mas sou mutante, pode ser que em um ano pense diferente.

– Lidar com a morte trouxe algum tipo de medo dela?
– Não, mas me fez questionar bastante. Teve uma fase em que fiquei bem depressiva, achando que não valia a pena tanto sofrimento para, no fundo, nada. Em meu laboratório, me lembro de uma menina de 12 anos soropositiva. Disse que ela iria para o céu, um lugar especial. Ela respondeu: ‘De verdade, de verdade, não sei, ninguém sabe. De verdade, se tiver outra vida, não sei se vai ser legal como essa. De verdade, o que sei é que gosto de bolo de chocolate com brigadeiro. Você traz para mim?’  Levava toda semana porque, de verdade, de verdade, a gente não sabe por que está aqui. E isso me deixou deprimida. Foram quatro meses, com algumas internações nesse período.

– A que atribui a depressão?
– Principalmente, à perda da Judite. Foi como se eu tivesse perdido metade de mim, minha melhor parte. Minha vida voltou a ser chata sem ela. Você vive aquele mundo e, de repente, volta para sua casa que não é tão interessante assim. Sua vida não é um filme, não tem trilha sonora nem planos incríveis e mirabolantes. Então, é muito difícil desapegar de tipos tão arrebatadores. Essa despedida é cruel. Mas o tempo é senhor de muitas coisas. Uma delas é fazer o que é muito grande ficar menor. Mostra que as dores são curáveis.

– Como saiu da depressão?
– Porque estou viva, estou aqui. Acho que não tenho que questionar e ser feliz com o que me é dado agora, neste instante. Sou pessoa de fé, acredito que de fato tem algo a mais. Estou aqui para evoluir. Creio que amanhã posso ser melhor do que sou hoje. Aprendi a enxergar meus defeitos, a trabalhá-los da melhor maneira possível, a cultivar o desapego à matéria, ao que realmente não tem valor. E me apegar ao que vale, ao amor.

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– Qual lição ficou?
– Aprendi que certas frases que pareciam clichês são muito reais, como entender que a vida é algo maior. Precisamos estimular o amor de uma forma geral. Por isso, tento executar pequenos gestos diariamente. Dar um sorriso, um abraço apertado, estender a mão, olhar no olho, coisas que as pessoas sentem falta e mostram o interesse pelo outro.